O Início de um Fim

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A doença havia crescido misteriosamente em minha esposa a levou a uma morte prematura diante ao crescimento de Lucília. Ela estava com quase 10 anos e possuía o sorriso mais belo. Parecia um raio de sol. Eu tinha quase certeza que parte de mim era culpado pela morte de Serena, mas nunca saberei se foi parte de tudo que aconteceu. Lucy havia crescido mais e mais, mas aquilo havia não havia mudado como eu me sentia em relação ao que havia ocorrido há dois anos, aquilo havia me posto em um quase luto eterno por ela. A única que me trazia luz agora era Lucy...

Foi então que eu havia percebido que as rosas começaram a nascer mais uma vez no palácio agora que Serena havia partido, como eu pude deixar esse detalhe passar, apesar de ser o início de um outono rígido, ele cresciam por toda a extensão do castelo. Aquilo era mais uma benção da Primavera, uma benção que não havia sido visto quando Serena vivia comigo, nem mesmo quando a mesma colocará o pé em nossas casas, mas a essa época do ano, aquilo devia ser impossível. Na época que a Senhora da Primavera reinava ao lado do Senhor da Morte. Muito estranho... As rosas cresciam por toda a extensão da torre leste do castelo.
Sabia que algo estava acontecendo ali, que aquilo não podia ser nada. Correu em direção a Torre leste, o caminho que uma vez havia sido livre durante tanto tempo, agora estava enraizado por uma longa camada de espinhos e relva. Elas se enraizaram nas paredes, nos muros e até mesmo na fechadura, onde havia uma rosa branca manchada de vermelho sangue. Sentiu que algo o chamava que algo lhe sussurrava, que algo o tinha trazido ali, até que ouviu uma voz sussurra e a voz de sua filha vinha de retorno a ele.

Era impossível! Como Lucy poderia ter conseguido entrar na sala... Há não ser que...

Ao conseguir abrir a porta algo muito maior o surpreendeu. Sua filha conversava com algo, de longe não podia ser dizer, mas o mesmo segurava uma longa rosa vermelha, que pingava um liquido de aparência vermelha, aquilo parecia sangue. O vulto negro se virou e lentamente disse:

- Me desobedeceu, Vladmir. Tinha uma enorme esperança em você, mas agora não passa apenas de mais que não entendia minha graça a sua casa... Mas se recusa a me ouvir. Recusa-se a me obedecer e agora, vejo que terei que puni-lo.

E por trás de uma máscara de sombras, eu pude ver a imagem que nenhum homem deveria ver nessa terra. Era a Senhora da Primavera, seus longos cabelos castanhos estava dividido em longas e grandes camadas, presos por uma coroa de flores, seu cheiro eram de madressilvas e seus lábios de um vermelho sangue magnifico. Seu rosto era oval e possuía a pele morena, uma tonalidade muito linda. Vestia um longo vestido vermelho e havia inscrições por todo ele. Ela me olhava em sua totalidade, mas havia um brilho de uma chama em seu olhar, aquilo parecia perverso e totalmente belo. Como se o passo que desse a ela lhe custasse sua vida, mas agora. Ali estava ela. E minha filha aos pês dela, sorrindo.

- Olha papai, minha amiga nova. Ela disse que eu podia brincar no jardim dela, e que sempre ficaríamos bem. Olha o que ela me deu. - na mão de minha filha jazia uma rosa branca que aos poucos se manchou de vermelha. A rosa parecia sugar a vida de minha menina, que ficava cada pálida ao permanecer no contato da rosa rubra.

-Filha, me dê isso.

- Não. - disse a menina à segura mais forte a rosa, que lhe manchava suas mãos de sangue.

- Sinto muito Valério, sua pequena é minha... Esse é o início de seu castigo. - a risada da Deusa enchia o ar com uma farmácia inebriante. - Agora dormirá com ela, mas uma vez que retorne a esse mundo nada o salvará nada o ajudará e somente à noite e as sombras serão suas aliadas. Adeus Valério. - Antes que eu pudesse apagar eu havia visto uma chama negra e azulada que consumia a Senhora da Primavera. Essa chama a circulava e ao redor de minha filha e da Deusa. Não havia onde elas pudessem se esconder. Aquele devia ser o castigo do senhor dela... Mas algo me dizia que não era.

***

Então tudo se tornou escuridão... E quando eu me despertei... Era tarde demais.
Não havia perdão, não havia luz...
Minha filha estava fria ao meu lado, o sangue estava embaixo dela, sua luz e cor já havia deixado suas faces e agora só havia a morte. Aquela que uma vez trouxe graça a toda a minha casa, agora trouxe algo diferente. Ela havia levado minha alma, minha vida, meus amores. E agora... Não havia mais nada. Ela era a culpada, a Senhora da Primavera, que uma vez fora gentil, agora se tornará a imagem de todas as desgraças e caos.

As lagrimas caiam de minha face descontroladamente, molhavam mim e me trazia de volta a triste realidade, a escuridão. E foi a ai que eu percebi que nada podia ser a minha salvação ali. Eu me sentia vazio, frio, gélido e totalmente apagado. O que na minha vida havia sido luz, nada mais me restou...

O castelo queimava ao meu redor, não havia nada que eu pudesse fazer, a aldeia queimava, a luz queimava, e por incrível que parecesse a rosa que uma vez foi graça, permanecia intacta na luz das chamas.

Não havia mais nada a mim, eu era a morte, eu era a escuridão.

Quando eu abrir apenas mais uma vez meus olhos, não eram olhos mortais. Mas sim de um monstro. Dourados como o ouro, brilhante como a chama que queimava ao meu redor. E eu, negro e vazio na imensidão da noite. Esse era eu...

Um ser amaldiçoado.
Essa era minha sina.

Não havia, mas nada aqui que pudesse me salvar... Nada.
Apenas a Escuridão da noite.

Presos ao DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora