MANDONA

Capítulo 33

MARIA JÚLIA

O meu mundo caiu, as lágrimas se formaram em meus olhos e senti queimá-lo, pisquei algumas vezes e elas escorreram pelo meu rosto. Nós 3 estávamos em êxtase, Carol olhava para o chão enquanto Chloe se aproximava do meu pai, seu olhar me seguiu e engoli seco.

Chloe: quando o senhor descobriu? -perguntou tocando seu braço e ele desviou o olhar para o teto por alguns segundos como se tivesse querendo afastar as lágrimas, pude ver quando engoliu seco e encarou a minha irmã-

Victor: há alguns meses, encontrei um médico em Atlanta muito bom, indicação da Telma.. -parou de falar na hora e respirei fundo balançando a cabeça-

Maju: da sua namorada, pode dizer pai -falei alto em bom tom- aqui ninguém é mais criança, e você bom, está solteiro a 16 anos né?

Chloe: Telma? -meu pai balançou a cabeça afirmando-

Maju: a namorada dele de 20 anos -falei e me arrependi logo, o seu olhar estava mesmo triste de fato não era uma mentira, ele não estava contando uma história triste, ele não estava fingindo como no enterro da minha mãe- desculpa, eu...

Victor: eu sei o quanto é difícil pra você Maria Júlia -falou calmo, pela primeira vez em anos- ela entrou na minha vida tem 1 ano e não estava preparado para apresente-la pra vocês, e aí veio essa bomba -ele suspirou ainda me olhando- e é por isso que eu queria te afastar de Lucca.

Maju: não coloque a culpa na sua doença, você foi rude, foi grosso, destratou Lucca e me bateu -falei com uma pontada no coração e engoli o nó-

Chloe: como assim? -minha irmã falou me olhando- te bateu?

Carol: Sim, um tapa -Carol interrompeu e meu pai estava com os olhos fixos para o chão-

Victor: Eu precisava achar um jeito de afastá-la dele, de levar vocês comigo, eu não consigo enfrentar isso sozinho! -falou entre lágrimas com a voz embargada-

Chloe se aproximou dele novamente e abraçou meu pai, mas eu? Eu não conseguia me mover, eu estava perdida e sem saber o que fazer. Minha mãe chegava hoje, iríamos soltar uma bomba na nossa família e meu pai estava morrendo.

LUCCA

Eu realmente precisava resolver as últimas coisas com Marcos antes dele ir para Atlanta em paz, sem peso na consciência. Havíamos passado tudo para o meu nome, literalmente tudo. Estávamos sentado no bar bebendo o nosso último whisky juntos, preferi não estar presente no jantar com a Maju porque precisava me decidir, largaria o exército ou não? Que decisão do caralho.

Quando parei o carro na frente de casa vi a Mercedes do Luan do outro lado da rua, respirei fundo e entrei. Ele estava sentado na mesa com uma caneca de café enquanto minha mãe fazia os doces, engoli o sapo de sempre e abri um sorriso.

Nice: Oi filho, estou fazendo alguns doces e tem um especial para a Maju, você vai sair logo? -ela me olhou de lado e balancei a cabeça negando-

Lucca: Vou vê-la depois do jantar mãe, pode ficar tranquila.

Luan: é o caso de vocês está sério mesmo ela já até conheceu a mãe -falou com um sorriso no rosto e continuei com a cara fechada-

Lucca: não é um caso Luan, não trato a Maria Júlia como você trata a sua - falei sem pensar, ou pensei 2x? ah foda-se, eu nem sei o que ele quer na nossa casa-

Nice: vocês dois não comecem! -mas o sorriso no rosto do meu irmão eu conhecia bem-

Luan: eu acho estranho ela nesse patamar todo de vida metida em um relacionamento desse -ele riu baixo e observei quando minha mãe colocou a embalagem do doce na mesa-

Nice: Luan por favor vá embora.

Luan: ah mãe, para com isso -ele continuou rindo e me olhou- Lucca não é mais criança.

Nice: e você também não -ela encarou meu irmão que tirou o sorriso do rosto sem eu precisar dizer nada-

Tomei um banho demorado, precisava esfriar a cabeça, Luan sempre foi assim desde pequeno. Nunca fomos unidos, ele sempre teve essa rincha que só existe da parte dele porque eu mesmo sempre liguei o foda-se, e quando ele se mandou junto do meu pai eu dei graças a Deus que levaria a vida somente com a minha mãe.

Já havia escurecido, estava deitado com o notebook no colo preparando a minha carta de demissão do exército e era um misto de sentimentos, eu sabia que tinha nascido pra isso mas queria seguir um caminho diferente. Minha mãe bateu 2x antes de entrar, sentei na cama colocando o notebook na mesinha, ela me olhou e estava preocupada, conhecia bem aquele olhar.

Lucca: não precisa ficar assim -falei batendo 2x na cama ao meu lado pra ela sentar e a mesma veio em minha direção-

Nice: pra mim como mãe é difícil ver vocês dois assim -ela suspirou- mas eu também sei o quão difícil o seu irmão é, e como ele é soberba -falou séria-

Lucca: ainda bem que eu puxei você -rimos e ela balançou a cabeça concordando-

Nice: eu não fui presente na criação dele, não o culpo por ser assim, afinal, o seu pai é movido a dinheiro, tudo pra ele o dinheiro está no meio e Luan cresceu assim.

Lucca: mas a senhora não tem culpa mãe, ele escolheu o caminho dele e escolheu ser assim -peguei sua mão e dei um beijo rápido quando meu celular tocou- é a Maju -falei e atendi-

IDL

M: Lucca, me encontra no aeroporto o voo da minha mãe já chegou -sua voz estava embargada e fechei os olhos balançando a cabeça-

L: fica aonde você está, eu te pego ai, não sai dirigindo por favor.

M: já é tarde, estou pegando a estrada que é mais rápido, por favor -um soluço saiu entre a palavra-

L: amor, por favor para o carro -falei calmo e peguei a chave do carro, olhei pra minha mãe afirmando com a cabeça e saí correndo de lá-

M: eu não sei o que fazer, meu pai está com câncer estágio 4 -liguei o carro na hora e saí, engoli seco e balancei a cabeça. merda. merda. merda-

L: princesa eu te peço, para esse carro eu já estou no caminho, chego aí logo e vamos resolver tudo isso.

M: o voo dela já chegou Lucca, eu preciso buscá-la, não pode acontecer mais nada -ela estava chorando e meu coração acelerado-

L: para no primeiro posto que encontrar e me manda a sua localização, você consegue fazer isso? -A ligação ficou muda até cair, liguei de novo e nada dela atender, 2, 3, 4, 5x..-

FDL