Trinta e Nove

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𖧹

Após duas leves batidas na porta do quarto de hospital, Rigoni adentrou o cômodo, no mesmo instante encontrando Luciana deitada sobre a cama, olhando distraidamente para o teto do quarto e murmurando alguma música em espanhol. O jogador limpou a garganta, chamando a atenção dela, e fechou a porta atrás de si, enquanto a loira o olhava com atenção.

— Oi. — Disse simples, se aproximando calmamente.

Corazón! — Sorriu ela, o que fez o jogador formar uma careta em seu rosto e limpar a garganta mais uma vez.

— Luciana. — Cumprimentou com um breve aceno com a cabeça. — Vejo que você está muito bem. — Mentiu.

Ele, com certeza, jamais faria algo que irritasse tanto Ellen a ponto de apanhar daquela forma.

— Achei que você não fosse vir me ver. — Comentou ela, estendendo a mão para o puxar para mais perto, mas Rigoni deu um passo para trás, negando devagar com a cabeça. — O que foi, mi corazón? — Indagou.

— Por favor, para de me chamar dessa maneira. — Pediu, sentindo o estômago embrulhar só de se lembrar que aquele era o apelido dos dois alguns anos atrás. Saindo da boca de Ellen com todo aquele sotaque brasileiro, soava muito melhor. — Luciana, eu vim até aqui, pessoalmente, para trazer os papéis de divórcio que você deveria ter assinado antes de bancar a corajosa e ir atrás da Ellen para mandar que ela ficasse longe de mim e dos meus filhos. — Falou diretamente e mostrou a pasta que segurava, balançando. — Se tivesse assinado isso antes, com certeza não estaria aqui agora. — Rodou a mão que segurava a pasta, se referindo ao quarto de hospital.

A loira o encarou com os lábios entreabertos por demorados segundos, e quando Emi achou que ela não diria nada, a mulher começou:

— Você veio mesmo até aqui defender aquela faveladinha?!

Rigoni respirou fundo e coçou o meio da testa.

— Luciana, olha aqui...

— Olha aqui você, Emiliano. — O interrompeu e se ajeitou sobre a cama, se sentando e ignorando a leve dor que sentiu em algumas partes do corpo. — Eu sou a sua esposa! — Disse em um tom sério, o lembrando daquele “detalhe”. — Somos casados há anos, temos dois filhos, nós...

— Nós não somos nada. — Voltou a dizer e se aproximou mais da cama, sentando ao lado dela e deixando a pasta de lado para segurar na mão da mulher, que apertou a dele com força. — Eu realmente entendo que você queria ir atrás do seu sonho e fico muito feliz em saber que conseguiu realizar ele, de verdade... mas jamais vou esquecer a maneira que você abandonou a mim e às crianças sem pensar duas vezes, sem ao menos sentar comigo e conversar sobre esse seu plano. — Continuou a falar, sem desviar a atenção do rosto dela. — Eu te apoiaria, sempre te apoiei em tudo, e então poderíamos pensar em um jeito de fazer dar certo mesmo com a distância. Só que você preferiu ir embora sem dizer nada.

— Não, nós conversamos. — Afirmou. — Eu te falei que não estava pronta para exercer aquele papel de mãe, ainda mais para as duas crianças. — Disse e Rigoni concordou com a cabeça. — A sua pressa em ser pai acabou que...

Você escolheu tentar, Luciana. — A interrompeu. — Tivemos diversas discussões sobre o assunto e você garantiu que queria, por isso nós começamos a tentar a gravidez e aí veio a Fran.

Ellen ━━ Emiliano RigoniKde žijí příběhy. Začni objevovat