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V.I.P

— Tay... Se acalma! - Ela sentou em minha direção com o sorriso largo.

— Ela é linda não é? Mais o quão linda fica pessoalmente do que nas fotos ou no pôster do meu quarto? A Camila falou com você? Vocês conversaram? Você viu aquele namorado dela? É de verdade? Eu acho que não é de verdade.. ela fica estranha às vezes. Você já falou com ela? Me fala...

— Tá, muitas perguntas. - Eu cocei minha nuca e ela começou a tossir.

Madison pegou um pouco de água e eu abracei seu corpo passando a mão em suas costas.

— Vai passar... Shhh... vai passar Tay. - Eu falava pra ela baixinho e tentava acreditar nisso também.

Após algum tempo a tosse passou e ela bebeu um pouco de água. Ela me acarou e eu a levei para o quarto, ajudei a tomar banho e coloquei uma roupa de dormir quentinha.

— Você falou com ela? - Ela me perguntou com um tom de voz cansado e meu peito apertou.

— Falei Tay, conversamos um pouco e eu falei de você também.

— Ela sabe que eu existo? - Ela perguntou animada e eu assenti.

— Você pode entregar uma coisa pra ela?

— Taylor Jauregui...

— É só uma coisa, eu juro. - Ela falou e fez aqueles olhos pidões. — Tá lá em casa, na gaveta, dentro da caixinha rosa.

— Tudo bem, eu passo lá e trago a sua caixinha, também.

Ela concordou e continuou me olhando.

— O que foi?

— Vai, ué. Tô esperando você ir. - Respondeu fazendo graça e eu saí quarto.

— Já volto Madison. - Avisei e saí de lá para pegar a tal caixinha rosa.

Quando entrei em seu quarto, olhei novamente o pôster e sorri. Camila realmente era linda, muito mais linda pessoalmente. Eu me adiantei e mexi na gaveta pegando a caixa e tranquei tudo antes de sair de lá e voltar para a casa de Madison.

— Aqui. - Falei entregando a caixinha e ela puxou o cordão para fora da blusa e abriu com a pequena chave que ficava pendurada no pescoço.

— O que você guarda aí dentro? - Eu perguntei tentando olhar por cima da tampa e ela puxou para longe.

— São meus tesouros. E essa aqui, você entrega pra ela.

Ela me deu um envelope lacrado com um adesivo de coração e haviam alguns brilhos nela em torno do "De Taylor para C.C"

— Não pode abrir. - Ela me alertou e eu concordei.

Seus olhos estavam quase fechando então eu dei um beijo em sua testa, coloquei a caixa já trancada embaixo da cama e sai dali deixando somente um pouco da porta aberta.

— Ela dormiu. - Falei e Madison guardou o lanche dela na geladeira e pegou dois, colocando para nós duas.

— Ela ficou animada. - Madison falou e mordeu um pedaço do sanduíche.

— E agora eu tenho que entregar isso para Camila. - Respondi e coloquei a carta dentro da bolsa.

— Boa sorte com isso. - Ela disse divertida. — Ah, olha essa colagem que ela fez. - Ela levantou deixando o sanduíche de lado e foi até a mesa de centro pegando uma moldura com corações ao lado e eu ri da foto que estava lá.

— É sério? Você e Justin Bieber? - Eu falei entre risadas e ela puxou da minha mão segurando a moldura próxima ao peito.

— Para tá? Você sabe que eu tenho uma paixão por esse cara. - Ela falou e eu ri, puxando a moldura novamente.

Na fotografia havia um casal na frente de uma praia e um pôr-do-sol ao fundo, havia uma foto de Justin colada no rosto do rapaz, e no rosto da moça, havia uma foto de Madison.

— A Tay fez isso com você Monkey? -  Perguntei usando o apelido que tinha dado esticando a moldura e ela encarou de forma abobalhada.

— Fooi.. - Ela respondeu suspirando e beijou a foto antes de colocá-la no lugar.

