Ameno

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Mariangel Lancaster
Rancho Neverland, Santa Ynez
25 de junho de 1992 • 07:13

 O toque agudo do telefone me acorda. Abro meus olhos e me surpreendo com o olhar de Michael sobre mim. Ele não parece ter dormido, ficou a noite toda me encarando? Que bonitinho

 Acabei dormindo aqui mesmo no chão. Ficamos horas em frente ao videogame, era um quebrando o recorde do outro. Depois de tanto jogar iriamos fazer uma guerra de travesseiros e depois iriamos ao cinema, mas, eu dormi

— Não vai atender o telefone noivo? — pergunto preguiçosamente para ele que abre um sorriso bobo, se levanta e anda em direção a mesinha lateral. Ainda olhando para mim ele pega o telefone e atende

— Não — ele diz com um tom fofo e ainda com uma carinha de bobo — Já disse que não — ele suspira enquanto ainda me encara — Vai para o inferno! — ele fala em um tom doce e tão delicado, coloca o telefone de volta no gancho e anda até mim 

— E quem era? — pergunto entre risos para ele que volta a se deitar ao meu lado — Vai, me fala quem era! — ele se deita de lado e apoia sua cabeça na palma da mão. Me viro de lado e espero ansiosamente pela resposta dele

— Me chama daquele jeito de novo? — balbucia com um sorrisão — É tão lindo ouvir você me chamando dessa maneira, mal consigo acreditar que vou me casar com você. Eu estou feliz Angel, feliz demais — ele suspira mais uma vez

— Que lindo meu noivinho — me aproximo. Abraço meu amor e lhe dou alguns beijinhos no rosto — Agora, conta para a sua noivinha aqui, quem era ao telefone?

— Sua mãe! — arregalo os olhos para ele que da de ombros — Ela queria ver você. Aparentemente o advogado do Miguel retirou tudo o que estava no poder dos seus pais. Isso foi um pouco antes de Daniel ordenar que toda a fortuna e posse no nome dele fosse congelado — uau

— Será que eles estão passando necessidade? — murmuro para ele — Eu sei que foram horríveis, mas, são meus pais. Eles me criaram, entende? — ele respira fundo e concorda comigo com um aceno

— Eu já sabia que você iria dizer isso. Se fosse meus pais eu também pensaria dessa forma. Pensando nisso, eu decidi mandar algum dinheiro por mês para eles, mas, em troca eles têm que continuar longe. Não quero que eles te machuquem novamente — assinto — A não ser que você queira ter contato com eles. Se quiser eu não vejo problema, eu serei seu marido, não seu dono. Você pode tomar a decisão que bem entender! 

 — Obrigada — balbucio enquanto tento segurar as lagrimas repentinas — Significa muito para mim meu algodãozinho — mordo o lábio e olho para o teto — Eu tirei a sorte grande, olha quem se apaixonou por mim — sinto sua mão tocar meu rosto com ternura

— Eu te amo minha rainha, sempre respeitarei suas vontades — aceno positivamente para o meu algodãozinho doce. Ele é perfeito.

20:19

— OLHA AGORA! OLHA AGORA! — ele grita, aponta para a tela entre risos bem empolgado pela cena que vem a seguir. Estamos assistindo os três patetas, para ser sincera já assistimos a esse filme tantas vezes que decorei todas as cenas. É incrível como eu também consigo me empolgar e achar graça

 Descobri que temos quase os mesmos gostos bobos para filmes e comida. Isso é ótimo porque nos poupa tempo na hora de escolher algo para comer enquanto assistimos.

21:52

 Solto um suspiro dolorido ao olhar para a tela. Estamos assistindo um dos filmes de Pietra. Nesse filme em especial ela sofre tanto por amor, é isso que mais gosto no trabalho dela. Apesar de ela ser um nome forte para filmes de ação, quando ela atua como a mocinha que sofre por amor, ela capricha!

 Ela já me fez chorar duas vezes apenas com seu olhar dramático. Chorei quando ela viu seu namorado a trair com outra, ela apenas se foi o deixando lá com a outra. Com apenas seus documentos e roupa do corpo ela foi embora para outra cidade e começou do zero

 Anos depois ela o reencontrou, ela estava bem financeiramente e ele estava feliz com a esposa. Ele havia se casado com a garota que ele a traiu. Ele também ficou um pouco chateado por ela ter ido embora sem se despedir, ele sequer sabia que ela tinha o visto com a outra

 Agora próximo ao final, ela está encarando a tela com um olhar tão triste. Ela tem tudo, mas, não tem o que ela sempre quis ter, uma família. Completamente devastada ela olha de longe seu ex namorado se divertindo com a esposa e a pequena filha. Enfim, é um filme cheio de reviravoltas que mexeu muito comigo, o filme se chama Pelo Teu Olhar

— Ela merecia ser feliz — choramingo enquanto seco minhas lagrimas com o lencinho que Michael trouxe para mim. Ele escreveu e dirigiu esse filme. Ele e Pietra formam uma bela dupla

— Lindo esse filme não é? — ele sussurra enquanto coloca o braço ao meu redor — O que vamos ver agora? — ele pergunta baixinho ao meu ouvido de forma bem provocante

— Não sei, escolhe você — digo baixinho para ele. Michael aproxima seu rostinho do meu — Quer ver outro filme ou quer ir ao parque? Caminhar um pouco lá fora? — ele mordendo o lábio concorda com um aceno

— Vamos caminhar lá fora então — ele balbucia sedutoramente — Sabe Angel — ele se aproxima uma pouco mais — Não sabe o quanto sinto sua falta — seu olhar desce um pouco mais... — Meu corpo queima por você. É como se cada pedacinho meu clamasse por você — sua mão desliza por minha cintura e desce até... — Vamos caminhar um pouco, as estrelas devem estar lindas — diz enquanto se afasta bruscamente e se coloca de pé. Pisco algumas vezes e me levanto. Uau.

Latente | Michael JacksonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora