𝐄𝐍𝐈𝐆𝐌𝐀𝐓𝐈𝐂 - 𝖨𝗓𝖺𝗇𝖺 𝖪𝗎𝗋𝗈𝗄𝖺𝗐𝖺

𝐍𝐢𝐧𝐞

Izana soltou um suspiro suave, fechando os olhos por um momento antes de virar a cabeça para trás para encarar a parede da janela. - Desculpe, eu não queria ficar quieto com você.

-Está tudo bem - você respondeu, sua mão esquerda ainda colocada em seu ombro. - Às vezes, o silêncio é tudo o que se pode dizer.

Ele continuou a olhar para a paisagem noturna de Tóquio, a janela agora inundada com correntes de água escorrendo pela lateral do prédio. As luzes do horizonte estavam borradas através do vidro, o suave tamborilar das gotas agora ficando mais alto quando começou a chover mais forte. Você também olhou pela janela ao lado dele na parte escura de seu Apartamento, observando a cidade inteira se iluminar sob a pequena lua crescente espreitando através das nuvens nubladas.

Vocês dois desajeitadamente ficaram um ao lado do outro, sem saber o que mais dizer no momento. O ruído branco do aquecedor e a chuva contra a janela preencheram o silêncio entre vocês dois, seus braços agora cruzados sobre o peito com as mãos de Izana ainda no bolso da frente de sua calça jeans. Você se virou para encará-lo mais uma vez, o lado de seus olhos olhando para a sala de estar atrás dele.

- Ei, eu realmente sinto muito se eu estava sendo muito intrusiva e pedindo demais lá atrás. Não precisamos mais falar sobre isso se você se sentir desconfortável. - Você esfregou o braço esquerdo com a mão direita, olhando envergonhada para as luzes da cozinha mal iluminadas

- Sabe uma coisa sobre a qual ninguém nunca me pergunta? - Izana continuou a olhar para a janela, observando os carros que passavam lá embaixo na ponte da via expressa. Ele não se virou para olhar para você, mantendo a mesma expressão monótona no rosto.

- O que? -Você deu um passo mais perto dele, seu corpo agora paralelo à janela.

Ele não respondeu quando se virou para olhar para a sala de estar, as mãos ainda enfiadas nos bolsos da frente. Você não percebeu isso antes, mas debaixo do lado de sua mandíbula havia uma pequena cicatriz, uma leve que se misturava com o resto de sua pele. Era ocultável para a maioria, mas perto de seu rosto, era a única coisa que você podia ver que era perceptível.

Izana estendeu a mão direita, hesitantemente agarrando a sua. Ele segurou a ponta de seus dedos delicadamente, da mesma forma que fez quando estava conduzindo você pela multidão da segunda corrida, quase como se estivesse com medo de machucá-lo novamente. Enquanto virava a cabeça para trás, ele lhe deu outro sorriso suave. - Deixe-me mostrar-lhe algo.

Vocês dois deram alguns passos até o suporte de TV dele, onde havia um toca-discos moderno com dois pequenos alto-falantes de cada lado. Embaixo residiam dezenas de registros, todos empilhados verticalmente em todo o compartimento aberto. Izana inclinou-se sobre um joelho e passou os dedos pela parte superior dos discos, pegando lentamente a capa de cada álbum até tirar um específico.

Enquanto o tirava da capa, Izana abriu a tampa transparente de seu toca-discos de vinil e colocou o disco preto no prato, segurando a agulha para colocá-lo na borda. Dentro de um segundo, quando ele apertou o botão play, a estática silenciosa da agulha movendo-se pelas ranhuras ecoou nos alto-falantes da caixa, passando lentamente para um piano acompanhando um jovem cantando.