Capítulo 36

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Revelações

Os dedos de Maizom desprendem dos meus e apanham o celular no bolso da calça. Lê algo na tela, sorri e volta-se para mim.

— Preciso resolver um assunto. Vou demorar um pouquinho. Acha que consegue ficar bem?

Aceno em concordância. Deixa um beijo na minha testa e se retira da sala. Colim pega o quadro que vi ao entrar.

— Olha. Você é a cara dela. — Entrega-me o porta-retrato.

Sorrio vendo a foto da linda mulher enquanto o meu peito explode de felicidade.

Os longos cabelos com cachos levemente abertos, mais claros que os meus pouca coisa, caem sobre os ombros destacando o rosto oval, com traços delicados e marcantes.

Os mesmos buraquinhos que tenho nas bochechas, ela também possui. Os olhos, o nariz e a boca são parecidos comigo, exceto a sobrancelha.

A minha é escura e grossa. A dela, é fina e de cor igual ao cabelo. Basicamente estou vendo-me na versão feminina.

Mamãe segura uma miúda rosa vermelha de caule fino, que cobre uma pequena parte da sua boca. O retrato ficou ainda mais bonito.

Apesar de estar exibindo um lindo sorriso, é possível notar a tristeza nos olhos. Não igual à que Maizom tinha, aparenta ser três vezes pior.

Das que dificilmente é curada. Sinto-me abatido também. Minha atenção fixa no pequeno coração em seu pescoço.

No bolço da calça, procuro pelo colar. O encontro. Deixo-o exposto sobre a palma da mão.

Os olhos de Colim brilham com intensidade. A sua feição muda, ficando distante. Não parecendo mais o velhinho que já viveu muito e está apenas à espera da morte.

E, sim alguém ativo, que ainda vive ao máximo. Aparentando ser mais jovem. Não ousou tocá-lo. Apenas apreciou a joia de longe.

— Eleonor mandou fazer especialmente para vocês dois. São únicos.

— Achei que só eu tinha.

Ele sorri. Não sei se estava pensando. Colim nega com a cabeça.

— Então ele não foi abandonado comigo?

— Não. Sua mãe entregou a Emma de forma anônima e pediu-lhe para que quando te entregasse, dissesse que o colar foi deixado com você.

— Meu nome não foi escolhido por ela... — Murmuro baixo fitando a peça.

— Não.

Suspiro desapontado.

— Guarde-o muito bem. É uma lembrança valiosa da sua mãe deixada para você. — Os olhos ainda brilhavam.

Há alguns quadros pintados atrás da parede em que a foto dela foi tirada.

— Ela possuía robby, algo que gostava de fazer? — Fito-o.

Ele sorri feliz.

— De quase nada. — Segura o riso e nega com a cabeça. — As únicas coisas que despertaram a sua atenção, cozinhar e desenhar, tornava um amador se comparado a ela, um profissional excepcional.

Tive que ri.

— Ela era péssima. Uma vez fez um bolo de aparência tão duvidosa, que dava a impressão de ser radioativo.

Não me contenho e gargalho alto, seguido por ele.

— Ainda posso sentir o gosto da radiação. — Mexe a boca recordando-se do sabor.

Te Guiando No SubúrbioWhere stories live. Discover now