Mas uma visita de Jae - muito menos do casal - não era mais natural para mim. Quando adentraram na sala, e Jimin me percebeu sentado no sofá, não teve reações extremas, mas como eu já conhecia melhor suas feições, percebi seu incômodo.

O loiro travou o maxilar, engoliu seco e cruzou as mãos atrás de si, como já percebi que fazia quando não queria deixá-las livres, e algum gesto denunciasse seu nervosismo. Assim como também se apoiava sobre os dois pés, igualmente, para evitar balançar ou ficar batendo somente um no chão, como a maioria das pessoas faziam quando estavam ansiosas.

Ele era todo calculista com as próprias ações, eu achava aquilo extremamente sexy, porém imaginá-lo sem aquele controle todo, vulnerável e afetado por mim, passou a ser um dos meus fetiches, e ri com esse pensamento. Jimin estreitou os olhos, confuso, como se tentasse adivinhar o que eu pensava, porém, apenas levantei para cumprimentar ele e meu tio postiço.

— Olá casal — sorri com o canto da boca, olhando para o marrentinho, para que apenas este entendesse meu "deboche". Entre aspas, porque eu respeitava muito Jae e tinha como intenção apenas provocar um pouco Jimin. Eu estava ficando muito ousado mesmo, por Deus. 

— Kook, você está cada dia maior, está morando na academia? — Jae se jogou em mim com seu abraço de urso, e quase me desequilibrei.

— Oi, Jungkook — Jimin me cumprimentou um pouco fora do seu habitual, contido, eu diria até distante. Mas não me importei, sabia que era por causa da presença de Jae, e se ele precisava se preocupar em agir assim, era porque eu não era uma pessoa qualquer. Eu ameaçava seu relacionamento.

Estendeu sua mão para eu apertar, e fiz uma leve carícia com o polegar nela, fazendo Jimin olhar para nossas mãos juntas imediatamente. Não puxou ou fez qualquer movimento brusco, apenas me esperou soltá-la. Sentir sua pele era tão bom, eu sabia que Jae tinha acesso a muito mais, mas eu me contentava com qualquer parte sua que eu pudesse tocar.

Por enquanto...

— Venham crianças, vamos almoçar, está tudo pronto. — Minha mãe nos chamou, e a seguimos para sentar à mesa.

Não demorou até que todos estivessem sentados e servidos. Jae estava quase grudado com Jimin, com a mão repousando em sua coxa. Que vontade que eu tive de tirá-la dali.

Quem ele pensava que era? O noivo dele, por acaso?

Conversamos sobre diversos assuntos, na verdade meus pais e Jae, já que Jimin e eu mais trocávamos alguns olhares, ora acidentais, ora propositais. De toda forma, não demorou muito para eu ser chamado na conversa, e o assunto foi a sabotagem do elevador.

— Filho, você não lembra de ter acontecido algo estranho naquela segunda-feira? — Minha mãe perguntou, fazendo-me lembrar automaticamente de Yoongi.

Não esqueci da conversa que tivemos. Meu melhor amigo tinha mentido sobre ter ido na empresa, mentiu sobre conhecer Daehyun, Seokjin, e mentiu sobre o elevador que eu iria pegar estar em manutenção, me fazendo entrar assim, no outro que havia sido sabotado.

— Então mãe, sobre aquela segunda-feira...

Fale Jungkook, entregue aquele traidor, diga o que você sabe e colabore com a investigação. Era o certo a se fazer, era a atitude inteligente e auto preservativa que eu deveria tomar. Todos me olhavam esperando eu contar o que sabia. Mas por quê eu não conseguia?

Tudo que envolvia Min Yoongi era suspeito, e eu estava muito bravo por sua rede de mentiras, mas sabia que se falasse o que eu sabia, todas as suspeitas iriam para cima dele. Uma parte de mim queria dizer logo tudo, afinal, já que aquele "Judas" não queria me falar a verdade, que se resolvesse com a polícia. Porém outra parte, temia pelo que seria dele se fosse confirmado seu envolvimento no crime.

88° ANDAR (Jikook)Where stories live. Discover now