Nós conversamos durante algum tempo e algumas horas depois Taylor acordou mais disposta. Me fez várias perguntas e eu respondia as que eu podia.

— E ela tem vários tipos de sorrisos. Mas teve uma vez, que ela estava no programa de entrevistas e o Shawn apareceu no telão do programa. Ela fez o sorriso número 5. Aquele sorriso forçado, como se fosse de desagrado.

— Mas Tay. Eu não entendo como uma pessoa pode ter vários sorrisos assim. - Falei e a vi ficar emburrada.

— Você precisa conhecê-la para saber, é só ficar atenta e você consegue descobrir todos os  9.

— Mas você não disse que eram 10? - Perguntei coçando a cabeça. Eu sentia como se ela fosse explodir de tanta informação.

— Eu fiz a contagem de baixo para cima. O sorriso de número 1 eu nunca vi.

— Tá, eu preciso ir agora TayTay. Me levantei vendo um bico crescer em seus lábios. — Se eu não for, como você acha que ela vai receber essa carta? - Eu perguntei e ela sorriu largo.

— Tudo bem. Eu amo você e não demora pra voltar. - Ela me abraçou apertado e me deu um beijo molhado na bochecha.

— Se cuida, seja obediente e qualquer coisa, peça para a Madison me ligar. - Dei um último abraço nela e beijei demoradamente sua testa. — Eu amo você baixinha.

Me despedi de Madison e segui para a mansão Cabello. A noite já havia caído e uma chuva fina molhava o gramado. Entrei e aproveitei que estava sozinha para tomar banho e me trocar. Não estava com fome então aproveitei para dormir cedo.

Durante a madrugada o alarme soou, eu e Keana pulamos da cama pegando nossas armas. Seguimos em direção a frente da casa e algumas pessoas estavam vindo, entre elas, Camila, com uma roupa de dormir presa por um robe amarrado de qualquer jeito.

Austin segurava o rapaz com os braços para trás, o prendendo no chão. Ele levantou o rosto e olhou para Selena antes de abaixar a cabeça novamente. Selena não demonstrou reconhecer o rapaz, eu deixei pra lá mesmo desconfiada e fui em direção a Normani que já estava com os policiais na linha. Ela passou o endereço e aguardamos.

— Sobe Camila, deve ser só um paparazzo. - Ela falou e olhou de forma afetuosa antes da morena se virar, me encarar uma última vez e entrar para dentro de casa.

O restante da noite se passou de forma lenta. Todos estavam atentos, e qualquer barulho já estávamos com arma em punho. Camila dormia em seu quarto enquanto Keana fazia segurança do corredor e o restante de nós ficamos espalhados pela casa.

— Mas por que tentaram sequestrá-la? - Keana perguntou baixo enquanto tomávamos café da manhã.

— Pela grana, é claro. - Austin falou chamando nossa atenção. — Ela não só é cantora, os pais antes de morrer deixaram um belo dinheiro pra ela.

Eu fiquei quieta enquanto ele falava sobre a história do acidente. Isso não saia na mídia, não tinha como todas as pessoas saberem, e caso saísse, eu saberia, Taylor já teria me contado esse detalhe.

— Então, simplesmente o helicóptero caiu? - Keana perguntou e ele concordou.

— Não encontraram nada, estavam apenas os destroços e nada mais. Após algum tempo foi dado o motivo perda de controle da aeronave. - Ele falou fazendo aspas com os dedos. — Mas por mais que Camila tenha se empenhado somente uma pessoa foi presa, mas não fizeram mais nada além disso.

— Ela tinha quantos anos quando aconteceu? - Me ouvi perguntando por curiosidade.

— Estava para completar 17 anos. - Ele falou e logo mudamos de assunto com a chegada de outros funcionários da casa.

No dia seguinte, eu me sentia inquieta, aproveitei o tempo a noite para ir novamente para a área da piscina tentar, por sorte vê-la ali. As horas se passavam e nada dela aparecer, me dei por vencida e fui tentar dormir.

