12. Xenofílio Lovegood

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Nunca fui muito boa em saber as horas ou dias sem a ajuda de um relógio ou calendário, então há semanas perdi a noção de tempo, trancada na sala vazia com apenas minha sombra de companhia e algumas vezes Senka ou Gennady para me trazerem comida, não suficiente para que fizessem minha barriga parar de reclamar de fome mas era mais do que havia comido há dias enquanto acampávamos.

Usar feitiços sem a varinha, que ficava na cintura de Astrea vinte e quatro horas por dia era impensável. Meu organismo já estava fraco, meus pulsos doíam pelas amarras e muitas vezes sentia o sangue frio descer por minhas mãos. Não poderia me dar ao luxo de realizar algo sem ela pois sabia que estaria dando a mim mesma uma grande desvantagem; não tinha certeza se eles estavam cientes de que meus feitiços e azarações sem a varinha me deixavam vulnerável mas preferi não arriscar.

Eles estavam frustados por não conseguirem achar Harry depois de nosso desagradável encontro, e eu agradecia a Merlim por isso todos os dias. Eles tomavam meus pensamentos o dia todo, até mesmo em meus sonhos Harry aparecia; nossos passeios e momentos juntos pelos terrenos de Hogwarts, o seu toque sob minha pele, seu abraço... tudo fazia muita falta. Ele fazia muita falta.

NARRADORA ON

Enquanto S/n passava os dias trancafiada em uma sala, onde se questionava diariamente como haviam os encontrado e se tal coisa acontecera por causa do colar, Harry tentava seguir a vida, direcionando todas as suas energias em encontrar a namorada. Hermione e Ron não estavam se falando pois a menina ainda estava brava - ou pelo menos era isso que queria demonstrar - com o ruivo.

Nesses momentos Harry se sentia mais triste do que nunca, ele não gostava de se sentir o único não enlutado em um enterro com poucos acompanhantes. Não tivera tempo de se alegrar com a volta do amigo, pois a segunda parte de sua alma, como ele mesmo fazia questão de lembrar havia desaparecido. Hermione e Ron também sentiam muita falta de S/n, ela deixava o clima menos tenso por vários motivos e era sempre ela que tomava as rédias da situação quando a mesma fugia do controle.

Ela tentava apaguizar os nervos do grupo e como em uma estrutura, o quarteto dependia um do outro. Harry nunca se sentira tão solitário em todos os seus dezessete anos de vida, nunca.
Sentia-se sozinho a maior parte do tempo, embora estivesse rodiado por dois amigos. Ao se deitar lembrava do toque das mãos da namorada em seus cabelos, do seu abraço, ou da sensação de envolvê-la em seu corpo, tendo a certeza de que ela estava protegida por ele. Mas ela não estava.

Harry nunca se separou de S/n, a contar pela vez em que discutiram no final do quinto ano; a sensação que o tomava era quase a mesma, mas antes sabia que ela estava em casa e segura, agora tudo o que lhe restava eram teorias incessantes do que estariam fazendo com ela, com a menina que mais amava. Com sua alma-gêmea.

- Harry, você precisa comer - falou Hermione, arrastando o prato de comida até o moreno.

- Não preciso de comida, Hermione, preciso de S/n.

- Eu também, Harry! Todos nós queremos encontrá-la mas você não ajudará se morrer de fome!

Ron, que estava sentado na cama levantou-se um pouco aturdido. Há dias também pensava em S/n e como ela estava, a menina era como uma irmã para ele e imaginar como estariam a tratando fazia seu estômago revirar. Ele pensava ser algum castigo do universo, pois no exato momento em que volta, ela desaparece, os deixando desconcertados com a falta de sua presença risonha.

O ruivo se sentou e puxou o prato com uma Meluza magra que haviam pescado.

- Será que a estão alimentando - ele pensou alto e se arrependeu imediatamente, quando os olhos de Harry o fincaram com desgosto. Hermione lhe deu um tapa na cabeça e Harry agradeceu que o tivesse dado.

𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿𝗿𝘆 𝗽𝗼𝘁𝘁𝗲𝗿Onde as histórias ganham vida. Descobre agora