Capítulo 26

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Impulso

A passos leves, finalmente paro de frente para a porta do meu quarto. Não me lembro do corredor ser tão longo.

E, ele não é!

Acabo sorrindo. Fazer os negócios no escondido tentando não provocar um mísero ruído, torna as coisas mais demoradas e silenciosas do que são.

Levo a mão a maçaneta, girando-a. A porta range no meio do processo de abertura, obrigando-me a parar.

Merda!

Olho para os lados, constatando não ter ninguém e dou dois passos, parando logo que ouço a voz.

— Bonito seu, Eric! Olha a hora.

Enquanto me viro devagar, respiro fundo proferindo inúmeros xingamentos mentais.

— O..Oi Camille. — Lanço-lhe um sorrisinho amarelo. — Ah, eu sei que sou lindo. — Pisco e ela revira os olhos.

— Já passou das duas da manhã e você está chegando agora. — Cruza os braços inspecionando-me de cima a baixo.

— Sério? Nem percebi. — Coço a nuca.

Sabia estar tarde, só não imaginei ser tanto. Quando deixei a casa de Maizom, esqueci de verificar a hora. Somos atraídos por "hum hum" soado ao lado.

— O que os dois estão fazendo acordados? — Emma nos analisa, trajada com o seu habitual roupão de dormir.

E antes que eu possa dizer qualquer coisa, Camille se adianta.

— O Eric está chegando agora. Sabia, Emma? — Anuncia triunfante.

Porém, a diretora não diz nada e diante do silêncio da mulher, Camille continua:

— Ah, então quer dizer que o Eric pode chegar praticamente no outro dia, enquanto eu tenho que estar aqui às dez? — As bochechas vermelhas, deixa claro a sua indignação.

— Abaixa o tom de voz! Os seus irmãos estão dormindo. — Reclama. — O Eric não está com notas vermelhas em nem uma matéria e é maior de idade. O que não é o seu caso, Senhorita Camille.

Seguro o risinho.

— Mas ele fez 19 dez meses atrás. — Protesta a garota. — E...

— E? — Repete Emma.

Camille bufa irada, empina o nariz e sai pisando duro. Ela nunca foi boa com argumentos. E a situação piora mais quando perde o direito de queixar.

Os olhos grandes da mulher fita os meus.

— Ela não está totalmente errada. — Adverte. — Não é porque você é maior de idade que pode chegar a essa hora da noite. Temos regras.

— Sei disso... — Fito o chão. — Maizom não estava bem. — Volto a olhá-la.

Seu semblante é tomado pela surpresa.

— Tudo bem! Agora vá dormir que amanhã você tem aula. Não torne a repetir isso! — Ela se vira e passa a andar.

Pergunto-me se essa resistência que Emma tem de Maizom, passará um dia.

✯✯✯

A imensa estrada reta, me faz colar o pé no acelerador praticamente até o fim. A vontade de abrir a janela e sentir o vento forte, está quase incontrolável. Porém, o meu lado racional encontra-se funcionando perfeitamente.

Considerando que estou a uma velocidade altíssima, ter uma rajada de vento na cara não seria uma boa ideia. A adrenalina percorre cada artéria, deixando-me arrepiado dos pés a cabeça e com um sorriso gigantesco no rosto.

Te Guiando No SubúrbioWhere stories live. Discover now