Latente | Michael Jackson

Dor

Michael Jackson
15 de novembro de 1991 • 20:12
Canal 18 | Los Angeles

— Ela sabe que quero muito filhos! — digo entre risos enquanto me viro para olhar Angel — Ela não estava aqui? — faço uma careta para Tatiana que da de ombros — Foi muito bom ver você de novo, mande um abraço ao seu noivo! — ela abre um enorme sorriso para mim e acena positivamente — Já vou, não consigo ficar muito tempo longe dela é como se u não estivesse completo, entende? — ela revira os olhos

— Sempre tão romântico e brega! — ela brinca — Ela é muito sortuda! — suspira — Ela já sabe da surpresa que você esta fazendo pra ela? Deve estar achando estranho você não ter falado direito com ela! — ela diz entre risos

— Eu sou fofoqueiro, acabaria contando pra ela, por isso decidi ficar distante o dia todo! — digo enquanto me afasto. Aceno para ela e ando em direção aos bastidores. Angel ficou apenas alguns poucos minutos longe de mim e eu já estou sentindo a falta dela

 Não é um pouco estranho amar alguém dessa forma? Ela não pode se distanciar de mim que eu já fico muito triste e ansiando pela volta dela, mesmo que ela tenha ido apenas na cozinha. É, parece estranho

 Mas eu não ligo, a amo tanto que até essas coisas estranhas podem ser relevadas. Não vejo a hora de finalmente revelar a surpresa a ela. Quero tanto que ela fique comigo pra sempre. Seria o melhor presente da minha vida

 Um grito estridente me tira dos meus pensamentos. Com meu coração na mão corro em direção ao camarim em que estávamos. Os seguranças estão tentando entrar, mas não conseguem

— Derruba! — digo firmemente para Warren que me obedece de imediato e arromba a porta. O que vejo faz meu sangue ferver. Miguel esta agarrando a minha mulher! Uma pergunta que esta ecoando por minha cabeça é, como esse infeliz entrou aqui com todos os meus seguranças perto?

 Entro completamente cego de raiva e o acerto. Ele larga Angel que cai no chão e se encolhe. Miguel me acerta um soco na boca. Completamente fora de mim, revido. De novo. De novo e de novo. Ele cai. Como louco continuo

— Senhor Jackson o senhor vai mata-lo! — um dos seguranças diz enquanto mais alguns me tiram de cima de Miguel. Wayne leva Angel em seus braços para fora do camarim e Warren me puxa para fora — Tente se controlar! Ela precisa de você, não se esqueça que pessoas como nós são presas só por respirar senhor Jackson! — ele tem toda razão. Olho para cima e respiro fundo

— Ligue para Petra, avisa que pegamos o verme e ela saberá o que fazer! — digo friamente enquanto ando na direção que Wayne levou Angel. Alguns dos seguranças me acompanham. Tiro uma máscara no bolso e a coloco sobre o rosto. Corro para o carro antes que comecem a gritar meu nome. Entro no carro. Ela não esta aqui. Sem dúvida esta no outro. Deus. Ela deve estar apavorada. Minha pobre garota.

Rancho Neverland, Santa Ynez
23:59

 Saio do carro e corro para casa feito uma criança que levou um tombo e quer muito contar a alguém. Subo as escadas. Corro para o quarto. Abro as portas. Meu coração se acalma ao ver minha pequena que tem a minha altura, deitada na cama. Ela está toda encolhida. O dia foi difícil pra ela

 Minha Angel esta usando um dos meus pijamas. Ele é azul com listras brancas. O cabelo dela esta um pouco molhado. Ela deve ter tomado banho. Deus. Eu só preciso saber se ele tocou nela. Se ele a machucou eu volto e mato ele!

 Fecho as portas. Me agacho. Desato o laço do pequeno cadarço do meu sapato. Me levanto novamente e os tiro com auxílio dos meus pés. Tiro o terno e gravata. Usei porque sei que Angel gosta. Apenas usando uma camiseta branca e minhas calças de alfaiataria, ando em direção a Angel. Tiro a máscara cirúrgica do meu rosto para que ela não se assuste caso acorde

 Assim que fico bem pertinho dela, passo meus olhos por todo seu rosto. Ele fez algo com ela. Eu sei que fez. Mas, não bateu em seu rosto. Sei que ele fez algo porque ela tomou banho assim que chegou e quando ele a agredia ela tomava banho

 Ela tomava banho para limpar o sangue que ele sempre deixava. Deus. Olho para o teto. Meus olhos se enchem. Minha Angel. Como posso te pedir em casamento amanhã? Não tem nem clima pra isso

 Me sento na lateral da cama. Apoio meus cotovelos em meus joelhos. As lagrimas do meu choro silencioso descem lentamente. Mesmo que eu tenha acabado com aquele imbecil, não consegui impedir que ele chegasse perto dela

— Michael — ela murmura com uma voz fraca e sonolenta. O abajur se acende — É você mesmo, eu pensei que tinha me abandonado — ela sussurra. Quê? Como assim abandonado ela? — O que foi? Você esta chorando?

— Como assim te abandonado? — pergunto enquanto me viro para olhar diretamente em seus olhos. Ela arregala os olhos assim que olha para mim. Se levanta da cama e para em minha frente. Segura meu rosto com às duas mãos. Ela desce seu olhar e abre a boca em um O quando nota o quanto minha mão está machucada

— Ele fez isso com você? — pergunta em um tom firme. Ela parece estar com raiva. Então, Mariangel é mais parecida comigo do que eu já sabia. Ela gosta de proteger

— Esse soco não foi nada. Ele só me machucou de verdade quando tocou em você. Até agora a minha raiva nem sequer me deixa sentir a dor desse soco ou da minha mão. Angel, podem me matar, mas não tocar no que eu amo. Isso eu não permito. Não toquem na mulher que eu amo, eu não permito — minha voz embarga. Angel me puxa para um abraço acolhedor — Minha Angel, ele nunca mais vai se aproximar de você. Acabou. Ele pode falar o que quiser para a imprensa, não veremos mais nada. Vamos viver nossa vida, o deixe falar o que bem-quiser, não vai mais nos atingir! Vamos apenas focar em nosso futuro minha rainha — minha garota beija o topo da minha cabeça e acaricia carinhosamente meus cabelos. Gradualmente me acalmo. Ela tem o poder de me acalmar como ninguém, ela é perfeita. Minha Angel nem sequer deve imaginar o tamanho do poder que tem sobre mim.