No dia seguinte Camila teria uma sessão de fotos e entrevista em uma rádio. Fizemos todo o trajeto de forma tranquila, apenas na rádio havia um grupo de fãs, ela os atendeu pacientemente, tirou fotos, autografou inclusive a coxa de uma menina e ficou abismada com a tatuagem de outra com um trecho de uma de suas músicas no braço.

Eu assistia tudo mesmo atenta a outras coisas que passavam em nossa volta. Gostei de sua atitude com os adolescentes ali, alguns deles chegavam a pernoitar apenas para vê-la mais perto, e esse carinho estava sendo recompensado da forma que ela podia fazê-lo. Enquanto outros artistas, com o qual eu trabalhei, chegavam a mudar de rota, ou passava tão rápido diante dos fãs, que eles mal podiam entregar algum presente.

Durante a entrevista da rádio, Camila contou sobre o a música que estava para lançar, falou sobre a tour que começaria em alguns meses e sobre sua vida pessoal. Eu estava atenta a ela, e realmente a coisa dos sorrisos que Taylor falou, era verdade. O sorriso que eu gostava, de acordo com a Tay era o de número 7. Sorriso com a língua entre os dentes, o nariz ficava um pouco enrugado, e quando estava com pouca maquiagem, era possível ver as sardas que haviam espalhadas em seu rosto. Quando chegamos em casa, antes de entrar, aproveitei que Keana estava falando ao ponto e me aproximei de Camila.

— Eu preciso te entregar uma coisa. - Falei e ela manteve os olhos castanhos em mim.

— O que?

— É uma carta da minha irmã, eu contei sobre você e ela ficou eufórica. - Falei e ela sorriu, o sorriso número 2. O que ela dava largamente fechando os olhos. — Pode me encontrar hoje a noite?

Ela concordou no mesmo instante que Keana voltou a prestar atenção nós e se despediu. E pelo restante da tarde eu fiquei ansiosa, esperando que chegasse o horário de encontra-la.

Tomei um banho demorado, aproveitando para lavar meus cabelos e coloquei uma blusa com alça fina e um short mais folgado, peguei a carta colocando no bolso e fui em direção a piscina.

Ela já estava nadando quando cheguei. Então apenas deixei a carta em cima da mesa, e me sentei vendo seu corpo dar três voltas pela piscina antes de sair.

— Oi, por que não me chamou? Está esperando a muito tempo? - Ela perguntou puxando a toalha e eu neguei.

— Cheguei agora a pouco, e não iria te atrapalhar, você parecia relaxada demais. - Respondi e ela sorriu se sentando.

— Posso pegar? - Ela falou apontando para a carta e eu dei de ombros.

— Tecnicamente já é sua. - Sorri e ela secou as mãos pegando o envelope.

— Eu amo brilhos. - Ela falou sorrindo curiosa virando a carta e devido a claridade que batia vindo da luminária que ficava próxima a saída, a carta ficava acessa, com vários brilhinhos rosas.

Ela abriu com cuidado tentando não rasgar o adesivo e puxou a carta, um pouco grossa. Ela me olhou e começou a ler em silêncio. Os olhos marejavam e ela sorria vez ou outra. Ela virou a folha e me olhou, de um jeito que não pude decifrar.

— Você não abriu a carta, não é? - Ela perguntou e eu senti um frio na barriga.

— Ela pediu para que eu não abrisse, mas olha Camila... Taylor é muito intensa, mesmo com 11 anos e, não leve a sério tudo o que diz aí. Eu não sei o que ela te mandou, mas se for alguma coisa que você não gostou...

— Não.. Não é isso. Ela só tem 11 anos? - Perguntou e eu concordei.

— O aniversário dela é em duas semanas.

Camila concordou e voltou os olhos para a carta e me encarou novamente. Colocou o papel dentro do envelope e continuou lendo o último.

Como a luz estava a seu favor e contra mim, não era possível ver o que estava escrito, eu só precisava rezar pra que não fosse nada grave ou que me fizesse perder o emprego. Ela suspirou e ficou séria alguns segundos antes de levar a mão aos olhos.

— Ai Camila, me desculpa, me devolve aqui essa carta... Eu não deveria ter entregado sem ler.

Ela dobrou o papel e colocou no envelope junto com o restante e respirou fundo.

— Ela não falou nada demais. Eu só estou impressionada em como uma garota tão nova consegue me entender tão bem e enxergar tantas qualidades que nem eu mesma acho que tenho.

— Ela te acompanha a muito tempo Camila, e se ela escreveu as coisas, foi coração.

— Vem, me acompanha. - Ela pediu se enrolando no roupão e eu olhei sem entender.

— Vem Lauren. - Ela chamou de novo e eu a segui em direção a porta.

Nós passamos pela grande sala e subimos a escada pegando o corredor até o quarto. Ela abriu a porta e entrou, em seguida colocou a cabeça pra fora.

— Lauren, pode entrar...

Eu obedeci e entrei no quarto que poderia ser do tamanho de toda minha casa.

Havia uma cama próximo a janela, com alguns babados e na parede ao lado algumas fotos, eu estava longe mas conseguia ver quatro pessoas em todas elas. Ela entrou no closset e voltou de lá com um conjunto de moletom rosa. Nas costas havia seu sobrenome escrito em um tom mais escuro e próximo a coxa da calça havia as iniciais C.C.

— Você acha que esse cabe nela? - Perguntou enquanto estendia mais o conjunto na cama.

— Nem pensar, Camila. Você não precisa fazer isso.

— Sim ou não Lauren? - Ela me olhou de uma forma que me arrepiou.

— Sim. - Eu respondi e ela sorriu  convencida.

Andou até a cômoda e puxou alguns papéis que estavam rabiscados, acredito eu que com partes de música e retirou de lá um papel em branco. Ela ficou algum tempo escrevendo e depois improvisou um envelope com outro papel e colocou a carta dentro.

Ela retirou uma sacola do guarda roupa com algumas blusas e colocou o moletom e a carta dentro.

— Não está colada, mas mesmo assim não vale bisbilhotar.

— É sério isso? - Eu perguntei com a sobrancelha arqueada e ela sorriu novamente me fazendo rir em seguida negando com a cabeça.

— De segurança particular para pombo correio...

— Você reclama demais Lolo. - Ela brincou mas eu gelei escutando meu apelido sair de sua boca, me virei e ela me olhava com um sorriso travesso.

Na próxima folga fui para casa e levei a sacola junto. Taylor pulou pela casa toda em êxtase, não tanto pelo conjunto de moletom, mas pela carta e eu não fazia a menor ideia do que estava escrito. Depois de ler, ela a guardou e escreveu outra me entregando. Eu revirei os olhos e ela me fez fazer o mesmo juramento de sinal da cruz no peito e depois beijar meu dedo, como sinal de que eu não iria ler nada.

Passamos a tarde juntas e a aparência dela estava melhor, o que me deixou mais aliviada quando precisei voltar para a mansão.

Duas semanas haviam se passado, me arrumei e peguei o presente que havia comprado para ela no dia anterior.

— Que demora. - Camila falou me assustando e eu a olhei sem entender.

— Desculpe?

— Você está atrasada. - Ela falou séria. — Vamos Lauren, eu não gosto de me atrasar. - Ela falou e eu olhei com incredulidade.

— Você vai comigo?

— Mas é claro, eu fui convidada. - Ela falou e me olhou impaciente.

— Lauren, vamos.

— Não Camila, e os seguranças?

— Achei que você fosse minha segurança Lauren. - Ela falou brincando e piscou andando em direção ao carro.

Eu ri meio desesperada. Como levaria ela comigo? Eu posso ser demitida...

— Camila, eu agradeço sua intenção...

— De nada, agora entra no carro. - Ela falou rápida e se acomodou no banco do carona.

Bati minha mão na testa e segui para o carro, coloquei a caixa grande no banco do passageiro com cuidado e voltei para dentro.

— Relaxa Lauren, está tudo sob controle. - Ela falou de forma calma e eu tentei me apegar nessa frase pra não surtar ainda mais.

Alguns minutos depois chegamos na entrada do prédio, Camila estava com shorts jeans, uma blusa com personagem de desenho e o cabelo preso no alto. Ela segurou uma sacola com um embrulho de presente e pulou do carro. Eu saí e peguei a caixa travando o alarme em seguida.

— Vem, vamos. - Eu chamei e ela andou ao meu lado.

Eu estava tensa, não só por tê-la perto, mas porque as coisas poderiam sair do controle e a culpa seria minha.

Nós chegamos na área aberta e subimos a escada. Uma música baixa tocava e Camila sorriu de forma larga. E eu percebi ser alguma música dela, mas a voz estava diferente.

— Essa foi uma das primeiras músicas que eu cantei, fazia tempo que não escutava. - Ela falou e eu sorri vendo seu rosto brilhar.

— Espera um minuto... - Falei abrindo e encostando a porta.

— Cadê a minha aniversariante? - Eu chamei e vi seu rosto tristonho abrir um sorriso.

— Lo, você demorou! - Ela falou se jogando em meus braços e senti seu corpo tremer de leve.

— O que foi Tay? - Eu perguntei sentindo seu aperto mais forte.

— Ninguém apareceu ainda. - Madison sussurrou e eu me abaixei, vendo os olhos vermelhos.

— Não liga pra isso, Tay. É bom que sobra mais bolo e salgadinhos. - Eu brinquei e ela sorriu sem mostrar os dentes.

— Tem muita coisa Lo. - Ela falou ainda tristonha.

— Mas eu trouxe uma pessoa que vai adorar comer tudo isso. - Eu falei e ela arregalou os olhos.

— Quem? - Ela perguntou olhando por cima do meu ombro. — Quem veio com você Lo?

Eu me levantei e abri a porta vendo Camila entrar e esticar os braços para minha irmã.

— Você veio! - Ela gritou e correu até Camila pulando em seu colo enquanto a outra a agarrava. Taylor ficou pendurada como um coala, presa firmemente no pescoço da morena enquanto suas pernas se entrelaçavam em volta da cintura.

Eu mentiria se falasse que não me emocionei com a cena, eu sempre tive minhas festas de aniversário cheia de amigos da escola, e não tenho a mínima ideia do quão mal ela deveria estar se sentindo sem os amiguinhos no dia mais importante do ano. Mas tudo parecia ter sido esquecido assim que Camila passou pela porta. Elas permaneceram mais algum tempo naquela posição e Taylor voltou a ficar em pé. Encarando Camila como se fosse uma deusa. O que não era mentira.

— Você é tão linda! - Ela falou e Camila passou o dedo contornando seu nariz.

— Você já se olhou no espelho? Parece uma princesa da Disney. - Respondeu e Taylor corou violentamente.

— Ah, eu trouxe uma coisa pra você. - Ela pegou a sacola que estava esquecida no chão e a entregou.

Taylor foi até o sofá e se sentou para abrir, enquanto isso Camila sorriu pra mim e depois seus olhos foram de encontro de Madison.

— Olá. - Ela falou sorrindo e Madison passou alguns segundos encarando antes de se aproximar.

— Oi, olá. - Ela respondeu abraçando Camila.

Taylor de um gritinho e Camila sorriu.

— O que você deu a ela? - Eu perguntei e seus castanhos me olharam de forma suave.

— Meu CD box e um DVD da última tour que ainda será lançado. - Ela falou de forma simples e Taylor correu novamente em nossa direção.

— Você pode autografar pra mim?

— É claro Tay. Me dá uma caneta. - Ela pediu e Taylor a puxou para o quarto.

— Ela é.. Uau. - Madison falou e eu concordei com um sorriso bobo nos lábios.

Alguns minutos se passaram e eu estranhei a demora, segui para o quarto e as duas estavam sentadas na cama. Taylor estava com a caixinha rosa aberta e Camila mexia em alguma coisa ali dentro, mas como o corpo estava na frente eu não conseguia ver.

— Você me ensinou a seguir o meu coração, você deveria fazer isso também. - Minha irmã falava séria e Camila concordava balançando a cabeça.

Mas que diabos, Taylor estava dando conselhos?

— É feio ouvir atrás da porta Lo. - Taylor falou e eu me senti corar vendo os pares de olhos em mim.

— Me desculpa, eu vim chamar pra cortar o bolo. - Sorri amarelo e ouvi o barulho da caixa ser fechada.

Cantamos parabéns e Madison gravou vídeos, e tirou fotos de todos os momentos. Apesar de estarmos apenas nós 4, Taylor estava feliz e isso era o importante pra mim.

Comemos bolo, salgadinho e tomamos refrigerante tudo em meio a vários sorrisos. Camila vez ou outra sorria em direção a Madison, mas havia algo ali. O sorriso não chegava até os olhos como acontecia quando ela sorria para Taylor.

O telefone de Madison tocou e ela se afastou para atendê-lo.

— Lauren eu preciso ir no trabalho, tudo bem esperar um pouco? Eu não vou demorar.

— Claro, vai lá. Qualquer coisa me liga que eu dou um jeito.

Ela concordou, e saiu. Taylor estava entretida na casa dos sonhos que eu havia comprado e terminava de colocar alguns bonecos de colagem feitos com papelão no fundo nela.

— É sua namorada? - Camila perguntou e eu neguei.

— Ex. Mas ela me ajuda com a Taylor enquanto eu fico no trabalho.

— Ah, entendi.

— Camila, Lo, vocês poderiam me ajudar aqui? - Taylor pediu e nós fomos até ela.

Camila se sentou no chão olhando cada bonequinho e eu estiquei a mão para abrir o pacote de purpurina acompanhava a caixa e a entreguei.

— Agora você faz um pedido e despeja o brilho pela casa. - Camila falou e Taylor concordou fechando os olhos com força  despejando todo o brilho pelo telhado.

Ela sorriu largo mas começou a tossir, assustando Camila. Eu me apressei e a levei até o sofá.

— Camila, pega um pouco de água por favor.

Camila pegou um copo de plástico e o encheu de água e me entregou enquanto eu passava a mão nas costas de Taylor.

— Shh.. calma Tay. - Eu passei a mão em sua testa e joguei a franja para trás, sentindo os dedos molhados de suor.

— Você quer que eu chame a emergência? - Camila perguntou se sentando do lado oposto e eu neguei.

Taylor parou com a tosse e jogou o corpo para o lado de Camila, que a segurou firme, beijando sua cabeça.

— Lauren, ela está suando frio...

— Nós conversamos depois. - Eu falei e ela concordou.

Dei um pouco de água para Taylor, que logo depois pediu para ir pra cama. Eu a levei e Camila não saiu do meu lado, passou a mão pelos ombros dela e cantou uma música fazendo minha irmã encará-la sorrindo mesmo de forma cansada, para depois dormir.

Saímos do quarto e eu respirei  fundo.

— Não dá pra chamar a ambulância porque nós não temos o dinheiro para o procedimento que ela tem que fazer. A Taylor tem aterosclerose.

— Aterosclerose?

— Basicamente os vasos que levam oxigênio ao músculo cardíaco dela estão obstruídos. Então ela tem essas tosses, as dores no peito, a falta de ar... Eu consigo comprar os medicamentos como antianginoso, betabloqueador, anti-hipertensivo e o anticoagulante. Preciso comprar mais alguns mas o mais importante no caso dela é a cirurgia. Eu estou juntando para ela fazer, mas fora isso, nós só temos que esperar e ficar de olho porque às vezes ela extrapola. Ela é uma criança e quer se divertir, só que a situação dela a limita de fazer até mesmo corrida então, ela acaba se sentindo excluída.

— Caramba Lauren. - Camila exasperou e seu telefone tocou. — Merda.

— O que foi?

— Eu.. eu preciso..

- Oi Mani. Sim, estou bem, se acalma!
Não, eu não estou em algum avião fugindo ou sequestrada. Estou bem, Estou com a Lauren. Mani, Normani... Nós conversamos quando eu chegar. Tá, tchau.

Ela suspirou e me encarou.

— Ela encontrou meu bilhete no quarto, eu deixei escrito que iria sair e não avisei para onde. Ela estava pronta pra ligar para a polícia.

— Puta merda.

Algum tempo depois Madison retornou e eu  levei Camila para se despedir de Taylor. Ela estava dormindo, mas eu conhecia bem aquela garotinha para saber o quão magoada ela ficaria se fossemos embora sem dar tchau.

— Promete de coração? - Ela perguntou após Camila falar que voltaria para vê-la.

— Como é isso? - Ela perguntou e Taylor mostrou o sinal.

— Certo, eu prometo de coração. - Camila fez o sinal sob o olhar atento de Taylor e depois foi minha vez de me despedir.

Conversei com Madison rapidamente sobre a crise de Taylor e pedi para ela me avisar se algo acontecesse.

Estávamos no carro e eu iria ligá-lo quando Camila se aproximou, passando a mão em alguns fios do meu cabelo, me deixando gelada.

— Tem.. glitter aqui. - Ela falou tão próxima que pude sentir o hálito quente contra minha bochecha.

Ela puxava alguns fios, mas o toque era leve, como se ela estivesse me fazendo uma carícia. Eu encarei seu rosto, e ela tinha o olhar intenso em mim.

Ela se aproximou mais, ficando a centímetros da minha boca e selou nossos lábios. Ela se afastou pouca coisa e eu a puxei de volta, tocando nossos lábios antes de pedir passagem com a língua em sua boca. Suas mãos vieram para minha nuca e ela me puxou, aumentando mais nosso contato no beijo. Nós nos afastamos quando o ar se fez necessário, Camila mordeu o próprio lábio e eu selei antes de ligar o carro e partimos para a mansão.

Quando chegamos Kordei mandou que aguardássemos no escritório. Camila estava relaxada e eu, com o cu na mão.

— Vocês querem me fazer infartar, é isso?! - Ela falou assim que colocou  pés dentro da sala. Kordei parou próxima a mesa e nós encarou. Eu engoli em seco.

— Eu deixei uma carta. - Camila falou tranquilamente.

— Eu não vou debater isso. - Ela falou com certa irritação.

— Você é minha amiga acima de tudo, não esqueça que às vezes eu quero viver. Fazer coisas que pessoas normais fazem sem ter um bando de fotógrafos malucos atrás de mim, como ir a um aniversário de criança. - Ela respondeu e Kordei arqueou a sobrancelha me olhando. — Eu estava em segurança, Lauren estava lá caso fosse necessário.

Ela suspirou e assentiu.

— A Lauren não tem culpa de nada, eu me joguei no carro e ela só me obedeceu. - Ela falou e se levantou indo em direção a porta.

— Espera Camila. - Kordei se aproximou e olhou para o rosto de Camila puxando algo de seu cabelo. — Por que seu cabelo está cheio de glitter colorido?

Camila me encarou e sorriu. Um sorriso divertido que fez meu coração amolecer.

— É uma longa história. - Ela falou e se virou saindo do cômodo em que estávamos.

— E agora, nós duas. - Kordei voltou a posição e eu permaneci ereta, como se nada me atingisse, mas por dentro cheia de medo. — Na próxima vez, só... Me mande uma mensagem dizendo que está com ela.

Eu concordei mais não iria me desculpar por que caso o fizesse, também estaria me desculpando não só pelo dia incrível que Camila proporcionou para Taylor, como também pelo beijo que demos no carro.

