18. A batalha final

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Longos minutos se decorreram desde que Harry partira. Hermione estava sentada ao meu lado, no degrau empoeirado da escadaria. Ron se encontrava em pé, um tanto quanto resistente a não mecher um sequer músculo.

Seu olhar concentrado em um único ponto aleatório denunciava a sua relutância para não chorar.

Estávamos visivelmente a deriva, como sempre ficávamos quando nos separávamos. Precisávamos um do outro para funcionar e precisávamos ainda mais de Harry para que tudo fluísse como deveria.

Ainda tinha a tola esperança de que meu namorado apareceria a qualquer momento dizendo que ainda podiamos reinar, como rei e rainha de dias melhores. Uma outra parte de mim, entretanto sabia que era impossível. Mesmo que a tentasse ocultá-la, ela sempre gritava mais alto, afoguentando os ânimos da esperança, que agora ressoava como um eco distante em meu centro.

Hermione se levantou de repente, limpando as palmas das mãos nas laterais de seu jeans.

— Não podemos ficar aqui por muito tempo... temos...

— Temos que destruir a cobra – murmurei, me colocando em pé também; passei a manga do suéter em minhas bochechas, mais uma vez.

— Vamos encontrar os outros – continuou ela. — Ver se estão bem e então pensaremos em como destruir a última Horcruxe.

Assenti pensativa.

— Você não, S/n — interpôs Ron.

— O quê?

— Ele quer a você também. Não podemos correr o risco... não vou perder mais um irmão.

— Ela ficará escondida, Ron - disse Hermione. — Vamos, S/n.

— Hermione, você não percebe? Ele conseguiu Harry, acha que S/n será um alvo fácil agora que está vulnerável.

Eu não estou vulnerável, pensei.

Não era uma verdade sólida, mas antes que pudesse interpor, Hermione se irritou.

— Querem saber de uma coisa que estou pensando há meses? — disse ela, e sem esperar uma resposta, continuou, impaciente: —  Voldemort não passa de um idiota! S/n, ele não tem certeza alguma de que você tem relação com a profecia, as únicas pessoas vivas que sabem dela somos eu, você, Ron e Harry. Ele está com medo! Os boatos que soltaram a respeito de você ter alguma relação com tudo isso viraram nossas vidas de cabeça para baixo, e ele está apenas fazendo o que ouviu, que você é uma "ameaça" para ele! Harry tem histórico, você não, ele não pode achar que entregaremos você dessa forma! 

Ao terminar, a menina ofegava, buscando ar novamente. Meus olhos estavam arregalados e Ron também a olhava espantado.

O que ela disse fazia sentido e eu sabia disso, mas sinceramente, não havia muito o que fazer para mudar isso. Não agora.

Nos entreolhamos e soltei um suspiro, levando minha mão até a têmpora direita enquanto meu outro braço se apoiava em minha costela.

— Escutem. Sei que vocês têm as melhores das intenções, e Hermione, você está completamente certa — olhei diretamente em seus olhos. — Voldemort não teria como saber que eu possivelmente posso o destruir, é impossível, mas isso não o impede de absolutamente nada. Já chega de tentarem me proteger a todo custo, eu sei bem que estão cansados e assim como eu exaustos de tentarem, mas agora eu preciso que confiem em mim.

Um formigamento dançava por minhas falanges a medida que eu intercalava o olhar entre meus dois melhores amigos.

Estranhamente senti falta da sensação da tinta em contato com as mesmas, e desejei que agora possuísse um pincel em minhas mãos, bem como Harry entre elas.

𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿𝗿𝘆 𝗽𝗼𝘁𝘁𝗲𝗿Onde as histórias ganham vida. Descobre agora