CAPÍTULO 28

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Nós tínhamos voltado à caverna de cristais e a visão de todas as pedras preciosas ainda me deixava sem fôlego, assim como o resto da equipe que nos acompanhava. Eu e o capitão guiamos uma expedição dentro da caverna, mostrando o caminho que havíamos tomado anteriormente. Eram poucas as pessoas da tropa que nos acompanhavam, já que muitos estavam recebendo treinamento adequado para podermos explorar a caverna e montar a nossa base. Com isso, nossa equipe consistia de muitos espeleólogos que nos auxiliavam com as dificuldades da caverna rochosa que não estávamos acostumados. Apenas alguns sargentos, cabos e cadetes nos acompanhavam, mas nenhum deles eram do nosso esquadrão, ou seja, eu apenas conhecia o moreno que ainda me irritava ao me lembrar do episódio no bar. Quem ele achava que era? Será que pensava que eu não tinha a capacidade de me virar sozinha? Eu não devia satisfação a ele. Ele não era nada para mim. Pensar que ele me achava fraca me irritava constantemente.

- Preste atenção avoada! - O capitão chama a minha atenção quando deixo cair algumas pequenas pedras que provavelmente o tinham acertado.

No momento, estávamos escalando o toboágua em que tínhamos caído. Não foi difícil encontrar o rio subterrâneo que tinha nos carregado, então quando corremos rio acima encontramos a queda d'água. Pela distância que percorremos quase não acreditei o quão longe a água nos havia carregado pela primeira vez. Nós tínhamos escalado a cascata com o DMT, mas não era possível utilizá-lo dentro do tubo em que estávamos. Era apertado e escorregadio. A equipe inteira estava presa em cabos e o capitão estava atrás de mim enquanto escalamos o toboágua. Volta e meia eu escorregava por conta das pedras lisas, mas graças aos cabos presos na minha cintura não escorreguei o tubo abaixo.

Eu estava cansada. Meus braços doíam e minhas panturrilhas latejavam. Não sabia mais quanto tempo se passou desde que vi o sol pela última vez, mas eu sabia que eu estava exausta. Não fazia ideia de onde eu tirava forças para continuar dando um passo após o outro. Toda a minha concentração estava voltada para isso, contudo nem percebi quando um dos espeleólogos me estendeu a mão para me tirar do toboágua. Eu me deito na pedra fria procurando relaxar e esticar todos os meus músculos, mas minha alegria dura pouco.

- Levanta preguiçosa, temos que lembrar de qual direção viemos - Eu bufo com a ordem do capitão e sigo atrás dele procurando qualquer coisa que me remetesse a alguma memória.

Não foi difícil encontrar o caminho certo, então assim que todos saíram do tudo nos colocamos a caminhar novamente. Como essa parte da caverna exigia menos concentração, muitas pessoas da equipe criaram um momento descontraído com piadas e conversas. Eu permaneci alheia à folia ao lado capitão que parecia não ter abaixado a guarda.

Eu focava minha visão sempre à frente esperando ver a luz no fim da caverna, mas ela nunca aparecia. Quando chegamos ao fim, apenas encontramos uma parede sólida, mas ao analisá-la cuidadosamente apronto minhas lâminas e corto a superfície.

- S/N, não! - Levi solta um grito, mas era tarde demais.

A parede se move revelando a luz solar que de primeiro momento me cega. Quando minha visão se acostuma, vejo o rosto do titã, que eu havia cortado, olhando para dentro da caverna. Os inexperientes da equipe entram em pânico recuando mais adentro da caverna.

- Por que você é tão impulsiva? - O capitão se coloca ao meu lado com suas lâminas preparadas.

Eu ignoro o seu comentário sem força para rebate-lo. Então o capitão começa a gritar ordens e todos entravam em posição. Primeiro dois cabos lidam com o titã que estava agachado enfiando a mão gorda para dentro da caverna. A monstruosidade é derrubada facilmente, mas então vemos os dois serem surpreendidos por outros dois titãs. O capitão manda todos avançarem contra eles para tentar salvá-los, mas era tarde, o sangue escorre pela mandíbula do gigante. Levi os ataca ferozmente, então depois de derrubados então percebemos que estamos cercados de uma horda de titãs.

- Voltem para a caverna! Evitem riscos! - O brado do capitão invade os meus ouvidos e começo a recuar instaneamente.

Eu consigo derrubar as criaturas necessárias que entram no meu caminho. Eu vejo alguns dos meus colegas serem pegos e meus olhos caem em um cadete que estava sendo levado a boca. Desvio da rota para a caverna e avanço em direção a nuca do titã. Eu corto o titã e olho para o cadete que vejo se desvencilhando das mãos grandes da fera.

- S/N! - Eu ouço o meu nome e ao olhar para frente me vejo indo rapidamente para dentro da boca de um anormal. Era tarde para frear, teria que torcer para ele me engolir inteira para cortá-lo de dentro para fora. Me posiciono me preparando para o inevitável. Teria que ser rápida, precisa e resistente.

De repente meu destino muda de curso. Uma pessoa me segura nos braços e solta os meus cabos me fazendo ficar sob sua dependência. Eu me surpreendo, mas ao ver quem me carregava sinto a raiva me invadir. Eu tento me desvencilhar do capitão, mas ele me segura mais forte e mais perto.

- Para quieta garota teimosa. Quer morrer? -

Não via mais nenhuma pessoa da tropa, provavelmente todos estavam no fundo da caverna fora do alcance do titã despresiável que bloqueava a entrada da caverna. Apenas eu e Levi ainda estávamos fora. Contudo, paramos acima da caverna, em uma parte plana do paredão de rochas.

- Escuta aqui anãozinho. Eu tinha tudo sobre contr... - Quando eu dou indícios que eu iria me soltar dele, ele leva a sua mão em meu rosto e me puxa selando nossos lábios em um beijo tenro.

Ele me solta me deixando atônita para lidar com o titã que impossibilitava a entrada na caverna. Uma mistura de sentimentos dominava o meu peito. Estava paralisada no lugar, não conseguia me mexer. Minha respiração era profunda e constante, não estava acelerada como antes. Parecia que Levi tinha me anestesiado, toda a adrenalina que corria nas minhas veias parecia que havia sido sugada por ele. Eu ainda conseguia sentir a leve pressão dos seus lábios, a ousada proximidade e a sua mão firme no meu rosto. Eu estava irritada, mas ao mesmo tempo desconcertada. Queria entender o motivo que fazia as minhas bochechas queimarem. Eu não tinha sentimentos pelo capitão, ou tinha? Essa minha reação significa que nunca havia percebido que possuía sentimentos por ele? Ou isso era apenas perplexidade do capitão mostrar tanto afeto comigo? E por que comigo?

- Venha S/N, agora que está tudo seguro vamos voltar - Um dos cadetes me chama me tirando do meu devaneio.

Uso o DMT para voltar à escuridão da caverna que pelo menos escondia o meu desconforto perto do capitão. Que merda tinha acontecido?

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Donde viven las historias. Descúbrelo ahora