- Está perfeito! Você está indo muito bem, Jullie! - Sorri sincero.

- Então...

- Então que você está liberada para aula, para a vida!

Nossa, eu posso pular e gritar? Não não, se contenha.

- Obrigada doutor!!! - abro um enorme sorriso para demonstrar minha satisfação com as boas novas.

- Uma coisa Jullie... Nos veremos uma vez por ano, tudo bem? Não quero perder o contato!

Dessa vez, o senhor sorri, e desvia teu olhar a Lucy. Perai, ele ta tentando flertar com a Lucy? Eu não acredito, é melhor eu segurar esse sorriso que quer sair.

Lucy concorda e olha para mim

- Voltaremos em um ano, doutor. Mais algo?

É, ela ficou nitidamente desconfortável.

- Não deixe de usar as medicações, garota. Isso vai te manter bem e estável!

- Obrigado, doutor! - Me levanto e assim como eu, Lucy também.

Ao sair do consultório, fomos caminhando pela calçada em direção ao mercado próximo que havia ali, o qual, Larissa estivera fazendo compras.

- Aquilo foi um flerte? - a cutuco provocando divertida.

- Esse doutor... olha, eu só venho porque é com você, muito sem noção - fala indignada, esboçando insatisfação - da fruta que ele gosta eu chupo até o caroço.

Eu ri, Lucy e essas expressões explícitas.

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~ dia seguinte ~

Sexta-feira! Ahhh, que belo está esse dia, e sabe pra quem está mais belo? Para mim, afinal voltarei a dinâmica da minha vida, eu nasci pro drama de ser maluca numa universidade, tenho certeza!

Abro a janela, e me sento na escrivaninha do quarto para verificar caderno, estojo e afins...

"Toc Toc"

- Entra! - exclamo.

Lucy entra com um sorriso curto

- Tem visita, mocinha. - fecha a porta.

Visita? Mas que horas de visita em.... Já estava trocada adequadamente para meu retorno triunfal.

Fui caminhando pelo corredor da casa e ouvindo os murmúrios vindo da cozinha. Deus queira que eu esteja errada...

- Oi - quando apareci pela porta da cozinha, soou um cumprimento tímido e sem jeito do outro lado da mesa.

Eu to acordada mesmo? Não consegui responder porque talvez eu não saberia como responder a essa "oi" em específico.

Me sentei na mesa, junto de um pão e uma faca para eu rechear meu café com patê.

Lucy deixa a cozinha tocando em meus ombros e os palpando levemente. Eu entendi o recado...

Tinhamos que ficar a sós. Mas foi os 30 segundos mais agoniantes de minha vida. Sem assunto ou sem disposição para discutir?

- É sério que não vai me responder? - A voz ecoou um pouco mais alta do outro lado da mesa.

- É sério que está aqui? Acho que... não temos nada pra falar mais.

- Temos sim! Você sabe que temos...

- Porque? O que você veio fazer aqui?

- Bem... eu soube que seria seu primeiro dia de volta, eu queria ir com você, somos amigas... éramos, não sei... - abaixa sua cabeça meio confusa.

- Acho que não somos não. Agradeço por ter vindo, mas ainda me lembro o caminho de lá.

- Não precisa ser assim, Jullie. Você sabe que tenho sentimentos fortes por você...

- Não ouse... - dou um gole em meu suco - é melhor você ir.

- Fugir de mim vai adiantar alguma coisa? Vamos nos ver todos os dias. Precisamos conversar.

- Precisamos? Olha, eu prefiro evitar essa conversa, pelo menos por enquanto. Não sei o que você define quando fala sobre sentimentos, mas o que me mostrou é muito diferente disso.

Dou a última golada, deixo o copo na mesa e dou as costas.

- Jullie... por favor - me segura levemente pelo braço.

Me viro, olho em seus olhos que já estavam marejados. Não dá.

- Por favor, Aisha. Não.

Me solto e vou saindo do cômodo, pego minha mochila e saio de casa sem me despedir das meninas. Desço as escadas correndo, meio sem rumo. É um bom começo, turbulento como tudo na minha vida. Porque seria diferente agora?

PsicoLove.Where stories live. Discover now