⛓Estranho⛓

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— Aonde você está indo, querido? — questionou Esme, preocupada ao notar a expressão rígida no rosto de Embry, que descia a escada.

— Estou indo para casa, Esme. — ele parou próximo à ela. — Avisa a Lavigne que se ela ainda se importa comigo ou com... — ele pressionou os lábios. — Não. Deixa pra lá.

— Ela te ama, Embry. — Esme segurou a mão do lobo.

— Talvez ame, só não saiba como lidar com o sentimento ainda. — balbuciou ele, saindo da casa.

Embry correu de encontro à floresta ao transformasse. Ele não estava nada e talvez, só talvez, devesse não se preocupar com Ela.

"Por quê é sempre tão difícil?"  o lobo estava no topo do penhasco, encarando o mar agitado lá embaixo, sentindo o vento frio chicotear seu focinho.

Era impossível odiá-la mesmo que quisesse, mesmo que tentasse, mesmo que insistisse.

Não adiantava, ele nunca conseguiria odiar aquela vampira por mais que ele fizesse forças para isso, por mais que ela fizesse algo que não o agradasse.

Lavigne era a sua imprinting, sua esposa, mas também era a pessoa mais teimosa e difícil de domar que ele já conheceu em toda sua vida.

Mas nem por isso, ele precisaria baixar a guarda e deixá-la fazer o que ela bem entender e querer. Afinal, são um casal agora e tudo que um faz, querendo ou não recai feito maldição sobre o outro.

"Você é uma baita de uma mulher teimosa e inconsequente, Cullen."

    
                             ⛓🌘⛓

Ao aproximar-se de sua casa, Embry sentiu um cheiro amaderado desconhecido, tinha um estranho em sua casa e ele já ia saber quem era.

O carro de sua mãe estava na entrada, ele estava prefereindo não criar caso, mas não suportaria presenciar safadezas, não na sua casa, não com a sua mãe.

Então ele desviou os passos para os fundos da casa, onde costumava guardar roupas reservas, sempre que saía para as rondas.

  O quileute girou a mão na maçaneta e empurrou a porta, preparando-se para lidar da melhor forma com o desconhecido.

"Mas aí já é demais!" Embry mentalizou ao presenciar o homem esparramado no seu sofá, vestindo uma de suas calças, assistindo TV e comendo como se verdadeiramente ali fosse o seu ambiente de lazer, o seu habitat.

Embry bateu a porta, quando entrou, fazendo questão do homem notar sua presença ali.

— Quem é você? E o quê diabos faz com o rabo enfiado no meu sofá, dentro da minha calça e na minha casa?

— Oi. — o homem pulou de pé. — Deve ser o Embry, não é?

— Não te interessa saber meu nome. — Embry o olhou de cima. — Eu te fiz uma pergunta e quero uma resposta.

— Na verdade, foram quatro. — o homem limitou-se a sorrir, mas se conteve ao ver que Embry não estava no clima de amizades. — Escuta, filho...

— Filho?! — Embry riu-se. — Eu não sou seu filho.

— Perdoe-me. Bradley. — ele estendeu a mão, mas o lobo não estava no clima de apertos de mãos e recuou alguns passos.

— Bradley do quê, de onde, o quê está fazendo na minha casa e o quê está esperando para sair? — inqueiriu Embry, cruzando os braços.

— Olha, você estava em lua de mel, quando...

— Tá sabendo demais da minha vida, não sei se gosto.

— Querido, já em casa? — a voz de Tiffany ecoou vindo da cozinha, roubando a atenção de ambos os dois.

Os olhos do quileute escureceram ao encarar as vestimentas inapropriadas da mãe. Tiffany se aproximou deles e vestiu a camisa de Bradley por cima da lingerie.

— Mãe! Onde estão suas roupas? — Tiffany sorriu nem um pouco constrangida, causando desconforto em Embry. — E o quê esse folgado faz aqui em casa?

— Embry, o Bradley e eu... — as dedos magros da Sra. Call entrelaçaram os de Bradley, fazendo com que seu filho sentisse ânsia de vomito.

— Para! Para de falar. Eu não tô afim de ouvir que estavam aproveitando na minha ausência. Só... — ele soltou o ar e caminhou para perto da escada. — não me incomodem com a safadeza de vocês.

— Garoto? — a voz rouca de Bradley avançou escada acima atrás de Embry. — Espera! Quero falar com você.

O lobo virou-se, contraindo a mandíbula e cerrando as mãos em punho em volta do corrimão da escada.

— Acredite, eu também. — balbuciou Embry, friamente. — Só não estou afim de fazer isso agora.

Embry avançou pelo corredor e entrou em seu quarto, alcançou o aparelho de som e o ligou: "U Too".

O heavy metal preencheu o cômodo, fazendo com que as mobílias e a única janela rangessem em contradição.

Ele se jogou na cama, encarou o teto por alguns instantes e fechou os olhos, afastando quaisquer pensamentos que o deixasse enraivecido — exceto a impertinência da dor latejante do chute recebido na canela, fazendo questão de lembrá-lo do porquê de está ali.

                               ⛓🌘⛓

— Embry, posso entrar? — a rouquidão na voz de Bradley fez o quileute bufar.

— Espera. Tá trancada. — ele arrastou-se até a porta para abri-la, bloqueando a entrada com o corpo.

— O café da manhã está servido. — informou Bradley, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

— Falou. — Embry se preparou para fechar a porta, quando os dedos grossos e largos o impediram.

— Podemos conversar agora?

— Fala aí. — o lobo se afastou da porta e se jogou na cama.

— Sua esposa? — Bradley referiu-se ao porta-retrato de Lavigne, no criado-mudo ao lado da cabeceira da cama.

— É. — Embry distraiu-se por um instante ao fitá-lo também.

— Ela é linda. Você tem sorte por tê-la. Sabe... posso? — indagou apontando para a beira da cama, fazendo o quileute assentir. — Eu também já fui casado, tivemos dois filhos, um casal, aliás, a garota tem sua idade... mas com o passar dos anos, coisas pequenas se tornaram um abismo entre ambos e se não sabermos como não lidar com essas coisas minúsculas... nos tornamos pequenos.

Embry pensou nas palavras do tal Bradley, elas tinham um pouco de verdade, mas no fundo ele não iria admitir.

— Eu estou apenas te dizendo isso porque você ainda é jovem, logicamente já está passando por algo parecido.

— Escuta aqui, Bradley... eu não estou em crise com ela, tá legal?

— Entendo. Mas é que logo vem os filhos e talvez não saiba mais o que está fazendo.

"Mal tivemos filhos e eu nem sei o que está acontecendo." pensou o lobo.

— Não vamos ter filhos... eu acho.

— Filhos é um caminho sem volta, rapaz.

— Certo. — Embry e ele se encararam. — Já que você está falando tanto, talvez não se importe com as minhas perguntas.

— Estou aqui para nos entendermos.















Eternal Flame ー Embry Call [1]Where stories live. Discover now