Aproveitando pra atualizar enquanto ainda tenho um tempinho pra escrever hehe.
Camila, vestida apenas de roupão, andava pelo quarto de Lauren, observando cada enfeite e as fotos presentes ali, os livros, a prancha de surf e os lençóis macios na cama. Sorria ao ver tudo, não conseguindo conter a felicidade por ter visto a mulher controlar a situação e não causar uma briga com seu pai. Não queria sentir todas aquelas coisas, mas não conseguia controlar o sorriso involuntário que aparecia em seu belo rosto quando pensava em Lauren. Tinha que admitir que adorava o jeito atrapalhado dela ao se comportar em sua presença, no fundo, apreciava a irreverência dela, mas nunca admitiria.
- Mas que mulher essa dona Clara, fez a filha engolir aquelas ofensas, uma soberba bofetada! - seu pai saiu do banheiro também vestido de roupão enquanto secava o cabelo com uma toalha. - E que braços... Tão alvos, tão formosos, parecem de cera, mas tem a força do aço!
- Não precisava ter chegado a tanto. - Camila reprovou, firmemente. - Esbofetear a própria filha, mas o que é isso? Coitada!
- Ah, bem feito!
- Foi um exagero.
- Não, ela a colocou no devido lugar. - segurou num dos ombros da filha, começando a guiá-la para fora do quarto. - Sabe que dona Clara criou sozinha aquela maganã?
- Sim, eu sei...
- Talvez por isso é que ela tenha ficado assim meio debochada. Faltou um pai, a referência masculina.
- É, dona Clara é uma mulher e tanto. - chegaram até a sala e se sentaram no sofá.
- Ah, sem dúvida...
- Tão corajosa, honesta...
- E bela, formosa...
- E educada, cortes.
- Bem fornida de carnes... - Camila pigarreou, chamando a atenção do pai quando viu que ele estava se empolgando. - Não, interessantíssima! Belíssima!
- Discreta, acima de tudo. Tem feito de tudo para não ser uma bisbilhoteira mesmo tendo tanto a perguntar.
- Não sei se discreta seria o termo, mas que mulher! Um petardo!
- Tem feito de tudo para proteger a filha há tantos anos...
- E tem pulso, sem falar dos outros atributos.
Ficaram um pouco em silêncio.
- Sinto falta da Mama, da minha irmã. - Camila suspirou.
- Eu também, minha filha amada. Eu não vejo a hora de erguer a Sofi nos meus braços. - sua voz denotava seu sorriso.
- Espero em Deus que ela não tenha se gripado por conta do congelamento.
- O quê? Ela saiu a mim, tem uma saúde de ferro! - riu orgulhoso. - Amanhã na primeira hora, estaremos com ela, Kaki. - ela assentiu. - Eu não prometi a você, filha?
- Sim.
- E depois, eu vou procurar um advogado, um bom advogado, não esses rabulas que infestam o posto de polícia.
- Mas para que um advogado? Se me permite a pergunta.
- Para reaver as minhas terras.
- Mas terras sempre são terras. - disse de cenho franzido. - Ninguém há de tirar o que é seu.
- Não, nosso. O que é meu, é seu. - segurou a mão da filha. - O mundo não é mais o mesmo, minha filha. As mulheres deixaram de se espartilhar, os homens não usam mais chapéu, a escravidão foi abolida e o Imperador caiu. Quem sabe se algum grileiro já não tomou posse de alguma das minhas glebas.
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Tempo Indomável
Fanfiction1886: A época em que o Brasil era governado por Dom Pedro II e dominado pela escravidão. Nascida e criada desde sempre na fazenda Nossa Senhora do Ó na vila de São Paulo, Camila tinha certeza do futuro que a esperava: arranjar um marido, mas evitava...