CAPÍTULO 40

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    Eu ansiava por ar. Precisava respirar. Eu me debatia na cadeira procurando me desvencilhar de hange que jogava água no meu rosto que, por sua vez, estava coberto por um pano grosseiro. Meus braços e pernas amarrados na cadeira que tinha na minha sela dificultavam, tornando impossível minha necessidade de ar. Eu sentia meu peito se incendiar chegando a causar uma dor incontrolável.

    Eu não sabia quanto tempo eu tinha passado nesse estado, mas repentinamente consigo sentir o oxigênio invadindo o meu corpo. No entanto, esse alívio não dura muito, pois logo o pano volta junto com a água me fazendo cair em desespero novamente. Ar... Eu preciso de ar...

    - Me diga onde Historia está! - Hange fala assim que tira o pano permitindo que o ar invadisse os meus pulmões, mas apenas para eu responder.

    Nós duas estávamos nisso a um tempo considerável e ela sempre fazia as mesmas perguntas, mas toda vez recebia as mesmas respostas. Ao longo do tempo ela foi ficando cada vez mais exaltada me dirigindo gritos e xingamentos. Eu já estava cansada, mas sentia a adrenalina correndo no meu corpo fazendo com que eu continuasse acordada.

    Eu ainda respirava desesperadamente quando vejo Jean abrindo a cela trazendo consigo uma jarra que emanava uma quantidade considerável de vapor. Água quente. Ele cruza o cubículo e entrega o recipiente a comandante descontrolada.

    - Por favor, eu juro que não sei. Não estou envolvida nessa merda. - Eu falo desesperada alternando o meu olhar entre a jarra e as duas pessoas à minha frente.

    A comandante Hange suspira e faz um sinal para Jean sair, que aceita a ordem sem pestanejar. O vejo sair de cabeça baixa. Aquele que quis me usar estava me abandonando e me deixando só com uma maluca sadomasoquista.

    - Jean, por favor! Não me deixe aqui com ela! Jean! - Eu grito por ele com a esperança de vê-lo se virar e voltar, mas ele nem mesmo hesita, apenas desaparece do meu campo de visão.

    Eu começo a chorar entre os gritos enquanto Hange abre as palmas das minhas mãos que estavam agarradas à cadeira. A comandante despeja a água quente em ambas as mãos e eu grito de agonia. A dor cresce e se espalha para os meus braços e ombros. Parecia que tudo queimava.

    - Vamos lá ratinha, assim que você falar eu paro.
Você está me torturando por nada! - falo entre dentes.

    Nesse momento, Hange enlouquece me desferindo uma série de socos no meu rosto e estômago. Ela grita e chuta a cadeira fazendo com que eu bata o rosto no chão. A dor percorre tudo e o gosto de sangue domina minha boca. Infelizmente, Hange não me dá oportunidade de assimilar ou controlar a dor, pois a água quente escorre pelo meu ombro. A cadeira volta ao seu lugar de origem e ela se aproxima do meu rosto coberto de sangue e lágrimas.

    - Você não entende a sua posição? Nós já procuramos em todos os lugares que pertencem ao duque. Procuramos amigos, familiares, funcionários e empresários. Mas não encontramos nada! Ele assumirá o trono em 3 dias e não podemos fazer nada. O Reconhecimento desaparecerá, Historia morrerá e será tudo culpa sua. - Ela gritava e cuspia na minha cara, mas parecia ter se acalmado, pois se afastou de mim escorando-se na parede.

    - Vocês procuraram em todas as propriedades do duque? - Eu pergunto pacificamente a ela fazendo força para raciocinar e falar.

    Hange assente para mim e procuro qualquer memória da minha infância que pudesse ajudar.

   Flashback ON

    - Senhor Tierce, onde estamos indo? - A carruagem balança freneticamente com a estrada de barro esburacada.

    - É uma surpresa minha protegida -

    O meu tutor não estava com as roupas formais de sempre. Parecia um homem comum com uma camiseta branca e calça jeans. Parecia ainda mais comum enquanto olhava pela pequena janela as árvores que passavam por nós. Sua expressão estava suavizada. As rugas não estavam evidentes e o maxilar parecia relaxado.

    Um solavanco na carruagem me faz pular me deixando ainda mais impaciente.

    - Senhor Tierce nós já estamos chegando? - Não aguentava mais dar pulos repentinos, além de ter que me submeter ao homem na minha frente. Queria sair correndo e explorar o vasto bosque que me deixava curiosa a cada segundo.

    - Paciência S/N! Estamos quase lá!

    Eu bufo, pois ele tinha falado a mesma coisa a muito tempo atrás. Eu tentei dormir na viagem para o tempo passar mais rápido, mas o balanço agressivo na nossa gaiola não me deu tal luxo.

    A paisagem lá fora foi mudando lentamente. De um bosque denso foi para uma planície coberta de flores e pequenos arbustos. Em um lugar mais ao longe, podia-se avistar uma pequena cabana de madeira muito bem cuidada. Tinha uma varanda coberta de uma hera cuidadosamente podada e um pequeno jardim à frente. Era simples, mas era uma cabana muito bonita em um lugar muito bonito.

    - Gostou? - O duque Thomas se dirige a mim ao ver que tinha ficado fascinada com o lugar. Eu não queria dizer que sim, mas não podia dizer que não. Então apenas fiquei em silêncio e ele sorri com isso. - Vamos passar o fim de semana aqui para comemorar os seus 16 anos. Você poderá correr e explorar todo o local. - Isso era duvidoso, pois sempre que eu fazia isso o meu tutor me repreendia ou por ter sumido, ou por ter voltado imunda ou simplesmente por ter ido explorar.

    Eu ergo uma sobrancelha para ele me perguntando se ele brigaria comigo nesse fim de semana pelos mesmos motivos, mesmo tendo sua permissão.

    - Eu não vou questionar nem mesmo contestar - Ele levanta a mão em forma de rendição e eu solto uma leve risada.

    - Obrigada senhor Tierce!

    Continuamos a viagem em silêncio até estarmos à frente da cabana. De perto era muito mais encantadora do que de longe. A hera que cobria a varanda tinha pequenas flores laranjas e o jardim possuía um pequeno lago com peixes. Para chegar ao pé da varanda era preciso atravessar uma pequena ponte de pedra que cobria um riacho que desembocava no laguinho. Margaridas cobriam a minha visão junto com tulipas e girassóis.

    Dentro da cabana era aconchegante e simples. Possuía uma lareira e um fogão a lenha. Os dois quartos possuem uma varanda compartilhada que se assemelhava a um deck, pois se estendia sob um enorme lago coberto de vitórias-régias.

    - Senhor Tierce, tudo isso aqui é seu? - Eu pergunto curiosa, pois conhecia grande parte de todas as suas propriedades. No entanto, dessa vez ele nunca havia mencionado.

    - Infelizmente, essa não. Seu pai me trouxe aqui uma vez e me disse que quando ele tivesse dinheiro o suficinte combraria propriedade para te deixar de herança. - O duque suspira, provavelmente por causa das lembranças com o seu grande amigo. - Depois do que aconteceu com ele e com sua mãe, procurei o dono para fazer uma proposta a fim de comprá-la e dá-la a você em consideração ao seu pai. No entanto, o dono recusou mesmo com uma proposta bem gorda.

    - A gente pode estar aqui então? Não estamos invadindo? - Minha preocupação se estampa em meu rosto o duque ri.

    - O dono permitiu que usássemos quando quisessem. É um lugar bem isolado então ele não vai se incomodar com nada.

    Flashback OFF

    - Vocês procuraram na planície da montanha de Waterloo? - Eu falo cansada a Hange que estava encolhida em um canto.

    Ela levanta a cabeça esperançosa. Não me responde, apenas se levanta seguindo para a porta.

    - Se estiver mentindo, a prisão vai ser perpétua. - Ela me deixa para trás ainda na cadeira.

    Assim que ela se vai, eu desmaio com toda a dor e exaustão.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Where stories live. Discover now