Fúria

340 68 63
                                    

Mariangel Lancaster
Rancho Neverland, Santa Ynez
13 de novembro de 1991 | 15:59

– Tudo o que descobrimos assistindo ao video, foi que a câmera foi escondida em algum canto do quarto! A imprensa já tem conhecimento disso e infelizmente tem pessoas da imprensa falando que Mariangel escondeu a câmera para te chantagear! – Patrice diz desanimada para Michael que esta sentado ao meu lado

 Michael se levanta de uma vez e anda até o meio do escritório. Olha para cima e tenta respirar fundo, mas, parece impossível. Ele passa sua mão por seu rosto com força. Tenho a impressão de que ele não esta surtando porque estou aqui 

– Eu juro que mato esse verme com as minhas próprias mãos se eu o encontrar! Não ligo para a droga da minha imagem! Nesse mundo maldito o homem sempre vai ser o garanhão, mas a minha garota??? Vão falar coisas horríveis dela! Eu não quero isso! Não quero ninguém falando da minha garota! – ele diz entre dentes enquanto anda de um lado a outro

 Encolho-me na poltrona perto da mesa do escritório onde está ocupada por Patrice. Ela simplesmente expulsou River do lugar e ela nem sequer relutou. Patrice é uma líder nata. Todos enxergam River como a líder do Empire Richards, mas, ela só é quando Patrice não está no recinto. Quando ela chega todos já entendem que ela é quem manda. Patri é a menor de todas as minhas irmãs. Apesar do tamanho ela consegue colocar todos em seus devidos lugares. Ela é meu exemplo

– Não é seu momento de ficar com raiva. Senta! – Patrice diz o mais firme que consegue. Ela olha para mim com seus enormes olhos azuis – Minha pequenininha. Como você está se sentindo? Se quiser  e desabafar, olha, fique a vontade! Não pode ficar guardando tanta coisa nesse coraçãozinho Mari – ela diz em um tom doce para mim

– Não, eu já passei por coisa pior! – tento falar no tom mais confiante possível. Não quero que eles se preocupem comigo. Eu vou ficar bem. Sempre fico bem, não é a imprensa que vai me derrubar

– Eu sou completamente a favor da vida, sou uma boa pessoa, mas, Miguel despertou um lado sombrio em mim que só quer ver ele morto! Ele machucou a minha garota de todas as formas imagináveis desse mundo e agora mais isso? ESSE VERME! – ele berra enquanto anda de um lado a outro tão revoltado. Se sente a revolta. O ódio em sua voz e na maneira que ele anda

– Patri, eu deixo tudo em suas mãos. Faça o que quiser da minha imagem, de mim! É minha irmã e sabe o que tem que ser feito – murmuro enquanto me levanto. Ando em direção a ele. Michael para. Olha-me ainda nervoso. Pego sua mão. Entrelaço nossos dedos – Vem meu algodão-doce, você precisa tomar um ar! – digo enquanto o guio até fora do escritório

 Em passos lentos andamos até o hall de entrada e logo após passamos pela porta de entrada. Ele está tremendo. Tremendo de raiva. Andamos pelo sol morninho em direção ao parque. Consigo escutar sua respiração mesmo com a música dos alto-falantes

 Enquanto andamos ele leva a mão várias vezes até a cabeça. Sem dúvida procurando por seu chapéu que ele nem deve saber onde está. Pela carinha que ele está fazendo, sinto que ele vai começar a chorar a qualquer momento

 Apresso um pouco meus passos e ele me acompanha no mesmo ritmo. Ele está respirando pela boca e a todo momento olha para cima. Passamos pelo parque e agora estamos andando em direção a árvore favorita dele

Uma vida toda tão sozinha e então você chega e alivia a dor – canto baixinho enquanto nós aproximamos do tronco. Estico-me um pouco para pegar sua outra mão. Seguro suas duas mãos. Enquanto o encaro a canção continua ecoando pela minha cabeça

 A música é Eternal Flame do grupo The Bangles. É a música que vem me sustentando. A cantarolava em minha cabeça enquanto olhava pela janela. Eu desejava com todas as minhas forças que meu amor fosse atrás de mim e me resgatasse daquela torre de ódio e posse

 Hoje, ao lado dele. Tudo o que posso fazer é cuidar dele da mesma maneira que ele cuida de mim. Fazer tudo o que for possível para que meu algodão-doce fique calmo e feliz. Quero dar a ele tudo o que ele me dá, felicidade

 Ah se ele pudesse ver ou pelo menos sentir a felicidade que sinto quando abro meus olhos pela manhã e vejo seu rostinho lindo me encarando. Sinto-me tão aliviada e é sempre como se estivesse vivendo em felicidade eterna

 Toda essa situação é muito difícil. É complicada e bem, minha imagem já era, mas, pelo menos tenho meu algodão-doce. O meu amor. Meu docinho lindo. Eu sou tão sortuda que nem me permito ser negativa sobre nada, nada mesmo

– A mim eles podem apedrejar. Pisar e humilhar, mas, a mulher que eu amo não Mariangel – me encara. Suas lágrimas descem por suas lindas bochechas saltadas – Com a minha garota não vão mexer, eu não permito! – sua voz embarga. Seu lábio inferior treme. Ele projeta um bico. Abaixa sua cabeça. Seus ombros se movem freneticamente. Seu choro silencioso me atinge na alma

– Meu algodãozinho – o abraço com força. Ele libera seu choro do fundo da garganta. Um dolorido e ruidoso choro. Beijo docemente sua cabeça – Andei pensando. E se mostrarmos as fotos que foram tiradas por seus seguranças no dia que Miguel me agrediu pela última vez? Poderíamos fazer isso em uma entrevista ou poderíamos entregar para algum jornal sério! – ele se afasta e me faz uma careta – É, eles tiraram algumas fotos um pouco antes do médico chegar. Eu pedi a eles e eu pedi segredo! As fotos estão no cofre que você deixou para mim no seu quarto – sussurro 

– Não. Não! – ele reluta – Foto nenhuma devia ter sido tirada! – ele diz em um tom grosso – Patrice vai dar um jeito em tudo isso sem precisar usar essas fotos! Não vai ser preciso! Não quero te fazer reviver dias tão horríveis! – ele esbraveja 

– Sabe que não me preocupo com a minha imagem, não é? Mas, para você importa então. Vamos apenas fazer isso logo. Vamos contar nossa história de amor. Sempre ficam do lado do amor impossível mesmo! – digo entro risos para ele que fecha os olhos e volta a chorar – Eu era alguém que precisava de ajuda, você foi meu herói! Por despeito Miguel fez o que fez! E o que ele fez é invasão de privacidade! Só Deus sabe por quantos anos aquela câmera estava no meu quarto na casa dos meus pais e sem dúvida tinha alguma, no meu quarto na casa dele! Se nós contarmos sobre a violência, quem sabe o mundo abre os olhos sobre ele! – levo minhas duas mãos até seu rosto e limpo suas lagrimas com as pontas dos dedos

– Tudo bem – murmura – Como você quiser minha Angel – balbucia enquanto tenta recuperar seu folego – Vamos acabar com a reputação daquele verme! – ele diz entre dentes. A maneira como ele fala me faz arrepiar.

Latente | Michael JacksonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora