Encontro Marcado

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A reabertura da Dollar S.I. foi um sucesso, apesar dos esforços de alguns jornalistas para criar uma polêmica e assim ter uma grande notícia.

Desta forma, ao fim do dia, Sezão e Johnny tiveram um pouco de paz para conversar com as crianças e explicar toda aquela situação.

Se reuniram então na casa de Johnny e Alice. Betinho, Willy, Ernesto, Gabriel e Helena estavam sentados no sofá, um bem pertinho do outro, com os olhos arregalados e atentos esperando a explicação dos adultos – Alice, Sézão e Johnny - que estavam em pé, tentando disfarçar o desconforto da conversa. Audinéia estava ao lado das crianças, sentada no braço do sofá, com a cara fechada e os braços cruzados.

Johnny então começou:

- Bem galera, eu sei que o que vocês viram parece meio difícil de entender, mas podem acreditar, tem uma boa razão para o Sezão e eu estarmos vestidos daquela forma.

- Vestidos de rapariga? - disse Gabriel, para espanto de todos.

- Que palavreado é esse Gabriel? Onde você está aprendendo essas coisas? - questionou Alice.

O menino apontou para Audinéia.

- Eu vi aquela tia ali chamando eles disso várias vezes.

Audinéia ficou ruborizada.

- Acho que você não entendeu direito mocinho.... eu quis dizer...

- Acho que falou sim mãe - interrompeu Betinho – Na verdade acho que você usa bastante essa palavra. Você chamou a minha professora de matemática de rapariga, quando ela te chamou na escola pra conversar... chamou a mulher do vizinho de rapariga também, quando ela tava lavando a calçada usando um shortinho curto... ah, até a tia Alice uma vez você chamou, lembra? Antes de conhecer ela, você falou: "Aposto que essa namorada nova do Johnny é mais uma rapariga querendo o dinheiro dele"...

- O que é rapariga? - perguntou Helena.

Audinéia ficou roxa, parecia que iria enfartar.

Sezão colocou as mãos no rosto envergonhado, enquanto Alice e Johnny tentavam disfarçar o constrangimento.

- Esqueçam essa história de rapariga, tá bem? - interrompeu Johnny, percebendo que o trem estavam saindo dos trilhos. - Nós estávamos vestidos como duas distintas senhoras.

- Distintas senhoras? Desculpa tio Johnny, mas vocês eram as mulheres mais feias que eu já vi na vida. E olha que tem muita mulher feia na minha vila...

- Tudo bem Willy, a questão não é essa...

- Elas davam até um pouco de medo, né Willy? - complementou Betinho – O que era o tio Johnnão com aquele cabelo preto escorrido? Parecia até a Samara.

- E teu pai com aquela roupa? O que foi que ele fez pra esconder todo aquele pelo que ele sempre teve no sovaco?

- Vai ver usou pra fazer a peruca do tio Johnnão!

Os dois garotos caíram na gargalhada, enquanto Sezão ficava vermelho de raiva e Johnny suspirava desanimado.

- CALEM A BOCA! - falou Sézão. - Não tão vendo que a gente tá tentando explicar a situação? Não interessa se a gente tava feio, ou bonito, com pelo no sovaco, ou pela na cabeça! A gente tava assim por um motivo muito importante.

Os meninos ficaram em silêncio.

Sézão respirou fundo, olhou para Johnny e Alice, e continuou:

- É tudo um disfarce, ok? O Johnny e eu vamos precisar trabalhar disfarçados por um tempo, e aquela foi a melhor saída que encontramos. Por isso, vocês não podem falar disso com absolutamente ninguém. Ninguém, ouviram?

- E quem vai querer contar isso para alguém? - perguntou Ernesto – Eu não pretendo colocar no Instagram que minha irmã é menos feminina que o marido dela.

Betinho e Willy voltaram a rir, e Ernesto acabou sorrindo também. Pela primeira vez, houve uma conexão entre os garotos.

- Muito engraçado, Ernesto. - reclamou Alice.

- Tá bom, desculpa. Mas olha, acho que a gente já entendeu que era um disfarce. Agora só falta vocês explicarem porquê vocês precisam se disfarçar.

O clima de diversão acabou, assim que as crianças perceberam que a feição de Johnny mudou.

- Bem... vamos lá... Vocês lembram que tivemos alguns problemas na Dollar S.I. ano passado, certo?

As crianças balançaram a cabeça positivamente.

- E sabem que o criminoso nunca foi pego, não é? Então... nós achamos que se nós formos trabalhar disfarçados, teremos mais facilidade de, quem sabe, descobrir mais alguma pista sobre quem fez aquilo.

- Vocês acham que o criminoso ainda está na empresa? - perguntou Gabriel.

- Não, não achamos. Só achamos que as pessoas podem ter medo de falar algo pro dono da empresa, ou pro chefe de segurança, mas que talvez se abram para duas senhoras desconhecidas. Entenderam?

- Sim. - respondeu o grupo de crianças.

- Então e isso, galerinha. Agora esqueçam esse assunto. Vão brincar, estudar, se divertir... é com isso que vocês devem se preocupar. E lembrem-se: isso é segredo absoluto.

O grupinho se levantou e cada um foi seguindo para um lado, deixando os adultos sozinhos na sala.

Audinéia se aproximou de Johnny, Sézão e Alice.

- Vocês tem certeza que é seguro?

Sézão abraçou a esposa e lhe deu um beijo na testa.

- Claro que é. Nem você me reconheceu.

- Mas também né, Sézão? Como é que eu podia esperar que você ia aparecer na minha frente vestido de rapari... é... de senhora distinta.

- Como é que eu ia adivinhar que um dia eu ia ser uma senhora distinta? - disse Sezão, e todos riram.

Diego olhava atentamente para os vinhos que tinha na adega, tentando escolher o melhor para a ocasião. Ele e o namorado Carlos decidiram finalmente oficializar a união, e isso exigia uma comemoração. Olhou o relógio do micro-ondas; em 30 minutos Carlos chegaria, precisava se apressar.

O telefone toca, um único "plim".

"Mensagem?", pensou Diego, "espero que não seja o Carlos desmarcando".

Desbloqueou o celular.

"Número desconhecido?"

Mensagem:

"Oi Diego, aqui é o Sézão.

Perdi meu celular. Preciso falar com você. É urgente.

Pode me encontrar agora?

Vou te esperar na esquina da Rua Elmer com a Avenida Manuel Carneiro."

Diego tentou ligar para o número, mas estava desligado.

Pensou por alguns segundos.

"Que estranho... mas é bem a cara do brucutu do Sézão perder o celular. O que será que é tão urgente? Ao invés do idiota vir aqui pra facilitar. "

Olhou novamente no relógio.

"Hum.... Não tenho muito tempo, mas é tão pertinho... Posso ir a pé. Se eu for correndinho dá tempo."

Pegou uma blusa, saiu do apartamento, trancou a porta e saiu apressado para voltar logo, sem imaginar que alguém já tinha outros planos para ele.

Meu Namorado Bilionário - VOLUME 2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora