Ellen ━━ Emiliano Rigoni

Vinte e Quatro

𖧹

Já era tarde da noite e Rigoni ainda assistia Ellen dormir profundamente ao seu lado, com uma das pernas dela jogada em cima da cintura dele, alguns fios do cabelo completamente bagunçado caindo sobre seu rosto e os lábios levemente entreabertos, parecendo estar no melhor sono de sua vida. Suspirava em alguns momentos e isso só fazia o jogador sorrir e ficar contente em vê-la conseguir dormir bem sem nenhuma dificuldade, diferente de algumas outras noites.

As crianças levaram a sério quando ele pediu para que elas cansassem bastante a babá. Depois de colocá-los na cama e os fazer dormir com uma história, não foi difícil colocar Ellen para adormecer também. Com poucos beijos ela já estava com os olhos fechados e dormindo tranquilamente.

Batidas leves no quarto de hóspedes fez Emiliano franzir o cenho e olhar naquela direção, arregalando um pouco os olhos ao ver a filha mais velha abrir a porta.

— Papá. — Chamou baixinho e com a voz chorosa. — Deixa eu dormir com você? Eu tive pesadelo outra vez.

— Ahn... — Murmurou Rigoni, se afastando com cuidado de Ellen e intercalando o olhar entre ela e a criança depois de acender a luz do abajur. — Hija, yo estava... — Começou a se explicar, sentando e coçando a nuca, se sentindo envergonhado.

— Dormindo com a Ellen, eu sei. — Fran completou e fechou a porta atrás dela, caminhando até o lado do pai. — Eu não queria atrapalhar, papá.

— Não está atrapalhando, mi amor, é só que o papai não fazia ideia de como você reagiria a isso. — Disse e a pegou no colo, a aconchegando ali e apertando a menina em um abraço. — Como foi o seu pesadelo? — Perguntou em um tom baixo, iniciando um carinho nas costas dela.

— Aquele de sempre. — Se encolheu. — Parece que ela está aqui e está me tocando, sabe?

— Sei. — Respondeu e seu peito doeu por não ser capaz de retirar aquela dor e más lembranças de sua filha. — Mas ela não está e nunca mais vai tocar em você, o papai promete de dedinho e vai te proteger, ok? — Sussurrou. — Ninguém vai fazer mal à minha vilãzinha favorita. — Sorriu e deu uma bitoca na ponta do nariz de Fran, que riu baixinho.

— Yo te quiero, papá. — Murmurou.

— Yo también te quiero, mi amor.

Os dois se deitaram na cama e Fran ficou no meio do casal. Rigoni os cobriu e estendeu o braço pelo corpo da garota, alcançando Ellen e fazendo um carinho leve no braço dela, enquanto a outra mão acariciava os cabelos de Fran.

— Papá...

— Sim?

— Eu gosto da Ellen. — Contou baixo, olhando para o pai atentamente. — E você também gosta, não é? — Perguntou.

— Gosto.

— Mas é de um jeito diferente, não é? — Insistiu. Emiliano a olhou e deu um meio sorriso, confirmando com a cabeça. — Sabe que eu não iria ficar brava ou chateada se vocês dois namorassem, não sabe? — Indagou. — Seria até legal.

— Fran...

— A mamá não vai voltar. — Afirmou sem deixar o pai falar. — E a Ellen gosta de você também. Quem não percebe isso é cego. — Riu. — Vocês dois se olham de um jeito beeem romântico.