Lilian

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Lena:

- Vão ajudar ela - Digo pra Alex e Kara - Eu fico aqui pra continuar procurando informações.
- Certeza? - Kara pergunta preocupada - Não quero te deixar sozinha nesse lugar.
- Eu vou ficar bem, meu amor - Beijo os lábios dela rapidamente - Agora vão logo, ela pode estar em perigo.
Kara e Alex saem apressadas da casa e eu volto a me concentrar no quarto de Lex. Tiro tudo que há dentro do cofre e jogo em cima da cama. A poeira dos objetos me faz espirrar e o cheiro de velho embrulha meu estômago. Separo todos os itens e os analiso. Dinheiro, jóias, projetos de armadura, diários e o relógio de pulso do nosso pai. Seguro o pequeno circulo dourado, com ponteiros e números pretos, entre minhas mãos e deixo minha memória me levar de volta pra quando eu era apenas uma adolescente.

Flashback On:

- Como a garota mais linda e inteligente desse mundo foi na escola? - Meu pai pergunta quando entramos em sua sala.
- Fiz uma nova amiga - Conto entusiasmada - O nome dela é Andrea. O pai dela também é um grande empresário, como o senhor.
É uma sexta-feira ensolarada e quente e meu pai fez questão de ir me buscar no internato pra passar o fim de semana em casa. Provavelmente isso não iria agradar minha mãe.
Me sento em uma das poltronas de couro e atiro minha mochila no chão. Observo atentamente a sala e os movimentos de meu pai em sua cadeira enorme e extremamente confortável, sem nem imaginar que um dia eu estaria sentada naquele lugar.
- Logo nós vamos para casa - Meu pai diz.
- Eu gosto de ficar aqui - Digo na intenção de deixá-lo tranquilo pela demora.
Menos de uma hora depois, nós saímos pelo elevador principal da L-Corp, na época Luthor Corp, e descemos para o estacionamento. Quase chegando ao carro, ouvimos alguém falar atrás de nós.
- Lionel! - A mulher chama e nós olhamos em sua direção. Vejo o semblante de meu pai se fechar e ele me encara.
- Entre no carro, Lena - Lionel ordena e eu obedeço.
Apesar de sua expressão séria, eu era apenas uma adolescente, era óbvio que eu continuaria olhando pela janela.
- Você esqueceu isso...ontem - A mulher diz, mostrando o relógio, e só então eu paro pra prestar atenção nela. Parece ter entre vinte e cinco a trinta anos. É loira, alta e possui um corpo de quem fica horas na academia. Os olhos são azuis e os cabelos fazem uma cascata ondulada, que cai sobre seus ombros.
Ela tem um sorriso provocativo nos lábios espessos, que logo é desfeito quando meu pai sussurra alguma coisa. A mulher direciona seu olhar curioso pra mim e me encara por alguns segundos, me deixando desconfortável. Ela volta a olhar para meu pai e sussurra algo em resposta. De lado, vejo meu pai sorrir e eles vêm em direção ao carro. Meu pai abre a porta do lado do motorista e entra, enquanto a loira abre a outra, também entrando. Antes de colocar o cinto de segurança, ela vira seu corpo para trás e sorri para mim.
- Olá, Lena - Ela diz - É um prazer finalmente te conhecer. Seu pai fala muito de você.
- Quem é você? - Pergunto sem pensar muito.
- Meu nome é Kirsten, sou amiga do seu pai - Ela responde e naquele momento eu já sei que ela pode ser tudo, menos amiga do meu pai.
- Vamos dar uma carona para Kirsten - Meu pai afirma, já manobrando o carro.
Durante todo o trajeto, observo a interação dos dois e minha teoria só fica mais forte. Sinto meu coração apertar ao pensar na minha mãe e na possibilidade de ela estar sendo traída. Pela primeira vez na vida, sinto raiva do meu pai.
- Espere aqui. Eu não demoro - Lionel diz, tirando o cinto de segurança e descendo do carro junto com Kirsten.
Os dois entram em uma casa bege, classe média, em um bairro calmo e aparentemente bom. Há pouco movimento na rua, com exceção de algumas crianças brincando perto da esquina.
Ele retorna realmente depois de pouco tempo. Quando senta no banco do carro, percebo sua camisa desarrumada e alguns arranhões em sua nuca. Seu perfume está misturado com o de Kirsten e seu lábio inferior levemente inchado. Ele se arruma olhando através do espelho retrovisor e joga o relógio em cima do banco vazio ao seu lado.
Ao chegarmos em casa, Lilian não esconde o desgosto ao me ver. Ela vai em direção ao meu pai e seu sorriso se desfaz por algum motivo. Os dois começam a discutir baixo e eu me pergunto se sua reação é porque ela também percebeu os mesmos detalhes que eu. Subo direto até o quarto de meu irmão, que ainda era meu refúgio dentro dessa casa. Lex estava deitado em sua cama, lendo algum livro, cujo nome não me lembro. Eu chamo sua atenção com urgência e começo a contar as coisas que eu vi. Lex ri debochado, me deixando confusa.
- Jura que você só percebeu agora que nosso pai é infiel? - Ele diz rindo.
- Ele já fez isso antes? - pergunto desapontada.
- Lena, ele faz isso desde sempre - Lex afirma - Olha, eu não iria falar nada agora, mas você merece saber a verdade e eu acho que você já é grande suficiente pra lidar com ela.
- Verdade? - Fico confusa.
- Você realmente tem o sangue Luthor, irmãzinha - Ele diz me encarando - Sabe como? Nosso pai engravidou uma das amantes. A sua mãe biológica. Você é fruto da infidelidade do nosso pai
- O que? Não! - Nego - Minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos. Eu fui adotada por Lionel e Lilian.
- E por que você seria adotada justamente por Lionel e Lilian? - Ele retruca - Eu sinto muito que você saiba disso dessa forma, mas eu não acho justo eles ficarem escondendo a verdade de você. Eu só quero o seu melhor.
Hoje sei que Lex só queria mesmo me machucar. Consigo lembrar do seu sorriso malicioso quando me contou a verdade. E consigo lembrar dele se desfazendo quando meu pai apareceu na porta do quarto.
Com lágrimas nos olhos e tomada de raiva, me viro para encara-lo.
- Isso é verdade? - Pergunto chorando - Minha mãe era sua amante? Você é meu pai biológico?
- O que você fez? - Meu pai questiona Lex, extremamente furioso.
Ele me encara uma última vez e a partir daquele exato instante, nossa relação nunca mais foi a mesma.

O que resta de nós? - SuperCorp(G!P)Where stories live. Discover now