O Ponto de Interrogação

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Johnny chega na recepção do hospital, aflito. Após receber informações, corre pelos corredores até o hall de espera do Centro de Tratamento Intensivo.

Lá ele vê dois grupos: um era formado por Wanda e Ed, sentados no sofá, lado a lado; o outro formado pelo detetive Allan, três policiais militares e dois homens de terno e gravata. Allan parecia agitado e falava muito, enquanto os demais falavam calmamente. Porém, quando notaram a presença de Johnny, todos se calaram.

- Onde está a Alice? – Perguntou Johnny à Wanda, deixando transparecer na voz o sentimento de desespero. – Ela está bem?

Wanda levantou-se para encontra-lo, e logo puxou-o pelo braço, lhe conduzindo até o sofá.

- Está fazendo alguns exames. Vem cá Johnny, sente-se. Fique calmo que eu vou te explicar tudo.

- Eu estou bem Wanda. A última coisa que quero ouvir é que devo ter calma. O que aconteceu? Até agora não entendo como ela veio parar aqui! Nós estávamos juntos em casa! Antes de eu ir me deitar nós conversamos, e ela disse que só ia esperar mais um pouco e também iria dormir. Como ela veio parar aqui? Por quê? Como...

- Johnny, se você não se acalmar, como vou explicar o que houve? Sei que é difícil, mas preciso que preste atenção. Desse jeito que você está, parece que vai surtar.

Johnny respirou fundo e limpou o suor da testa. Ele precisava concordar com Wanda de que estava prestes a surtar.

- Certo, Wanda. Então enquanto me acalmo, primeiro me conte como ela está. Não, melhor, por que ela está aqui.

- Ela está aqui porque ela sofreu uma queda e bateu a cabeça. Ela chegou desacordada e permaneceu assim até o momento em que conversamos com o médico pela última vez, mas os sinais vitais dela estavam bons e estáveis.

- Mas ela caiu em casa? Como... como nenhum dos funcionários da casa viu? Como você ficou sabendo antes que eu?

- Eu não sei porque ela não foi dormir logo após você, Johnny, só o que posso presumir é que ela resolveu sair depois que vocês conversaram, e ela acabou se machucando fora de casa.

Ele a olhou com uma expressão de dúvida, com o olhar tão perdido que fez Wanda sentir pena de seu amigo.

- E onde ela estava quando a queda aconteceu?

Wanda encheu os pulmões de ar, tentando criar coragem para lhe contar a verdade, mas então a porta do CTI abriu e um médico apareceu.

- Esse é o doutor Diaz, Johnny. Ele é o responsável pelo tratamento da Alice. – Sussurrou Wanda, fazendo Johnny quase saltar em direção ao médico, que logo ficou rodeado por todos que o aguardavam.

- Oi doutor, meu nome é John Dollar, sou marido da Alice, que está sendo atendida pelos senhores. Meus amigos me explicaram rapidamente sobre o estado de saúde dela, mas gostaria de saber todos os detalhes.

- Até que ponto você sabe, John?

- Muito pouco doutor, acabei de chegar. Por favor me explique tudo, como se eu não soubesse absolutamente nada.

- Muito bem. O quadro da Alice é estável. Os sinais vitais estão bons. Começo te passando essas informações, John, para que você possa receber as demais informações com mais serenidade, ok? Sua esposa não corre risco de morte.

Johnny olhou para cima e passou as mãos pelo rosto, sussurrando um "Graças a Deus".

- Ela chegou aqui com dois ferimentos: um ferimento que preliminarmente concluímos ter sido ocasionado por arma de fogo...

- Arma de fogo? – Wanda o interrompeu. – O senhor quer dizer que ela levou um tiro? Achei que tinha sido uma queda!

- Calma, ok? Estou indo por partes. O primeiro ferimento foi – ao que tudo indica – um tiro no braço esquerdo. A bala atravessou o braço e não pegou nada que comprometesse definitivamente qualquer função dele. Como ela foi atendida rapidamente, não perdeu muito sangue, então este não será um grande problema.

Johnny estava em choque. Não conseguia compreender como o cenário descrito pelo médico poderia ter acontecido. Em um momento sua esposa estava em casa, lhe dizendo que logo iria dormir, e no outro ela estava em qualquer outro lugar, levando um tiro.

- O ferimento mais sério foi realmente foi o segundo. Acreditamos que após levar o tiro ela deve ter se desiquilibrado, ou talvez desmaiado, e na queda bateu a cabeça em algo pontiagudo, o que lhe causou um traumatismo no crânio, na região temporal. Estávamos mantendo-a em coma induzido para que ela pudesse se recuperar mais eficazmente caso houvesse uma lesão no cérebro, mas agora pouco saíram os resultados dos exames, e por muita sorte, muita sorte mesmo, ela não tem nenhuma lesão.

- Então ela já saiu do coma? – Perguntou Ed, percebendo que Johnny ainda se mantinha pálido e atônito.

- Aí está nosso ponto de interrogação: nós retiramos a sedação, mas ela ainda não recobrou os sentidos.

- E o que isso quer dizer? – Questionou Johnny, começando a recobrar a cor da face.

- Talvez o corpo dela precise de um pouco mais de tempo para reagir. Às vezes isso acontece, John. Foi uma carga pesada de dor que sua esposa teve que aguentar, precisamos dar tempo para que ela se recupere.

- E pode acontecer de ela... nunca mais acordar?

- Não é esse o caso, John. Não há nada errado fisicamente com o cérebro da Alice. Só precisamos dar tempo ao tempo.

- E eu posso vê-la?

- Imediatamente não. Ela estava sendo transferida para um quarto, então vai levar um tempo até tudo estar pronto, mas já pedi para as enfermeiras avisá-los assim que for possível.

O médico passou mais algumas recomendações e voltou para o CTI.

Johnny levou um tempo processando o que acabara de escutar, mas logo a pergunta anterior lhe voltou à mente.

- Tiro, Wanda? Mas que raios de história é essa? Onde é que a Alice estava? Quem trouxe ela aqui?

Wanda olhou para o detetive Allan, e então desviou os olhos para o chão. Até para uma mulher forte como ela, dar uma notícia daquelas era como jogar uma banana de TNT no chão.

- Por que você olhou para o Allan? O que ELE tem a ver com isso? Fala Wanda! FALA!

Com os olhos arregalados, desconhecendo aquele modo de falar de seu amigo Johnny, Wanda respondeu:

- Ela estava na casa do detetive Allan. Foi ele que a trouxe para cá.


Meu Namorado Bilionário - VOLUME 2Where stories live. Discover now