Capítulo 29

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Continuação...

                    Ela realmente tinha um plano e parece que ficou um bom tempo pensando nele. Tecnicamente é simples, só teríamos que observar o movimento por alguns dias e então agir no dia de menor movimento. Ela disse que o dono da loja de conveniência é um idiota que quando não tem cliente, fica fora do caixa e vai roubar comida da loja.

                    O plano foi programado para daqui duas semanas, nesse meio tempo teríamos que ficar juntos e observar juntos. Só espero que ela não seja uma companhia ruim e que não fale muito, minha paciência está sendo horrível nesses dias, talvez seja a fome ou talvez seja a antipatia com os outros seres humanos.

                   
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                    Os três primeiros dias foram frustrantes demais. Ela é completamente o oposto de mim e isso nos faz discutir a grande parte do tempo, até eu ficar com raiva o suficiente para sair de perto dela e procurar outro lugar para ficar, mas ela acaba me encontrando e voltamos a nos falar.

                    Dias semanas se passaram e o plano deu realmente certo. Eu...meu Deus, a adrenalina está correndo em minhas veias até agora e já fazem algumas horas desde a conclusão do plano. Conseguimos duzentos dólares. Sim, bem mais do que precisávamos, mas eu acabei pegando a mais e ainda tive a decência de pedir desculpas em baixo tom enquanto saíamos da pequena loja de conveniência.

                    Pensei então que estaríamos indo cada um para o seu lado, mas me enganei quando me vi seguindo mais planos dessa louca. Apesar de tudo, Rachel é uma garota engraçada e me faz rir com muita facilidade. Ela me contou que o sonho dela é chegar em Hollywood e tentar uma chance como atriz ou até mesmo faxineira, só que em Hollywood. Ela é legal e eu espero que ela se de bem na vida, porque pessoas como nós merecemos.

                  Ela também me contou a história do colar dela, foi sua mãe que lhe deu antes de morrer pelo câncer. Ela diz que ainda tem seu pai, mas que o homem se perdeu da vida quando a esposa faleceu e ela não queria ver o pai mais perdido do que já estava, então ela fugiu de casa. O colar é bem bonito, um medalhão todo coloridinho.

                     - E você Harrison? O que quer fazer da vida?

                   Revirei os olhos, ela tinha essa coisa de me chamar por nomes parecidos com o meu, mas que não é o meu. Até agora eu não ouvi ela o pronunciando de forma certa, mas já desisti de corrigir.

                  - Eu não sei. - Suspirei e tampei a garrafa de água que estava bebendo. - Eu tinha pelo menos uma noção quando fugi do orfanato, mas depois de ver como tudo é diferente aqui fora, meus planos só sumiram da minha cabeça e eu desisti. Acho que a luta para sobreviver disse mais alto.

                  - Isso é bobagem. - Olhei para ela e quando seu olhar cruzou com o meu ela Suspirou. - Um sonho não acaba de uma hora para a outra só porque você tem mais coisas importantes, você pode não pensar neles, mas ainda estão aí na sua cabeça. Hazzie, é super importante pensar na sua sobrevivência, mas nunca deixe de sonhar, porque é de graça e ninguém pode te impedir.

                    - Só que...eu não lembro o propósito, ele está tão perdido que eu nem ao menos lembro.

                    - Claro que lembra. - Ela se levantou da onde estava sentada e veio em minha direção. Se sentou de pernas cruzadas na minha frente e segurou minhas mãos, me fazendo olhar naqueles intensos olhos castanhos. - Está aí, está tudo aí e você só precisa se lembrar como é a sensação de estar sonhando. Pense na ansiedade de quando você pensava em seguir esse caminho maravilhoso, pense nas sensações que o pensamento lhe trazia. O clássico frio na barriga quando você via alguma coisa relacionada a ele, lembre da sensação de importância só por causa do sonho...

Once Upon A TimeWhere stories live. Discover now