A queda estava longa demais, talvez a adrenalina fizesse as coisas serem em câmera lenta, talvez assim que eu fechasse os olhos veria cada momento da minha vida, passando em um telão e então tudo acabaria.
Talvez... Me permiti fechar os olhos e ao...
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𝙰𝚞𝚕𝚊 𝚍𝚎 𝚊𝚛𝚝𝚎𝚜
A sala era grande, paredes brancas manchadas com respingos de tintas que provalvelmente não eram propositais mas que deixava o lugar mais bonito ainda, muitos cavaletes, telas e tintas espalhadas. Lilith ao entrar naquele lugar sentiu-se bem e até mesmo alegre, quase em paz. Mesmo que aquela sensação não tenha durado muito já que logo sentiu olhares a avaliando e logo burburinhos foram ouvidos.
- É a filha da Rainha de copas.
- O que o príncipe Ben tem na cabeça ao colocar filhos de vilões como eles junto conosco?
- Deve ser que nem a mãe, afinal, são filhos de vilões.
- Acho melhor ela não chegar perto de mim, não quero ser roubada.
Aquilo deveria a fazer se sentir mal, porém impressionantemente, não foi isso que sentiu.
Esses encantados deveriam agradecer aos deuses por ter uma presença como a dela, ajoelharem aos seus pés.
Talvez aquele pensamento fosse egocêntrico para alguns, mas pra ela aquilo era a pura verdade e devia ser cumprida.
- Oh, você deve ser a Srta. Lilith certo?- Uma mulher jovem que provavelmente seria a professora se aproximou da ruiva, ela usava uma calça moletom lilás e uma regata marrom claro. Seus traços eram delicados e bonitos, seu cabelo castanho batia em seus ombros, tinha olhos verdes e aparentava ter pouca idade, talvez 20 ou algo aproximado.
Helena Bezzera, filha da Rapunzel.
Seriamente, qual era o problema dela com as mulheres do reino de Corona e por que elas tinham que ser tão bonitas? Daqui a pouco ela pegaria até o filho do lagarto verde da Rapunzel.
Essa aula irá ser interessante.
- Quem fez a fofoca?- Lily diz com um sorriso que em sua opinião era sedutor. A mulher riu de seu comentário.
- A realeza adora uma fofoca.- Disse em um sussurro ao chegar perto como se contasse um grande segredo, sendo essa a vez de Lilith sorrir.- Sou Helena, sua professora de artes. É um prazer conhecê-la finalmente.
Helena foi surpreendida quando ao invés de apertar a mão no qual a havia estendido, a garota a virou e depositou um beijo no dorso de sua mão.
- Acredite, o prazer é todo meu.- Em um sopro de voz, foi dito deixando-a desnorteada. Aquilo fez a ruiva sorrir vitoriosa. Tinha alcançado seu objetivo.
- O-otimo.- A mais velha desvencilhou-se do toque, corada fortemente.- Sente-se ali e vamos começar a aula.
Dirigindo-se ao lugar mandado no fundo da sala, sentou-se em frente a uma tela ainda em branco. Ao lado possuía tintas e pincéis de todos os tipos e cores para que pudesse criar uma arte que contasse a mais bela das histórias. Pintar e desenhar era a parte favorita de seu dia, onde só havia a folha, o lápis, suas memórias e sentimentos turbulentos.
- Bom, sejam bem-vindos todos vocês.- disse a jovem e bela professora animadamente.- Hoje vocês irão pintar com o tema livre, se expressem através da arte. Podem começar.
Observando aquela vasta branquidão que logo seria repleta de cores, texturas e formas que irão contar uma história.
A arte de pintar é a arte de exprimir o invisível através do visível.
O pincel deslizava pela tela, expulsando o branco por tons de azuis.
Pintar é uma maneira de esquecer a vida. É um grito na noite, um riso estrangulado.
Detalhes, outro pincel, novas cores.
O que pintores fazem é tentar pintar com palavras as suas fantasias diante do assombro que és a vida.
Última pincelada, estava orgulhosa de seu trabalho, era uma ótima imagem.
A ruiva ao vira-se em direção a que sentia ser observada, seus olhos esverdeados encontraram-se com o mais bonito azul dos olhos de um garoto. Cabelos loiros com algumas mechas azul bebê que vinha até um pouco acima da orelha que continham brincos pequenos, pele pálida mas não chegava a ser como a sua, a boca era bem delineada e chegava a ser convidativa.
Terminando de analisar o garoto no qual também fazia o mesmo, voltou seu olhar para a tela fingindo não ligar para o olhar nada discreto do desconhecido.
- Você é Lilith, filha da Rainha vermelha não é?- O loiro puxou assunto se voltando também para sua tela mas continuando a olha-la pelo canto do olho. Já estava ficando irritada apenas pelo fato em que todos diziam sobre ela como se fosse uma sombra da mãe.
- É, as notícias voam por aqui.- Respondeu com falta de interesse.
- Sou Liam, acho que você não sabe quem é minha mãe mas...
- Eu sei quem é sua mãe.- Diz o cortando.- A Alice boboca. Estou errada? Ah, não me diga. Eu sei que não estou.
- É, as notícias voam por aqui.- Disse imitando-a com um grande sorriso.- Bela arte.
Um mar turbulento como sua mente ocupava o antes extenso branco vazio da tela. Se odiou por tê-lo pintado.
- A sua pintura não chega aos pés da minha mas dá pro gasto.- As palavras da vilã era carregadas de sarcasmo e diversão.- Me diga. O que alguém como você está falando com alguém tão belo como eu?
- Oh, me desculpe por dirigir minhas limitadas e feias palavras a ti, alteza.
- Que isso não repita e se ponha no seu lugar, plebeu.- As risadas provalvelmente foram altas demais, ouviram uma censura para ficarem em silêncio.
