Capítulo 12

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Companheiro de pesquisas

Para me levantar foi um sacrifício. Só quem passou horas chorando sabe da trabalheira que é para acordar no dia seguinte. Os meus olhos parecem ter se fundido na carne de tão inchados que estão.

Quando consigo abri-los, chego a pensar que havia desfigurado o meu rosto. Ainda bem que acordei antes de todos, assim eles podem desinchar um pouco. Caso contrário, eu seria motivo de chacota por dias.

Somos unidos. No entanto, quando se trata do quesito zoar, ninguém fica de fora. Exceto a diretora Emma. Com ela, nós não mexemos. Sabemos que é castigo na certa.

Quando cheguei, era mais da meia-noite. Somente a Emma estava acordada. Passei por ela, a mesma não disse nada e não fez gestos de repreensão.

O que foi maravilhoso. Mesmo estando melhor naquele momento, receber uma bronca era o que eu menos precisava.

Maizom me deixou na entrada do bairro por insistência minha. Ele queria me trazer, mas não deixei. Todos os carros que entram no bairro, são conhecidos pelo chefe da região.

Caso entrasse, seria morto assim que me deixasse na porta do casarão. Só de pensar isso, um frio percorre a espinha. Graças aos céus, amanheci melhor.

O buraco, antes presente em meu peito, repleto de várias outras sensações e sentimentos ruins, já não está mais aqui. Não posso dizer que estou cem por cento. Digamos que no caminho da melhora.

Sentado na cama encarando a parede à frente, sou dominado exclusivamente pela vergonha e gratidão. Vergonha por ele ter me visto despedaçado daquele jeito, e gratidão, por ter me ajudado mesmo contra a minha vontade. Apesar de eu não querer a sua presença e amparo.

Uma das grandes dificuldades para quem é orgulhoso, é admitir que precisa de ajuda. Embora eu tente me livrar desse orgulho cretino, ele está sempre aqui, desativado. Esperando a hora para reativar e agir.

Sou retirado do mundo dos pensamentos, ao ouvir o meu celular vibrar na mesa do computador. Estico o braço preguiçosamente apanhando o aparelho. Na barra de status vejo o nome de Jonh surgir na tela.

Ele: Está acordado? Quer ver gente?

Ao ler a mensagem, um riso involuntário me escapa.

Eu: Estou. Aliens seria melhor. :-)

Digito a mensagem jogando o aparelho na cama. Vou ao guarda-roupa e visto uma camisa. Ouço duas batidas de leve na porta e acabo sorrindo.

— Está fechada. — Brinco.

A primeira a entrar é Camille. Com a cara de que odiou a brincadeira.

— Não gênio, ela mudou de lugar. — Revira os olhos.

Desvio a atenção dela parando na multidão espremida na entrada do meu quarto. Alguns dá para ver somente o rosto de tão juntos que estão.

— Vão ficar aí parados encarando que nem idiotas, como se ele fosse de outro planeta? — Camille reclama impaciente.

Acabo segurando o riso quando percebo a ironia do Aliem devolvida.

A partir dessa palavra, concluo que quando Jonh enviou a pergunta, eles já estavam parados na porta do meu quarto.

Como não sabiam se eu estava de bom humor, coisa que sempre estou, em um jogo de par ou ímpar, ele deve ter perdido e ficou responsável por fazer a pergunta.

Kevin é o primeiro a sair do bolo de corpos. Ele corre até a minha cama e pula nela, dando de cara no colchão que afunda devido ao seu peso.

— Veio me ver e a cama é a primeira que você lembra né? — Finjo ressentimento enquanto saio do abraço dá Alícia.

Te Guiando No SubúrbioWhere stories live. Discover now