Capítulo 1 - Amor Platônico (Reescrito)

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A semana se passou e nada de ligação de alguém interessado em dividir o apartamento. Eu já estava desistindo dessa ideia maluca quando acordei naquela manhã de segunda-feira, pronta para ir à faculdade. Fiz minha higiene matinal e vesti calça jeans, uma regata branca e calcei meu All Star branco que já nem era mais branco de tão sujo que estava. Vesti um casaco por cima e coloquei um cachecol já que fazia um pouco de frio. Penteei meus cabelos loiros e os prendi em um rabo de cavalo. Arrumei minha bolsa com meus materiais e meu notebook e coloquei meus inseparáveis óculos, afinal, sem eles não enxergo nem um palmo a minha frente.

Fui para a cozinha, deixando minha cama desarrumada. Não me importei, ninguém me visitaria hoje mesmo. Deixei minha bolsa em cima do banco e abri o armário, pegando uma tigela e cereal. Misturei o cereal com leite e comi às pressas para não chegar atrasada à universidade. Assim que terminei de comer, joguei a louça dentro da pia e corri, pegando minha bolsa e minhas chaves. Saí do apartamento e andei apressada pelo corredor. Consegui chegar a tempo antes que o elevador se fechasse e entrei.

Dei um aceno com a cabeça, sorrindo de canto, quando a senhora Wilson me deu uma olhada de cima a baixo. Aquela senhora era outra antipática. Apertei o botão do térreo e me encostei à parede do elevador enquanto esperava. O silêncio tomou conta do pequeno espaço até a senhora Wilson se pronunciar:

- A senhorita não tem vergonha na cara, não?

Olhei-a surpresa por um instante, mas me recompus, franzindo a testa.

- Desculpe? Acho que não entendi. – disse.

- Eu vi o seu panfleto grudado no mural do prédio. Você não tem vergonha do que está fazendo? – perguntou se virando em minha direção e eu coloquei minha mão na cintura, encarando-a séria.

- E por que eu teria? Não estou fazendo nada de errado.

- Então colocar um estranho em sua casa não é nada de errado? – ela perguntou e eu ia respondê-la, mas no mesmo instante, a porta do elevador se abriu e ela começou a caminhar com seus passos de tartaruga e sua bengala.

- Esses jovens de hoje em dia não têm jeito mesmo! – exclamou e eu bufei, revirando os olhos.

Ajeitei a alça de minha bolsa no ombro e comecei a andar para fora dali. Passei pelo porteiro e ele me olhou sorrindo.

- Bom dia, senhorita Wright!

- Bom dia, Ezequiel! – sorri acenando.

Saí do prédio e caminhei em direção à estação de metrô. Enquanto eu estava no metrô, eu ficava encarando o meu celular em minhas mãos esperando alguma ligação. Não era possível que até agora ninguém se interessou. Se ninguém aparecesse até sábado à noite, eu poderia me declarar uma sem-teto. Até porque onde mais eu iria morar? Debaixo da Ponte do Brooklyn? Só de imaginar essa possibilidade, eu tinha vontade chorar. Talvez a Ponte de Manhattan! Oh, meu Deus, o que eu estou fazendo? Estou realmente escolhendo qual é a melhor ponte para morar? Eu estou no fundo do poço mesmo.

Balancei a cabeça e enfiei o celular dentro da bolsa novamente. Cheguei à universidade e subi as escadas, adentrando pela enorme porta de vidro. Encontrei com meus amigos no corredor e eles vieram sorrindo em minha direção.

- Oi, Logan. – abracei-o um tanto desanimada.

- Hey, Lizzie. O que aconteceu? – ele perguntou preocupado enquanto abraçava Debbie pela cintura.

- Não recebi nenhuma ligação ainda. – falei enquanto voltávamos a andar.

- Ah, Debbie me contou sobre o seu plano. – ele riu – Acho que essa ideia pode dar certo.

O Hóspede (Reescrevendo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora