cap 14

800 44 50
                                    

-Amiga, acorda! Você tem que ir treinar! -já acordei com Júlia gritando-

-Meu despertador vai tocar já já, me deixa -respondi com voz de sono-

-Seu celular está com o Lucarelli e você está atrasada! Vai tomar seu banho enquanto eu faço um café para curar a sua ressaca -ela cuidava muito bem de mim-

Me levantei da cama e tudo que aconteceu noite passada voltou para a minha cabeça, como flashbacks. Me peguei sorrindo e mordendo os lábios, mas lembrei do Mateus, não era certo o que eu tinha feito. Botei na minha cabeça que assim que pegasse o celular ligaria para ele. Aquele seria um dos dias mais importantes da minha carreira, meu primeiro jogo e acho que meu coração errava as batidas de tanta emoção. Ju foi para o trabalho e eu corri para o CT. Chegando lá, fui procurar o Lucarelli, não sabia quanto tempo a minha consciência iria aquentar aquela pressão.

-Acabou a bateria, então eu coloquei para carregar -disse Lucarelli enquanto me entregava o celular-

-Você não existe viu? -abracei o meu colega- Não posso esperar para te ter como cunhado -ele riu meio sem jeito- Preciso retornar as ligações perdidas de ontem, muitíssimo obrigada Luca! -agradeci e andei um pouco-

Abri meu celular e tinham 27 ligações perdidas do Bob, meu coração apertou muito porque eu sabia que era uma emergência.

-Bob?! Mil desculpas por não ter visto as ligações, eu-eu perdi meu celular -estava muito nervosa, quase não conseguia falar inglês- Aconteceu alguma coisa com você?

-Comigo não, mas com Daniel sim. Ele estava voltando da faculdade ontem e sofreu um acidente de carro. Um grupo de jovens alcoolizados colidiu e fez com que capotasse -entrei em choque e fiquei alguns minutos paralisada- A boa notícia é que ele sobreviveu, mas ainda está dormindo. Os médicos estão lhe dando sedativos para que ele continue dormindo e que seu corpo se recupere. Eu sinto muito, Pampam

As palavras ecoavam na minha mente, eu não sentia as minhas pernas e no próximo segundo, me vi desmaiada no chão de um vestiário. Conseguia escutar o Bob de fundo, mas a única coisa que eu me lembro era de tremer e chorar muito. Perder meu irmão seria a pior coisa. Tudo que passei foi difícil, mas nada disso se comparava a dor de pensar em perdê-lo.

Não sei por quanto tempo desmaiei, mas acordei com o Bruno sentado no chão tentando me acordar. Abri os olhos meio atordoada e ele me abraçou, a preocupação comigo estava estampada nos seus olhos. Me apoiei em seu peito e senti seu coração bater rápido. Mesmo sem saber o que estava acontecendo, ele acariciava meu rosto e me encarava, confesso que fiquei mais tranquila.

-O que aconteceu? -ele perguntou depois de um tempo-

-O meu irmão sofreu um acidente de carro -falei sentindo as lágrimas caírem- Eu preciso ligar pro Bob -desbloqueei meu celular e fui para os contatos- Merda! Ele não atende -joguei o celular no chão e botei a minha cabeça entre as pernas-

-Calma Pamela, ele vai ligar -ele falhou em tentar me relaxar-

-Calma?! Calma é o caralho, meu irmão tá em cima de uma cama de hospital morrendo, eu sei como é isso, eu passei meses levando a minha mãe na quimioterapia, ela morreu em uma maca... eu não posso passar por isso duas vezes, eu-eu não posso perder mais um -nessa hora, senti meu peito apertar e as lágrimas descerem sem freio-

-Desculpa... eu não sei o que fazer para te ajudar, eu estou aqui -ele permaneceu calmo, mais eu não-

Me levantei do chão, olhei nos olhos dele e disse baixinho:

-Eu não preciso da sua ajuda, nem da sua pena. Você não está comigo, você só vai virar as costa pra mim como sempre fazem...foi só um beijo Bruno, não precisa se apaixonar -no momento que eu disse aquilo, senti meu coração quebrar, obviamente aquilo não era verdade, mas eu não poderia me deixar levar por outro amor-

Meu telefone começou a tocar e ele me entregou, vi que era o Bob.

