Capítulo 11

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             Escuto baterem na porta, fecho os olhos com força e começo a rezar para Deus ou para qualquer entidade que esteja disponível para me ajudar.

                  - ABRE ESSA PORTA SUA VADIA! EU SEI QUE ESTA AI, SE NÃO ATENDER VAI SER MUITO PIOR.

                 Mais batidas na porta, batidas agressivas. Respiro fundo e me levanto pegando meu roupão e o colocando bem apertado no corpo. Vou até minha bolsa e pego minha carteira vendo que só tem alguns euros, não daria nem para a metade do aluguel.

                    - EU VOU CONTAR ATÉ CINCO E ENTÃO SE NÃO ABRIR A PORTA, EU ARROMBO ELA.

                   O desespero bateu e eu me vi tentada a me jogar do sétimo andar onde fica meu apartamento. Ele começou a contar e senti uma falha na respiração. Já estava no cinco quando resolvi abrir a porta e dei de cara com o homem alto e com cara de bravo.

                      - Você está péssima, mas eu não ligo. Cadê o meu dinheiro? - Perguntou cruzando os braços e me olhando com cara de nojo.

                     - Ainda não tenho, mas vou conseguir até o final do mês. Eu ainda tenho tempo. - O lembro e ele bufa.

                    - Tempo é o que ninguém tem, Ginevra. Ou você me paga, ou eu vou te dar de comida para os meus cachorros. - Aponta o dedo na minha cara e chega bem perto, tão perto que eu tenho que inclinar meu rosto para trás. - É o último aviso, a próxima vez é a sua última vez que vai estar respirando.

                    E então deu meia volta e saiu, só quando eu ouvi a porta do elevador se fechando foi que eu consegui soltar a respiração que estava segurando. Entrei para dentro de casa e tranquei a porta, me encostando nela e sentindo o choro e as lágrimas virem com força, me vi perdendo as forças das pernas e deslizando até o chão. Automaticamente me encolhi e só pude escutar o som do meu choro e minha respiração ficando pesada e cada vez ficando mais difícil de puxar ar.

                Não, não, não. Aguenta firme, Gina, aguente firme. Era oque eu pensava, toda vez que isso acontecia. Ataques de pânico são frequentes no meu dia a dia, e eu tinha que me acalmar sozinha, sempre sozinha. Não tinha mais para quem ligar, só me restava Ron, mas nem ele me atende mais e eu não sei para quem ligar, sinceramente eu não faço idéia. Por isso a melhor solução é me acalmar sozinha e tentar não morrer. Sempre tentar ficar viva.

*********

               Não sei quanto tempo se passou, talvez minutos ou horas. Em algum momento eu consegui estabilizar minha respiração, mas não levantei do chão, só fiquei olhando para um ponto fixo na parede. Rezei mentalmente umas vinte vezes e pedi para Deus me mandar ajudar, qualquer ajuda já seria bem vinda, mas ela tinha que vir rápido e antes de um mês.

                 Respirei fundo novamente e me levantei do chão. Fui direto para o banheiro e não me surpreendi ao ligar o chuveiro e ver que só tinha água gelada...minha energia foi cortada a duas semanas, mas eu sempre tinha esperanças de encontrar uma gota de água quente ou qualquer sinal de energia. Tomei banho mesmo assim, posso ser pobre e fudida, mas nunca fedida e feia.

                 Coloquei uma roupa, peguei minha bolsa e coloquei meu celular e o carregador dentro, se eu tivesse sorte conseguiria carrega-lo em algum café pela rua. Sai de casa trancado a porta e seguindo para a rua. O café mais próximo ficava a quinze minutos apé e eu teria que ir andando já que não tenho dinheiro para um táxi ou coisa do tipo.

                  Não, façam o favor de não me perguntarem como eu fui acabar assim. Nem eu sei e se eu soubesse, não iria querer reviver tudo isso.

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