cap 37 - Pamela e Ricardo

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-Pai? -perguntei confusa-

Ele veio em direção e disse:

-Sou eu, Pampam. Eu sou seu pai -senti um choque ao ouvir aquelas palavras-

A voz dele começou a ecoar na minha cabeça e no próximo segundo eu recebi uma surra de memórias.

*5 anos de idade*

-Eu não vou mais discutir com você! -escutei minha mãe gritando- Quer estragar a porra do aniversário da menina? Toda vida você faz isso, seu inútil! -ela percebeu a minha singela presença-

-Oi, minha abelhinha -meu pai me abraçou e eu vi a minha mãe sair da sala-

Ele tentava me distrair mas a única coisa que prestava atenção era no choro dela. Minhas lembranças daquele dia eram conturbadas, porém eu lembrava bem dessa cena.

-Parabéns pra você, nessa data querida... -as pessoas ao meu redor cantavam alto-

-Eu odeio você! -os gritos dos meus pais na cozinha eram o que eu verdadeiramente conseguia ouvir-

Os adultos ali presentes tentavam disfarçar a briga e falhavam miseravelmente. Foi assim a  lembrança do meu aniversário de 5 anos. 

*Dia dos pais*

As apresentações da escola estavam começando e eu o procurava na plateia. Ver meu pai presente enchia meu coração de alegria. Eu tinha muita vergonha de estar ali na frente de todos, mas valia a pena. 

-Você gostou papai? -meu rosto doía de tanto sorrir-

-Claro que sim, minha abelhinha -ganhei um grande abraço- Papai adorou a sua dancinha, estava linda! -ele me deu um beijo na bochecha-

-Minha professora quer te entregar o meu desenho -chegava a pular de alegria-

-Papai precisa ir. Outro dia eu pego, pode ser? -ele me colocou no braço-

-Tudo bem. Eu posso tomar sorvete? -perguntei ansiosa-

-Quantas bolas você quiser! -festejei e me despedi das professoras-

Eu amava passar o tempo com o meu pai, nós dois erámos inseparáveis. 

*Primeiro jogo*

-Tô nervosa. Eu não sei se eu vou conseguir... talvez eu não seja boa -minhas pernas tremiam de nervosismo-

-Claro que você é boa, Pampam. Você é a capitã do time, esqueceu? Papai vai ficar aqui torcendo -ganhei um beijinho na bochecha-

-Vai ficar mimando a menina desse jeito, José Ricardo? Ela vai crescer e se tornar uma retardada -minha mãe revirou os olhos-

-Cala essa boca, Cristina -ele falou com raiva- Não estraga o dia da nossa filha, ela só tem 8 anos. Como você consegue ser tão sem coração com uma criança? -me afastei para não presenciar o resto-

Entrei em quadra e tentei jogar. Minhas memórias daquele dia não ficaram tão esclarecidas na minha mente, mas eu me lembro de correr bastante e bater com muita força na bola. O vôlei era a minha melhor forma de desopilar, pois gritar e jogar forte me acalmava.

-Vai, Pamela! -meu pai comemorou- Papai te ama!

Ele parecia estar orgulhoso e animado pela minha primeira vitória. Depois do jogo, fomos jantar em um restaurante e eu tenho que confessar, nós parecíamos uma família feliz e unida.

𝑵𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒍𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐 - Bruno RezendeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora