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  Passou uma semana desde a vinda da rainha Briella ao convento.

  Tudo parece que voltou ao normal, algumas meninas foram para o castelo, Morjorie me disse que algumas delas chegou a fazer o teste de DNA, o padre Miguel me convidou a ir mas eu recusei, a madre Aidam também me aconselhou que eu não fosse. Porque por mais que eu fosse princesa mesmo sabendo que não sou, eu jamais aceitaria o destino de ser uma princesa.

  Estou no abrigo dando ensinamentos bíblicos para as crianças da fachetaria de 6 a 8 anos de idade. Gosto de estar aqui, na verdade eu daria a minha vida se não fosse por isso aqui. É onde eu me sinto bem, me reconheço, e entendo cada criança que sente falta dos pais.

  — Tia, o que achou desse peixão? - Lorie pergunta. Ela desenhou o peixe que engoliu Jonas, o peixe está deformado, e além do mais o corpo está maior que a cabeça.

  — Nossa que lindo! - falei pegando o papel - o que acha de colocar cores como laranja e verde? - falei mesmo sabendo que não ia ajudar muito. O desenho tá horrível.

  — Ótima ideia! - falou empolgada

  — Lia. - a madre Aidam entra no sala um pouco tensa. Acabei tomando um susto quando ela me chamou porque estava distraída com as crianças.

  — Madre, aconteceu alguma coisa? - pergunto preocupada e ela coloca a mão no rosto

  —Houve um acidente, com Marjorie. - ela fala e eu sinto minha pressão baixar de uma vez, como se eu tivesse engolindo uma bola

  — O que... - sussurro pois minha voz não sai.

  Marjorie é minha única família. Fora a Madre Aidam que cuidou de mim, Marjorie é minha irmã, como se fosse de sangue.

  — Estou a caminho do hospital. - disse desesperada - vamos.

  — Ela está morta? - falo indo atrás de Madre que anda às pressas. Pela preocupação dela é a única coisa que me vem a cabeça - Madre Aidam por favor... - não conti a voz de choro - por favor! - grito com ela e dessa vez e ela e todas as crianças do abrigo me encara

  — Eu não sei! - disse impaciente - vamos!

  Pego meu pingente de cruz que estava encima da mesa de brinquedos e vou correndo até o carro que a igreja nos disponibiliza em caso graves como esse. A viagem é longa, são três horas de pura agonia e medo. Liguei para Marjorie trezentas vezes e as trezentas deu desligado. Estou apavorada como nunca fiquei na vida, sinto medo, um medo absurdo que eu só via quando fui em velórios de pessoas desconhecidas, eu via de fora e tentava entender aquela dor e nunca conseguia, nunca consegui senti empatia o suficiente para entender, mas agora eu sinto como é.

.....

  Chegamos no castelo e eu mal reparo nos detalhes que sempre quis conhecer, passo pelos guardas da grande portaria indo direto para a porta principal, a estrada do castelo é enorme, e é como se eu já conhecesse o caminho.

  — Malía, espere! - A madre Aidam  me grita mas eu a ignoro

  Abro a porta que estava entre aberta e tomo um susto. Me deparo com Marjorie em pé ao lado da rainha Briella, as duas estão me encarando como se soubesse que eu passaria por essa porta. Marjorie não parece ter sofrido nenhum acidente.

  — Marjorie? - deixo escapar um sussurro

  A rainha usa um vestido amarelo longo, seu cabelo está no mesmo penteado que ela usou quando foi ao convento, seus olhos não desgruda de mim nem por um segundo.

Quando eu me exito dizer algo a respeito desse absurdo todo, de repente um lobo preto dos olhos vermelhos surge atrás do trono que só notei agora que estava presente conosco. Sinto medo, estou e não estou sozinha. Recuo quando o lobo começa a se aproximar cada vez de mim de uma forma ameaçadora, tento dizer algo ou sair correndo mas a situação não permite que eu me mova.

A Freira e o Príncipe - +18Where stories live. Discover now