S O O J I N A G N O L E T T O.

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EU TINHA EXATOS SEIS ANOS DE IDADE quando fui adotada por Kathleen e Louise Blue Smith. Eu as conheci dois anos antes, quando eu ainda tinha quatro e estava assustada demais para confiar em qualquer um que não fosse as irmãs do orfanato. Fui deixada em frente ao local ainda com poucos meses de nascida, não tenho nenhuma lembrança de meus pais biológicos, a não ser a pequena estrela de Davi que deixaram pendurada em meu pescoço quando me largaram lá.

Lembro de mim como uma criança muito quieta, não gostava de fazer contato com as outras e, certamente não confiava em ninguém que não fosse a irmã Sarah, uma senhorinha muito adorável que cuidou de mim desde o dia em que fui deixada na frente do orfanato.

Quando os adultos visitavam o orfanato, eu rezava para que não me escolhessem porquê, na época, em minha cabecinha muito ingênua de criança abandonada, meus pais voltariam para me buscar em algum momento. E, bem, não, não aconteceu mesmo. Foi quando Kathleen e Louise entraram em ação.

Por alguma razão, que até hoje não consigo entender muito bem, elas não desistiram de mim. Nem quando eu fugi da casa delas. As duas vezes. O que posso dizer? Eu era uma criança realmente muito difícil de lidar, apesar de silenciosa.

Aos poucos, elas foram ganhando minha confiança e eu acabei cedendo. Quero dizer, é claro que eu iria ceder! Por mais desconfiada que fosse, Kathleen e Louise tinham muito amor para dar, e elas se certificaram que eu iria receber isso todos os dias da minha vida enquanto estivesse com elas.

Quando nos conhecemos, Kathleen ainda estava em ascenção como modelo, e eu deveria dizer, ela era sim, uma das melhores da época. Minha outra mãe, Louise, não tinha um destino muito diferente ao da moda. Ela era uma das subchefes das jornalistas da Vogue de Nova York, o que acabou evoluindo, tempos depois, para vice-presidente.

Hoje em dia, aos quarenta e três anos, mamãe Kathleen é modelo aposentada. Mas isso não significa que tenhamos algum tipo de descanso dos holofotes. Ela ainda tem muito destaque, as modelos novatas morreriam para algum tipo de conselho da mamãe. Kathleen é modesta, de montão, e não gosta muito de ouvir o poder que tem no mundo da moda, mas bom, ela ainda tem, e demais. Mãe Louise, por outro lado, é do tipo que gosta de verdade de atenção. As pessoas se preocupam com o que ela escreve, elas realmente sentam atrás de um computador e tremem da cabeça aos pés por uma opinião de minha mãe.

Há, também, Lino, meu irmãozinho mais novo de sete anos. Com ele, as coisas foram diferentes. Ele foi gerado por mamãe Kathleen, o que significava que, de alguma forma, ele era filho legítimo delas. Na época, me senti enciumada com o fato de uma criança tirando completamente a atenção de minhas mães. Mas, quando Lino nasceu, eu acho que fui a mais emocionada com sua chegada.

Meu irmãozinho é um pequeno gênio prodígio, e acho que isso está no sangue, de alguma forma. Ele é mais inteligente e antenado que as crianças de sua idade, aprendeu a tocar piano aos cinco, e entrou para a escolinha de futebol aos seis.

E, por fim, e não tão importante como deveria, tem eu, Shuhua. Nunca me preocupei em realmente perseguir algo que me ligasse ao mundo da moda - eu odeio qualquer coisa relacionado à isso, que fique bem claro - e minhas mães nunca me pressionaram para isso. Quando criança, dizia que queria ser desenhista, meus desenhos eram horríveis e eu não sabia colorir nas margens devidas. Mesmo assim, mamãe e mãe me apoiaram.

Aos nove anos de idade, a coisa mudou completamente de figura e então, eu queria ser advogada. Em partes, mamãe Kathleen ficou surpresa com a escolha, mas feliz e eu via nos olhos dela que estava torcendo para que eu não mudasse de ideia; ela sempre achou o máximo o fato do filho de sua prima ser advogado.

Mas é claro, ao decorrer dos anos, eu percebi que minha cabeça mudava muito, o tempo todo. Fui levada à uma psicóloga com doze anos, eu tinha alguns traumas terríveis sobre ser abandonada, chorava todas as noites quando mamãe Kathleen tinha que fazer alguma viagem porquê pensava que ela iria me deixar. Além do mais, a ansiedade começou a agir cedo no meu caso, foi quando minhas mães tiveram a ideia de aconselhamento.

VERMELHO CEREJA Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