-Pamela, você está bem? -respondi que sim escondendo toda a minha dor- Seu irmão teve uma parada cardíaca poucos minutos atrás e a médica levou ele para a cirurgia, ela disse algo sobre fluidos no abdômen, eu não entendi direito.

-Obrigada Bob, eu estou indo para o aeroporto agora -falei pegando a minha bolsa que havia caído no chão-

-Claro que não! Você não pode faltar no seu primeiro dia de jogo, eu vou ficar aqui com ele. O trato como um filho e você sabe disso -ele não mentiu-

-Eu não me importo com o jogo, ele é minha responsabilidade, eu sou a única família dele -as lágrimas escorriam pelo meu rosto-

-Mesmo que você quisesse vir, não seria possível. Os aeroportos estão fechando desde ontem por causa de uma tempestade e só irão reabrir daqui a três dias -Bob estava tão nervoso quanto eu-

-Bob...eu não sei o que fazer -sentei no chão e voltei a colocar a cabeça entre as pernas- eu não posso perder ele -notei que o Bruno se aproximava com um papel e sentou do meu lado, segurando a minha mão-

-A médica disse que por ele ser jovem, a recuperação seria mais rápida e que ele tinha altas chances de sobreviver. Nós dois sabemos que o Daniel é forte, ele não iria querer que você se prejudicasse ou ficasse triste -Bob estava certo-

-Promete que vai me atualizar a cada suspiro dele? -já estava mas calma e ele assentiu-

Desliguei o telefone e o Bruninho ainda estava ali, então resolvi perguntar:

-Por que você ainda está aqui? A maioria das pessoas já teriam ido embora. Eu nem sou tão bonita assim -realmente estava confusa-

-Eu sei que você não é assim e que não quis dizer as aquelas coisas - ele me entendia e isso era um perigo- e eu não pretendo te deixar nem tão cedo, é sempre bom ter alguém que sabe lutar por perto -ri e percebi que ele me acalmava-

-Pamela!? Você que me matar do coração? -Júlia chegou correndo no vestiário- Lucarelli me avisou que você estava mal, todo mundo tá preocupado com você -ela me abraçou e tudo ficou mais leve- Vamos conversar no quarto e você vai me explicar tudo -assenti e pedi para que ela me esperasse na porta do vestiário, eu tinha um assunto para resolver-

Olhei no fundo daqueles olhos castanhos castanhos e me preparei para dizer algo, mas não consegui. Terminei abraçando e me aconchegando no peito dele. As meninas se reuniram no meu quarto e eu expliquei toda a situação. No meio da conversa, Bob me ligou e disse meu irmão havia saído da cirurgia e até agora tudo corria "bem", ele também iria ficar com uma grande cicatriz da cirurgia, mas nada grave. Meu coração voltou a bater no ritmo normal.

𝘖𝘪𝘪𝘪 𝘨𝘦𝘯𝘵𝘦, 𝘤𝘢𝘱 𝘤𝘶𝘳𝘵𝘪𝘯𝘩𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘮𝘢𝘵𝘢𝘳 𝘢 𝘤𝘶𝘳𝘪𝘰𝘴𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘥𝘦 𝘷𝘤𝘴. 𝘖𝘲 𝘷𝘤𝘴 𝘢𝘤𝘩𝘢𝘳𝘢𝘮 𝘥𝘦 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘪𝘴𝘴𝘰? 𝘈 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘴𝘰𝘣𝘳𝘦 𝘰 𝘪𝘳𝘮𝘢𝘰 𝘥𝘦𝘭𝘢 𝘯𝘢̃𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘣𝘢 𝘢𝘨𝘰𝘳𝘢, 𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘦𝘮 𝘰 𝘱𝘳𝘰𝘹 𝘤𝘢𝘱. 𝘹𝘰𝘹𝘰❤︎

𝑵𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒍𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐 - Bruno RezendeWhere stories live. Discover now