Dezoito

1.8K 162 55
                                    

𖧹
três dias depois

Ellen olhou para o relógio em seu pulso uma última vez e soltou um palavrão, enquanto abria a porta do apartamento e tinha em mente correr para chegar na casa do jogador antes que as crianças saíssem para a escola, porque, pela primeira vez desde que começou aquele trabalho, estava atrasada. Quando a porta abriu o suficiente para ela passar e Ellen levantou a cabeça, quis reiniciar o dia.

— Bom dia, Ellen! — Disse cínica, brincando com uma lixa de unha.

— Vendo sua cara a essa hora da manhã, com certeza o meu dia vai ser péssimo. — A morena sorriu falsamente e empurrou a mulher ao sair e bater a porta de sua casa, trancando rapidamente e jogando a chave na bolsa.

— Deveria ser mais simpática com a mulher que pode te despejar a qualquer momento. — Lembrou.

Rivera respirou fundo para não perder totalmente a paciência.

— Olha aqui, Irene, eu estou trabalhando há uma semana e alguns dias e vou ganhar muito bem pelo que estou fazendo, então garanto que vou te pagar. — Disse e ela levantou as sobrancelhas. — Mas é claro que eu não vou conseguir oito mil reais com menos de um mês de serviço, portanto, que tal fazermos um acordo? Eu posso te dar meio que uma entrada e...

— Quero oito mil na palma da minha mão até domingo a noite ou então ra, ré, ri, ró rua. — Falou Irene, encarando Ellen da cabeça aos pés antes de virar as costas e sair dali.

A morena respirou fundo mais uma vez e apertou as mãos, se segurando para não puxar aquela loira oxigenada pelos cabelos e a jogar escada a baixo. Quando a perdeu de vista, olhou para a hora em seu relógio mais uma vez, tendo um pouco de dificuldade por estar mais trêmula que o normal e sabendo que era por conta do nervosismo, e então acabou ficando ainda mais nervosa.

Desceu as escadas rapidamente e puxou o ar com força quando chegou na calçada, olhando ao redor e parando os olhos em uma mulher com um cigarro na boca.

Ellen mordeu o lábio tão forte que estava quase sentindo o gosto de sangue por estar se machucando, enquanto intercalava o olhar entre as mãos trêmulas e o cigarro na boca da desconhecida, sentindo uma imensa vontade de fazer o mesmo que ela e tentar relaxar.

Sabia que tinha prometido para si mesma e para toda a família Rigoni que pararia, como também sabia que se arrependeria assim que acabasse com o cigarro, mas ainda assim Ellen atravessou a rua de modo apressado até alcançar a mulher que nunca tinha visto na vida e pedir um cigarro sem vergonha alguma, recebendo um meio sorriso da desconhecida, junto com um cigarro e o isqueiro para acender.

[. . .]

— Cheguei, cheguei, cheguei! — A morena falou apressada, jogando a bolsa em um canto da sala de estar e percebendo que não havia ninguém ali para a ouvir.

Escutou vozes vindo da cozinha e caminhou até lá, parando na entrada e sorrindo ao ver todos sentados à mesa, tomando café da manhã. Rigoni estava na ponta, Fran e Gio sentados próximos um ao outro do lado direito e Lena ao lado de Gio, o ajudando com o café da manhã, coisa que Ellen fazia, para que ele não sujasse todo o uniforme escolar.

— Bom dia. — Cumprimentou Ellen, chamando a atenção deles.

Buenos dias, Ellen! — Magdalena foi a primeira a falar. — Esqueceu das suas crianças hoje? — Brincou.

— Jamais! — A morena falou rapidamente. — O meu despertador não tocou e eu fui dormir um pouco tarde ontem, acabei perdendo a hora. Desculpa pelo atraso. — Pediu e encontrou o olhar com o de Rigoni, que já a encarava atento. — Buenos dias, meus amores. — Olhou para as crianças mais uma vez.

Ellen ━━ Emiliano RigoniWhere stories live. Discover now