Que tempos são esses?

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Como estamos?

Boa leitura!







- Amiga. - a mulher chamou por Lucy após empurrar os óculos escuros pro alto da cabeça e entrar na sala dela.

- Como vai, Keana? - a cumprimentou com um beijo no rosto.

- Que frio aqui dentro.

- Você sabe que é assim, por que não trouxe um casaco?

- Ai, esqueci, você me apressa tanto também.

- Tá bom, me conta logo o que você descobriu da congelada. - se sentou em sua mesa com Keana na cadeira em sua frente. Ela pigarreou. - Vai, mulher, fala alguma coisa.

- Lucia, eu ainda não falei com o Matthew. Eu não posso passar por cima dele não.

- Oi? Pode sim. - Keana suspirou. - Olha aqui, eu acabei de conhecer essa tal de Camila e ela é uma farsante, tá? Ela é uma boa bisca e a Lauren tá caindo feito uma pata na história dela. Você é minha amiga ou não é?

- Sou.

- E?

- Vasculhei os cartórios sim, registro civil e não achei nada. Enfim, eu resolvi ir até o instituto brasi-

- Keana, eu não quero saber por onde você andou, pelo amor de Deus. Eu só preciso de um resumo da ópera.

- Existiu realmente um Alejandro Cabello no século 19. Ele era um empreendedor, um capitalista como se dizia na época. - Lucy assentia. - Além de herdeiro milionário, metade de São Paulo era dele.

- E ele tinha uma filha?

- Duas. Uma pré-adolescente e uma garota mais velha, Karla Camila.

- Camila...

- Uhum.

- Bom, mas e daí? - se encostou na cadeira. - O cara podia ter duas filhas, mas isso não quer dizer nada. Ela pode estar inventando essa história mesmo assim. Eu sinto cheiro de golpista de longe, você sabe.

- Lucy, eu sou advogada, eu já vi de tudo. É bem possível.

- É bem possível o quê? Ela ser uma golpista ou ela estar congelada a mais de 100 anos? - se levantou para servir café nas xícaras.

- As duas coisas. Eu conversei com a doutora encarregada do caso, Julie Andrews. Ela é formada pela Cornell University, tem especialização em Moscou em criogenia...

- Uhum.

- Bom, de acordo com ela, seria impossível um congelamento total. Mas o fato é que essas pessoas estavam congeladas. - Lucy começou a rir.

- Ridículo.

- Lucy, pensa bem, se essas pessoas ficaram dois, três dias em temperaturas abaixo de zero, por que não? Elas poderiam ficar mais tempo congeladas.

- A mais de 100 anos? Keana, acorda.

- Bom, eu falei assim hipoteticamente, só isso. - pegou uma das xícaras, bebendo um gole do café.

- É, mas deixa eu te falar uma coisa: isso não é um arrazoado jurídico não, tá? Você não precisa ficar tentando me convencer com os seus argumentos arrevesados. - Keana ergueu as mãos em rendição. - É a minha vida. A mulher que ela tá de olho, é a minha noiva! Essa biscate é muito esperta, mas ela mexeu com a pessoa errada.

Lucy colocou a xícara na mesa com uma certa força, jamais deixaria uma desconhecida tomar aquilo que julgava ser seu.

(...)

Tempo IndomávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora