O Encontro

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Sim eu sabia que algo estava errado, muito errado. Aquele homem, ou jovem, ou o que quer seja. Ele sabia de mim, sabia de tudo, parecia estar conectado ao algo em mim. Parecia que eu estava aberto a tudo, exposto como um nervo, sim eu sabia. Podia sentir em meu âmago, como seu eu fosse um livro para ele, ali sendo visível para leitura, isso por que de acordo com ele eu tinha uma mancha em meu coração.

— Olha, eu nem o conheço... Então eu vou embora. – quando eu me ergui para seguir em frente mais uma vez ele disse.

— Você não se sente só? Caminhando sem família, sem lugar para volta e nem nada que o prenda a lugar nenhum. Não sente à vontade de se libertar. De ser melhor, mais forte.

Aquilo sim tinha um ponto interessante. Ele sabia sobre isso...

— Como pode saber tanto sobre mim...?

— Pois sou tão solitário quanto você, não a mais nada que me mantenha aqui, pelo menos não mais...

Podia ver a aflição e o pesar encher o lugar, parecia pesar o ar e deixa a noite um tanto fúnebre, o que quer que tenha rolando com aquele cara, ele não parecia muito bem. Era quase como olhar um vidro vazio e espera que ele se encha, mas em vez de encher ele deixa o ar sair.

— Olha eu... Nem o conheço. – digo com um tom meio triste.

— Não se atente com minha dor, criança. Eu já me acostumei com ela. Mas vejo que sofre com um pequeno sentimento turvo dentro de sim. Eu posso apaga-lo e ajudar lhe. Mas você tem que saber quem sou e se aceita. Eu sou Vladmir... – e ele me ergueu a mão.

Aquela com certeza foram à decisão mais drástica que tomei, mas minhas escolhas não deveriam ser tão grandes para que eu me preocupasse, eu era apenas um órfão que não tinha mais família, e Deus sabe quando morreria, já que eu mesmo envelhecia devagar demais. Então aquilo não devia ser o fim de tudo. A mão de Vladmir era quente apesar de a noite ser fria, tinha um aspecto frio e quente como se algo lhe acrescentasse a ele uma coisa a mais. A dor e o pesar parecia aumentarem, tanto que quase não sentia nada direito. Ele devia está movendo ser dom ou trocando sua dor, mas por que a sensação de que tinha algo errado em si não cansava de tentar muda-lo.
Sentia uma paz interior e até mesmo podia sentir uma dormência dentro de seus sentidos. Mas estranhamente que não podia ouvir o Sussurro da Noite. Era isso ele estava mudando.

Não sabia por que havia caído a ficha agora, mas sentiu uma dor em seu peito, parte dele estava estranha. E agora ele podia sentir...

Mikhail lembre se de quem você é...
Eu estou aqui... Lembre-se de sua essência de sua marca... De nossa marca.

Aquela luz que preencheu minha mente e aqueceu cada parte de mim. Por que eu nunca havia percebido. Eu era parte de um todo na natureza, ainda mais sendo filho dele. Aquele murmúrio, aquela você e sentimento que tive em Cloud Twilight. Era ele...
Meu Pai, Andrill Thyrius. O Senhor da neve e luz.

Eu precisava parar, antes que aquilo acabasse mal. Ele sempre quis saber quem era. E agora sabe a verdade...
A conversão estava na metade, podia sentir seu ser por dentro se transformando, colapsando e partindo-se em partes, aquela dormência estava indo embora, mas o sentimento de perda, dor e vazio ficava incrustado dentro de si. Sentia aquela percepção de dor e calor. Era ele, sim cada parte que sobrará dele estava lutando contra aquela sensação de dormência, de tomada. Vladmir parecia estar conectado cada vez mais e mais fundo em sua mente. O toque de sua mão na minha face enraizava parte dele em mim. Uma parte de escuridão. Já podia sentir dentro de si, ele estava querendo tomar conta de tudo, queria cavar em minha alma e me marca com a marca da escuridão a luz estava indo embora de minha alma, parecia uma escuridão eterna e fria, dava uma sensação de descanso, esse deve ter sido o que houve com Vladmir, mas quase teve certeza que tinha sido algo muito mais drástico, a dor que via nele era de vidas, e não só de uma, aquela dor queria levar a ele como devia ter feito a Vladmir, consumindo-o lentamente. Eu já tinha ideia do que estava acontecendo.

Sim esse era ele, Vladmir, senhor da Escuridão. Um murmúrio que escutei nas regiões mais escuras de Bucareste.
Mas ele não me levaria... Não a mim, filho de luz. Mikhail Thyrius.

Em uma explosão de luz e trevas, fez com que causasse um choque de luz todo o lugar e atirando a mim e a Vladmir longe um do outro. Sentia-me fraco, nada poderia ter evitado aquele acontecimento, Vladmir estava caído no chão e parecia incrivelmente surpreso. De verdade, até mesmo eu estava surpreso, com todo aquele poder enraizando na terra e criando runas em mim e por todo o chão. Finalmente havia me descoberto, mas sentia algo estranho em mim, foi quando vi meu reflexo na agua. Meu cabelo que sempre fora de um branco albino, desfiado em camadas claras e olhos azuis como o céu, agora tinha sofrido uma transformação muito estranha no geral. Metade de meu cabelo estava negro e parte de meu olhar dourado, como ouro, eu sentia uma vontade de destruí dentro de mim, e uma ânsia por poder... Ele tinha sido destruído, tinham contaminado ele, seu coração doía e batalhava pelo controle do corpo. De seu interior saiu uma risada angustiada e enlouquecida, ele precisava sair, ele precisava tira-lo de dentro...

— SAIA DE MIM...  – um grito angustiado e temeroso sairá de meu peito querendo, lutando pela salvação...
       Lagrimas rompiam minha face com a dor, à dor de um hospedeiro não desejado.
Mas aquilo só me causou uma coisa. Ele podia vê-lo. A escuridão.
Era quase como se fosse seu gêmeo, era completamente idêntico a si. Só que com sua alma inteiramente vazia e com um aspecto ruim.

—Oi Mikhail, em breve nós veremos. Negas-me agora, mais saiba que eu existo e que caminho como você, mas isso é só um aviso. Já que você mesmo não se lembrará disso. Mas um dia ainda iremos nós ver. Adeus irmão. – aquela sombra negra estava em sua frente até que virou um raio negro e desapareceu.

Estava finalmente livre dele, só que em minha face não havia alivio. A dor estava nela e parte de meu corpo estava dormente. Eu estava me desfazendo, ou melhor, refazendo. Por toda a extensão de meu corpo veio à luz, e com ela o gelo e cada parte de mim se foi... Congelou-se e tornou se substancial e espiritual a luz. E na luz da lua, meu corpo se congelou e criou uma camada cristalina e brilhante e nas bordas do gelo, havia runas e um sinal de fractal de gelo.

Eu estava renascendo e congelando ao mesmo tempo, até que nada restou. Eu era o gelo...

Um enorme cristal maciço de gelo...
O que eu poderia fazer, agora nada... Eu não sabia de mais nada. Era como recomeçar do zero.

Esse sou eu. O rapaz perdido na neve.

Presos ao DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora