Asqueroso

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Mariangel Lancaster
Mansão Mariangel, Londres
30 de março de 1992 • 21:19

 A casa leva meu nome, mas, eu nem sequer me sinto em casa aqui. Eu e Daniel estamos jogando conforme as nossas cartas. Nos últimos dias eu e Daniel estamos lidando com Miguel como se eu estivesse realmente arrependida de sair de perto dele e Dan, esta sustentando minha mentira e todos os dias sinto falta do meu algodãozinho

 Já faz um mês que estou longe do amor da minha vida. A única coisa que realmente me importa nesse momento é acabar logo com tudo isso e sumir daqui de uma vez por todas. A cada passo que dou nessa casa é uma vontade enorme de chorar

 Esse lugar me faz muito mal. Tudo aqui tem uma lembrança ruim. Desde o corredor ao banheiro. Nunca vou me esquecer da manhã que Miguel quase me afogou na banheira. Após isso ele ainda tentou se desculpar e dizer que me ama

 Isso não é amor, de forma alguma! O que Miguel sente por mim, é um ódio que mal cabe dentro de si. Nunca vou entender o porquê de ele me odiar tanto, não fiz nada a ele

— Senhor Hichello, telefone! — Melanie diz a Daniel que se coloca de pé e despreocupadamente anda para fora da mesa de jantar, me deixando sozinha pela primeira vez com Miguel

 Deixo meu garfo em cima do prato. Vou esperar Daniel voltar para continuar comendo. Não quero que ele me bata por minha mastigação o incomodar

— Não gostou? — ele pergunta em um tom leve — Se não quiser mais, chame por Melanie e ela leva seu prato meu bem — forço um sorriso para ele que aceno negativamente

— Eu só estou dando um tempo para respirar! — digo com um tom contido. Ele odeia que eu fale minimamente alto

— Você já tem um mês em casa, fique a vontade. Pode falar alto ou comer em paz, eu sou outro homem! Minha bebê linda — abre um sorriso maior e mais falso ainda para ele

— Era só Patrice! — Daniel diz enquanto inquieto volta a se sentar ao meu lado — Miguel, eu estive pensando em vender minha parte dos hotéis Hichello. Eu e Patrice não estamos mais nos dando tão bem — ele diz enquanto volta a comer

— É claro que sim! — Miguel diz mais do que depressa e aparentemente preocupado ele encara Dan — Aconteceu mais alguma coisa? — ele pergunta em um tom mais grosso me fazendo arrepiar — Se ela ousou te trair... — Dan aperta o garfo e olha para Miguel o mais sereno que consegue

— Não é nada disso, ela seria incapaz — sussurra — Só as outras Pritchett's fazem isso com seus maridos — ele abre um sorriso assustador para Miguel que segura um sorriso e volta a comer. Mas o que Daniel pensa que esta fazendo? 

— Eu posso me retirar? — pergunto baixinho para Miguel que faz uma cara confusa para mim

— Se retirar por quê? Não gosta de ouvir a verdade! — Dan diz em um tom grosso e forte, sinto um medo fora do comum. Ele me disfere um olhar mortal — Não pense que eu me esqueci. Ele pode ter perdoado você, mas, eu? Nunca! — ele diz com uma raiva

 Espera, esse era o plano então, por que eu estou com tanto medo? Desço meu olhar para o meu prato. Dan continua falando e falando. Eu estou tão tomada pelo pânico de estar nessa casa e na presença dele que eu nem sei como agir a mais nada, não aguento mais esse lugar

 Sinto que a força que ganhei enquanto estava com Michael simplesmente esta desaparecendo aos poucos. É como se a presença dele me afetasse terrivelmente, mais do que deveria

— Vou buscar uma garrafa para você! — Miguel diz saindo depressa de perto da mesa. Ele se retira e Daniel se aproxima

— Distrai ele, Patrice já descobriu onde ele guarda as fitas de segurança! — Dan diz enquanto se coloca de pé — E temos que sair daqui o mais rápido possível, Michael esta doente! Não quer comer, não quer levantar da cama! Patrice disse que ele só sai da cama quando você voltar pra ele! — o quê?

— Aqui esta! Isso vai te tranquilizar! — Miguel fala enquanto entra na sala de jantar, ele serve um Whisky para Dan que o bebe em um gole. Ele não devia sequer estar bebendo. Não mesmo! O que Miguel acha que esta fazendo? Esta simplesmente envenenando o próprio amigo, ele sabe que Dan não pode!

— Vou sair, andar um pouco pela casa, preciso de paz! — Dan anda para a por ta da sala de jantar. Me levanto e ando atrás dele, assim que ele sai, eu fecho a porta. Vou até a outra porta e também a fecho

— O que esta fazendo? — Miguel balbucia logo atrás de mim — Por que esta fechando tudo? — seja rápida Mariangel, seja rápida!

— É que, eu estou com tanto medo de Daniel — forço minha voz para parecer o mais fofa possível

— Não precisa ter medo dele, você sabe, homens como eu e Daniel precisamos desabafar de vez em quando. Não leve a mal as coisas que ele falou sobre você, são apenas a verdade e ele esta estressado! — me viro para encarar Miguel que esta a um passo de mim

 Com meu vestido longo vou até pertinho dele. Meu corpo esta gritando desesperado para eu sair daqui. Mas, não, eu preciso enfrentar isso. Preciso seguir o plano de Daniel

— Miguel — sussurro — Você realmente me perdoou? — faço uma voz fina e meiga — Se sinceramente me perdoou, não vejo o porquê de não retomarmos nosso casamento! Que tal nos casarmos de verdade? — digo enquanto coloco minhas duas mãos em seus ombros

 Meu coração falta pouco sair pela minha boca. Uma vontade enorme de chorar. Quero correr daqui. Quero gritar e berrar aos quatro ventos o quão enojada me sinto por pelo menos estar perto dele.

Latente | Michael JacksonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora