CAPÍTULO 11

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A sala que guardava os materiais de todo o equipamento que era necessário em missões sempre ficava muito suja. Armários grandes com algumas portas quase caindo infestavam as paredes, algumas com alguns burracos consideráveis feitos por cupins e algumas mesas pequenas e novas para poder separar o equipamento de uma forma mais prática. O lugar não era tão iluminado quanto os outros do quartel, apenas poucos raios de sol atravessam as duas pequenas janelas produzindo fonte de luz. Além disso, o pó e as teias de aranha se manifestavam como o vento que carregava folhas no outono. Não seria fácil limpar tudo aquilo sozinha, pois por ser a primeira vez que este cômodo será limpo demoraria um século ou a minha vida inteira.

Pelo menos eu não era a única sofrendo, os outros recrutas haviam ficado com outros ambientes bem piores do que o meu. Jean por exemplo tinha pegado o porão onde todo tipo de objeto era deixado e esquecido pelo tempo. Acumulando ácaros, aranhas e ratos, aquele foi o lugar que eu considerei o pior a ser limpo. Talvez quem levaria a vida toda para concluir sua tarefa seria Jean e não eu.

Segundo o capitão Levi, haviam muitos recrutas esse ano em seu esquadrão, por isso os veteranos se livraram dessa limpeza que deveria ser concluída até o final de 3 meses. Lembro nitidamente de suas palavras ameaçadoras finais: "Eu espero tudo brilhando, pois se encontrar um pó ou uma teia que não foi retirada vocês não vão querer saber o que vai acontecer". Nesse momento ele tinha olhado para mim e sustentado um pequeno olhar que me fez arrepiar, depois se retirou nos deixando com suas respectivas tarefas e lamentações.

A cada dia ficava mais fácil de entender o capitão Levi e seu comportamento peculiar. Como capitão ele sempre se mantinha altivo e impassível para mostrar autoridade e força, mas existiam pontos da sua personalidade que era possível ver nitidamente, como a sua loucura por limpeza. Ele sempre procurava manter tudo impecável e questionava aqueles que haviam feito mal feito o afazer estabelecido. No nosso tempo livre como esquadrão o via pouquíssimas vezes relaxando completamente. Nesses dias passava por seu escritório e ele estava ali debruçado sobre a mesa que continha uma papelada interminável. Poucas vezes o vi sair com seu cavalo, Nisshoku e duvidava que quando saía procurava por um lugar silencioso onde poderia deitar-se na grama para espairecer a mente. O capitão Levi se mostrava alguém muito confiante, por isso a cada dia eu depositava mais confiança em sua liderança.

- Você está louco de deixar eles irem nessa missão, eles não tem nenhuma experiência... é morte certa! - uma voz sobressaltada que vinha do corredor invade meus ouvidos colocando minha curiosidade em alerta.

- Não foi escolha minha e você sabe disso. Além disso, o plano do comandante tem o meu apoio, logo à disposição de todo o meu esquadrão - a próxima voz que se seguiu era calma e firme.

A discussão se estendia e ficava cada vez mais alta, provavelmente pela aproximação do meu cômodo enquanto andavam. Eu nem havia percebido que estava à espreita da porta com o ouvido colado na porta procurando escutar com mais nitidez as duas pessoas discutindo.

- Isso não faz nenhum sentido, eles acabaram de entrar para a tropa e serão sacrificados dessa maneira? - a voz sobressaltada tinha um timbre afeminado e eu conseguia sentir a sua frustração apenas ouvindo suas palavras.

Um pequeno silêncio se estabelece até ouvir o giro da maçaneta da porta a qual estava quase escorada. Rapidamente me enfio dentro de um armário que tinha a porta frisada me permitindo ter uma visão de todo o quartinho cheio de equipamento.

A porta se abre com um rangido agudo e por ela passa o capitão Levi e logo atrás vinha Petra que fechou a porta com um único movimento, batendo-a. O capitão vai até um armário do fundo da sala e retira algumas pistolas de fumaça jogando as na mesa com alguns cartuchos com marcações coloridas. Ele se debruça sobre a mesa parecendo procurar não explodir e colocar os pensamentos em ordem enquanto Petra não parava de falar.

- Levi? Levi você está me ouvindo? Você vai deixar que todos morram por nad... - diz ela chegando a sua frente na mesa procurando estabelecer um contato visual ou uma resposta. Nesse momento o capitão bateu com as mãos na mesa fazendo Petra se calar.

- Os nossos recrutas não serão os únicos a morrer, os recrutas de outros esquadrões também morrerão e é uma missão importante. Nós vamos evitar entrar em zonas com titãs.

Petra se afasta cruzando os braços sobre o peito deixando o lugar em um silêncio absoluto. O capitão Levi olhava fixamente para as pistolas na mesa, mas duvidava que era isso realmente que estava em sua mente.

     - Vai deixar até aquela baixinha incopetente ir? - diz Petra se virando para o capitão.

- Qual é a relação da S/N com isso? - O capitão levanta a cabeça e só então percebe que Petra tinha caminhado até o seu lado.

- Bom eu soube que vocês chegaram ao amanhecer juntos e ela não estava com uma aparência muito apresentável - Ela se apoia na mesa com a lateral do corpo colado na lateral do corpo de Levi. Talvez percebendo o toque físico ele se afasta e fica de frente para ela com um dos braços apoiados na mesa - Sabe que ela não faz o seu tipo não é Levi? - Peraí o que? O que aquela louca estava falando? Meu interesse na conversa aumenta ainda mais, me fazendo ficar mais atenta.

- Mas o qu... - Petra leva seu dedo à boca de Levi calando-o.

- Shh... eu acredito que você mereça uma mulher de verdade, alguém forte e decidida - o dedo que estava sob os lábios do capitão agora percorriam a região próximo do umbigo subindo até o seu peito. Ela se coloca à frente de Levi, o pressionando entre ela e a mesa, mas Levi procurava ir para trás a cada vez que ela se inclinava mais em sua direção. No entanto o mais peculiar da cena era que o capitão ainda mantinha a expressão impassível de sempre sem demonstrar nenhuma emoção ou até mesmo interesse em relação a Petra - Eu quero ser sua Levi, sua para sempre... - ela avança para provavelmente beijá-lo, mas ele a segura pelos ombros empurrando-a e se desvinculando dela e da mesa que o prendia.

- Me perdoe, Petra, mas você merece coisa melhor... eu preciso trabalhar... você está dispensada - Ela sai da sala esbanjando frustração e ao bater à porta o capitão dá um longo suspiro e caminha em direção ao armário que eu estava espremida.

Minha respiração começa a acelerar subitamente e sinto que a cada passo que Levi dava em direção ao armário o meu coração dava um sobressalto. Estava perdida. O que eu faria? O que falaria? "Olá capitão! Não sabia que o senhor tinha fãs". Isso era péssimo. Eu receberia um castigo, além de receber o desprezo do capitão. Era o meu fim como soldada de potencial e valor.

A porta do armário se abre e eu perco o equilíbrio caindo no chão aos pés do capitão. Olho para cima e vejo suas mãos ainda na maçaneta do armário e pela primeira vez vejo emoção em seu rosto. Traços de surpresa se deixavam à mostra e aposto que em meu rosto traços de constrangimento e pânico se atropelavam.

- E aí, capitão!? Tudo tranquilo?

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde as histórias ganham vida. Descobre agora