Capítulo 08

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Entorpecentes

Não sei como estou aguentando segurar a vontade de pegar esse celular e fazer a pesquisa.

A curiosidade para saber quem é Maizom está incontrolável.

Talvez seja porque estou andando nessa rua. A qual não conheço e ainda por cima é deserta.

Também não adiantaria. Aqui não há acesso à internet. Olhando á frente avisto o imenso galpão.

Será que anotei errado?

Tenho certeza que não. Lembro de ter conferido após escrever.

Essa pergunta está se tornando frequente sempre que vou a algum endereço e o acho estranho de mais.

Um pouco apreensivo por não saber o que encontrar lá dentro, aproximo da porta alaranjada com quase todos os vidros quebrados.

Como tentei abri-la e não consegui. Percebo que a única forma para entrar é pelo buraco retangular com alguns pedaços de vidro.

Com extremo cuidado retiro-os e espremo por entre a fenda conseguindo infiltrar-me.

Do lado de dentro, respiro aliviado ao constatar que não havia cortado nem uma parte do meu corpo.

Curvo para a frente e apanho a mochila. Tive que passá-la primeiro, pois na fenda estreita da porta não coube nós dois.

Bato a mão no tecido escuro retirando a poeira que acumulou ali quando a arremessei. Conserto a postura e passo a olhar em volta.

Nas rachaduras do piso cimentado, há gramas que crescem junto a algumas ervas daninhas. Realçando o estado de abandono do lugar.

Assim como o teto, que faltam algumas telhas no início, as paredes também são feitas de ferro.

O odor forte e desagradável de ferrugem se intensifica a medida que avanço.

Aproximo-me de uma longa e grossa corrente presa no teto. Esta, não aparenta ser tão velha e não está totalmente tomada pela ferrugem. Diferente de grande parte dos objetos metálicos deste lugar.

Porém, há uma grande mancha escura no chão. Como se algo tivesse sido queimado aqui há muito tempo. Continuo a andar.

Com o pé, empurro parte de uma caixa de papelão virando-a para cima.

Com dificuldade consigo ler o aviso rabiscado com tinta de pincel, sem qualquer cuidado.

— Primeiro carregamento... — Sussurro tentando entender.

Carregamento de quê? Se for de ouro eu quero. Essa é a primeira dúvida que surgi sendo acompanhada de várias outras.

Ao olhar para o lado, noto diversas caixas empilhadas. Todas iguais a essa que está desmontada no chão.

Mesmo com o meu cérebro piscando em alerta para eu não me aproximar, ignoro-o e passo a caminhar em direção as caixas.

A curiosidade aumenta ainda mais, quando vejo o nome de alguns bairros da cidade. Se é uma carga...

Então, porque foi armazenada nesse galpão velho, de condições deletérias e sem segurança alguma? Parece que estou prestes a descobrir.

Do lado de uma das colunas de ferro de sustentação do lugar, vejo uma caixa menor idêntica as outras.

E sem pensar duas vezes paro ao lado dela. Agacho e a puxo para frente, quase derrubando a escada que está encostada na coluna. Ufa! Essa foi por pouco.

Senhor desastre será que poderia dar uma folga? Ao menos por hoje. Ficarei grato!

Depois do susto repentino, abro a caixa retirando um monte de bolinhas de isopor de dentro.

Te Guiando No SubúrbioWhere stories live. Discover now