- O-Oi Doutora Camila, bom dia eu-eu me chamo Lauren, Lauren Jauregui.
Respondi fazendo minha voz sair mesmo sentindo minha garganta apertar a cada tentativa.
- Estou feliz por termos esse primeiro contato Lauren, preciso lembrar que essa nossa primeira conversa é experimental, completamente gratuita.
- Certo, certo.
- Em que posso ajudá-la? Digo, quais foram suas motivações para me contatar?
Porque minha amiga não para de encher meu saco, é um motivo plausível? É, acho que não. Então eu pensei mesmo já tendo feito isso durante grande parte da semana e mais meia hora antes enquanto encarava os dados dela na página do Google.
- Alô, Lauren? Ainda está em linha?
A voz me chamou e eu neguei com a cabeça dando um tapa em minha própria testa.
- Estou, me desculpe. Entrei em contato porque.. Porque eu não.. Não.. Jesus!
Murmurei passando a mão na minha testa soada e escutei como um riso do outro lado da linha.
- Lauren, apenas fale comigo como se estivesse falando com alguma amiga. Esse é o primeiro passo, eu não poderei ajudar se você não me informar qual o motivo da ligação.
Camila falou mas não soou evasiva, a voz dela era calma e isso fez com que eu colocasse minha cabeça no lugar.
- Eu não consigo.. Eu não consigo me aproximar de outras pessoas.
Consegui falar por fim e ouvi um murmúrio do outro lado.
- Afetivamente falando.
A voz soou do outro lado da linha e eu murmurei em concordância.
- Você tem alguma dúvida em relação a sua orientação sexual ou passou algum trauma?
Ela perguntou e eu parei para pensar.
- Não tenho problema com minha orientação e trauma, eu.. Uma vez na escola antes do ensino médio, uma garota me pediu um beijo, eu estava completamente envergonhada porque aquela era minha primeira semana no colégio e eu fiquei parada sem respondê-la. A garota virou de costas e saiu espalhando pela escola inteira que eu havia babado toda sua boca enquanto tentava beijá-la.
- Trauma.
Ela falou baixo e eu franzi o cenho. Até hoje eu nunca havia parado para pensar o motivo de eu não conseguir me sentir a vontade com outras pessoas. Talvez aquele tenha sido o estopim de tudo.
- Eu posso.. É, eu posso melhorar, posso me curar disso?
Perguntei sem saber ao certo se queria ter aquela resposta.
- Não é um caminho fácil, mas nós podemos trabalhar com isso. Alguns acontecimentos podem não parecer importante quando somos mais novos, mas a medida em que crescemos e não tratamos, essas pequenas coisas se transformam em grandes e em algum momento precisamos de ajuda para seguir em frente.
Ela falou e eu concordei.
- Essa nossa primeira interação é por trinta minutos e esse tempo acabou. Já sabemos o que pode ter causado sua negativa acerca de outras pessoas e obviamente precisamos conversar mais sobre você. Com isso, você gostaria de marcar uma sessão?
Sex Call - Parte I
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