Capítulo 06 - Caleb

6.6K 510 21
                                    

Camila Cabello  |  Point of View





No quarto, Dinah estava deitada fitando o teto, me deitei ao seu lado.

— No que está pensando? – Perguntei.

— Nada, só de como tudo mudou tão rápido.

— Nem me fale. Está tudo tão confuso.

— Não está. Está tudo certo.

— Eu não acho.

— Algo me diz que aquela mulher que você encontrou que te fez pensar assim.

— Talvez...

— Quem é ela?

— Ela foi à outra da luz ligada.

— Sério?

— Sim. Ela morava aqui, mas parece que ela engravidou e os pais a expulsaram. Isso é tão repugnante. Sabe o que.o pai dela usou como desculpa?

— Não.

“No nosso meio, uma jovem grávida e nem saber quem é o pai da criança é ultrajante.”

— Pessoas bebê. Pessoas são cruéis sem nem se dar de conta.

— Ele é pai dela.

— Mas é rico e influente isso conta mais hoje em dia e ele não quis perder credibilidade.

— Como você sabe disso?

— Minha prima passou por isso uma vez, mas meus pais a acolheram.

— Muito nobre da parte deles.

— Você gosta dela?

— Não sei. Nunca entendi meus sentimentos por ela. Ela sempre foi um enigma para mim, você viu hoje, estávamos conversando bem e daqui a pouco ela me mandou embora.

— Ela ficou com ciúmes.

— De quem?

— Ela me fuzilou quando eu te chamei de bebê.

— Não, Lauren nunca ficaria com ciúmes de mim. Ela... – Melhor não contar a história real para ela. — Nossa história é complexa para explicar agora.

— Reconheço quando uma mulher está com ciúmes e ela estava.

— Não vamos discutir sobre isso agora. Tenho que tomar um banho. Escolhe uma roupa pra mim?

— A Ariana te deixou muito mal acostumada.

— Por favorzinho! Eu não entendo dessas combinações e esse monte de frescuras. Só quero que arrume algo com um colete.

— Colete? – Assenti. — Entendo esse seu “Não sei o que sinto por ela!”. Quer impressionar por quê?

— É só um colete DJ.

— Você sabe muito bem que fica irresistível com colete.

— Já disse para não falar essas coisas loucas, eu fico normal.

— Vai logo para esse banho. – Fui para o banheiro do corredor e tomei um banho demorado. Depois voltei para o quarto e coloquei uma cueca branca. — Branca? Te entendo senhorita Cabello! Te entendo muito bem.

— Para de bobagem. – Coloquei a roupa que ela escolheu e fui avisar meus pais que iria sair.

— Aonde você vai? – Meu pai perguntou.

— Vou visitar a Lauren.

— Toda produzida! Está linda filha.

— Obrigada mãe, mas não é nada demais.

— Você sabe onde ela mora?

— Sim, pai. Não sei que horas eu volto hoje, mas amanhã quero conversar com vocês sobre a minha nova situação. Não.que isso seja um problema, mas acho que vocês não precisam mais trabalhar. Vocês já fizeram tanto para cuidar de mim, acho que chegou a minha vez de retribuir.

— Faríamos tudo de novo por você minha filha e sem reclamar.

— Com certeza. Seu pai está mais que certo.

— Sei disso, mas agora vocês não precisam mais disso. Amanhã conversamos direito. Preciso ir. – Os abracei e sai, acompanhada por Liam. — Já quero deixar claro que você vai ficar no carro e seguranças não falam, não quero ouvir sua voz por um bom tempo. Minha mãe é cozinheira, tem algum problema se eu ficar conversando com ela hoje à noite?

— Realmente não fiz por mal...

— Não quero explicações, Liam. Me leve aqui. – Entreguei o pedaço de papel e ele digitou no GPS.


×××

Já no bairro, fiquei assustada com a quantia exagerada de mendigos na rua. Era no lugar mais pobre da cidade.

— É neste prédio. – Falou estacionando o carro. — Apartamento 254.

— Obrigado Liam. Acho que vou demorar.

— Tudo bem.

Desci do carro e fui até o porteiro. Ele me reconheceu e me deixou subir sem ser anunciada. O que me deixou preocupada com a segurança de Lauren. Mesmo famosa, ele não podia ter feito isso. Toquei a campainha e depois de um tempo, Lauren devia ter me visto pelo olho mágico e pela demora, devia estar em dúvida se abria ou não a porta. Eu estava suando e nervosa para caramba. Dinah estava certa, eu queria impressioná-la. A porta abriu e Lauren estava de short e com um moletom largo que quase o cobria inteiro. Os cabelos bagunçados e os olhos inchados. Devia estar dormindo.

— Te acordei?

— Sim, mas foi bom. Daqui a pouco tenho que ir para meu outro emprego.

— Isso é tão estranho.

— Já me acostumei. Entra. – A casa era pequena e não havia muitas coisas, onde estávamos devia ser a sala, onde havia uma TV, vários brinquedos espalhados e um sofá. — Não repare a bagunça.

— Onde ele está?

— Ele quem?

— Seu filho. Onde ele esta?

— Como você sabe?

— Falei com o covarde do seu pai. – Ela me encarou por um bom tempo.

— Saiu com a madrinha dele. A Normani. Você lembra-se dela? – Normani era da turminha que me infernizava na escola junto de Lauren.

— Lembro sim.

— Aquela moça é sua namorada?

— Não, Dinah é só minha amiga.

— Vi em um programa que você pode ter um caso com sua estilista.

— Não. Eu fiquei com elas, mas preferimos ficar na amizade. E você? Tem alguém?

— Não. Todos fogem quando conto que tenho um filho. Muita responsabilidade.

— Todos otários.

— Você está solteira então?

— Sim. Posso me sentar?

— Pode sim. – Me sentei e ela sentou-se ao meu lado.

— Você trabalha até que horas?

— Até as 22h.

— Não quer jantar comigo depois?

— Não posso. Tenho que cuidar do Caleb.

— Caleb? – Ela assentiu. — É um nome lindo. Leve ele com você. Quero conhecê-lo. Que idade ele têm? – Ela me olhou e olhou para o chão, pensou e não me respondeu. — Algum problema? – Ela ficou me encarando. Foi quando a porta se abriu e Normani passou por ela. Um garotinho estava de costas, juntando um carrinho do chão, quando ele se virou, meu coração acelerou de forma surreal, daquela forma que deixa os ouvidos com aqueles batimentos abafados e nos deixando quase surdos. Ele era a minha cópia. Foi como me ver no espelho, mesmo ele sendo um garoto, a boca, os traços latinos, só os olhos eram verdes, como os de Lauren. Ele quando me enxergou, arregalou os olhos e derrubou o carrinho no chão, levando as mãos a boca.

ReviravoltaWhere stories live. Discover now