— Amanhã Camila irá viajar, eu conversei com os outros. Keana e Austin serão responsáveis pela segurança da manhã e você e Selena da noite.

— Okay. - Me levantei para sair.

— E Lauren... - Ela falou e eu me virei vendo seu rosto mais tranquilo. — Ela parece ter se divertido hoje, obrigada por isso.

Eu sorri e sai do cômodo e indo até a casa que eu dividia com Keana para arrumar minha mala.

— Garota, foi fez a gente suar aqui. - Keana falou assim que saiu do banheiro.

— Mas já estou aqui, Camila está lá em cima provavelmente dormindo. - Respondi de forma leve vendo sua sobrancelha arquear.

— Camila, huh?

— Camila Cabello, senhorita Camila.. Ah Keana, não enche. - Joguei uma blusa nela e ela riu.

— Vai se foder Lauren. - Ela jogou de volta acertando meu rosto e eu guardei, antes que começássemos uma guerra de roupa.

A vistoria já havia sido feita assim que chegamos no hotel. Além de Camila também estavam hospedados ali Shawn Mendes, Dinah Jane e Justin Bieber.

Com a quantidade de seguranças que estavam ali estava tudo sob controle.
Alguns fãs conseguiram entrar no hotel, nada que pudesse causar problemas, era um grupo pequeno de pessoas mas logo foram dispersada. A entrevista aconteceria no dia seguinte e teria a participação dos quatro por conta de um single que seria lançado.

A área da piscina foi ocupada por eles e quando ouve a troca de turno e me aproximei da área reservada, pude ver Camila e Shawn se beijando.

Senti uma coisa ruim em mim, por mais que as cabeças não se movessem, e os lábios estivessem somente encostados eu não me sentia a vontade para ver a cena, então, me virei para o outro lado. Pelo movimento feito, eu vi que havia um fotógrafo em cima do muro, quase fazendo um malabarismo para se manter ali.

— EI, VOCÊ! - Eu gritei chamando sua atenção e ele se desequilibrou, caindo para o outro lado.

Quando virei para a área da piscina novamente pude ver Camila limpando os lábios enquanto Shawn mexia no celular.

— AH, EU NÃO ACREDITO! LAUREN!? - Aquela voz alta soou e pelo timbre só poderia se tratar de uma pessoa..

Dinah pouco se importou com meu uniforme ou meu horário de serviço. Ela veio em minha direção e me abraçou apertado chamando atenção dos três que estavam ali.

— Que saudade!

— Saudade também, DJ. Como está todo mundo? - Perguntei enquanto ela se afastava.

— Todos bem. Colocando o terror em casa e nos seguranças, provavelmente.

Nós rimos e percebi que Camila não parava de me encarar.

— Não acredite em tudo o que vê. - Ela me deu um tapa na testa e eu ri, passando a mão.

— Eu preciso voltar pro meu posto. - Falei dando um beijo nela uma última vez. — Você pode conseguir um um autógrafo do Justin com o nome de Madison? - Perguntei e ela assentiu. Me afastei voltando para a área longe da piscina e antes que eles pudessem sair de lá para voltar aos quartos,Dinah me entregou um autógrafo destinado à Madison com um coração desenhado no final, e eu rapidamente tirei uma foto enviando para ela, recebendo um áudio dela chorando de alegria.

Durante a noite fazendo a varredura no corredor de Camila perdi o sinal com Selena, então decidi descer para avisar sobre o problema no ponto. Peguei a escada para ser mais rápido e me deparei com Shawn e Allyson aos beijos próximo a saída de incêndio.

Eu tossi e eles olharam para cima, então continuei descendo como se não estivesse vendo nada. Shawn se afastou e logo depois entrou em seu quarto.

Avistei Selena no final do corredor e informei sobre o problema em seu ponto e ao verificarmos que estava tudo bem, subi para o andar de Camila.

Eu andava de um lado para o outro, mais parecia barata tonta do que uma segurança e meus pensamentos estavam a mil.