Coração Congelado - Parte Final

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Não se sabia ao certo quanto tempo durou...
Uma hora, um dia, uma semana ou um mês.

Agora ela não era mais a mesma, sua vida foi mudada, seu passado foi mudado, e parte dela se transformou. Tudo parece mais nítido, e de uma maneira diferente. Como se estivesse congelado durante todo aquele tempo. Como se parte dela ainda não soubesse o que era viver.

Sentia-se viva, mas ao mesmo tempo não sentia nada. Seu corpo, seu coração, agora estava frio. Essa é sua maldição, querer amar, mas sem poder. Querer tocar e não poder, querer ter e não sentir... Queria ser ela mesma, ser normal, mais isso lhe custou à vida de sua família, que pagou o preço por ter ela como filha. Eu tinha um pensamento tão egoísta, parte por quer tê-los com ela ali e continuarem a viver, mesmo ela sendo um monstro e uma parte pior, por ter sido aquela que lhe causou dor e uma morte terrível. Ela queria volta no passado, se lembra do que houve antes do acidente, querer eles com ela agora, era algo que ela não merecia e nunca iria poder ter... Mesmo sabendo que ela poderia ser um monstro apesar de tudo, nada mudaria. Só faltava descobri o que havia causado aquilo a ela. Ela era o frio. Perto dela não há calor, amor ou qualquer outra coisa. Apenas o frio.
Uma pobre alma amaldiçoada, assim como Vladmir, o senhor da escuridão.
Agora só lhe restava ser o que foi feita pra ser.

Ela era um com a Escuridão agora. Seu corpo mudará com isso para ser como ele.
Seus cabelos que eram loiros adquiriu uma tonalidade negra, seu vestido tomara que caia que era de um azul celeste, com pequenos brilhos pratas, se tornou uma azul tempestade, tão escuro que chegava a ser quase negro tingido daquela cor que havia na tormenta e na escuridão, e os brilhos que continham no mesmo, se tornou pequenos brilhos de gelo, e seus pequenos olhos azuis, que certa vez mostra paz e castidade, se tornaram uma cor escarlate que abrasava e marcava a tudo e todos, e a cor tomo conta de tudo que agora seu olhar era quase predatório. Eles ficaram vermelhos, com um tom incomum, como se fossem de sangue. Sua aparência permaneceu jovial, mas havia um ar mais selvagem, mas astuto. Ele foi o único que mesmo sabendo como ela era aceitou, mas havia algo que não conseguia lembrar... Uma memória há muito perdida...

Quem era o menino na sacada de sua janela? Aquele que a olhava de longe, que possuía uma face triste, que trazia em seu olhar uma sina de adeus, o menino que parecia querer ter lá com ele, e somente se via seus olhos azuis, como o fim de uma tempestade de verão. Ele a vigiou até que ela adormecesse, e cuidou de quando ela era criança. Mas ainda sim podia ouvi-lo no vento...
Somos iguais... Você não está sozinha... Não esqueça...
Era apenas um sonho, não era? ... Não podia ser real. Não se lembrava dele direito, mas sentia algo nele que lhe era familiar, seria a aparência de seus olhos ou até de seu sorriso. Sentia algo apertar dentro de si... Será que ele tinha deixado ela? Por ela ser um monstro...
- Aryana... O que houve minha criança? - sussurrou Vladmir, dentro de minha cabeça.
- Nada... Estava apenas vendo a Lua. - diz a jovem, olhando o céu.
- Vamos entrar. Ainda há muito a que se fazer antes...
- Tá.

Tomo meu caminho em direção a portão do castelo, mas por alguma razão elevo meu olhar ao céu e volto a admira a lua apenas mais uma vez antes, de me dirigir à entrada, quando eu ouço um leve sussurro me impedindo de entrar.

Talvez esse seja o nosso começo, Arya...

Admirou mais uma vez a luz da lua, tinha um pressentimento que tinha algo com ela, aquilo havia sido estranho, e agora havia percebido aquilo, a voz havia falado em sua mente, assim como Vladmir fazia às vezes, mas aquela voz não lhe era estranha, era como se fosse parte dela ali, naquele momento era como se a houvesse ouvido mais de uma vez. Aquela voz doce e gentil, mas que tinha um traço de divertimento e tranquilidade, o mesmo sentimento quando se sente ao ver algo nascer. Abaixo meus cílios e suspiro, e me viro para o céu e a lua mais uma vez. Naquele instante o vento soprou forte, deixando um rastro frio nas nuvens, alguns diriam que havia sido uma coincidência, mas ela sabia que não. Algo estava começando...

- Há algo estranho...

Um rastro de calor e frio estava marcando o céu apenas mais uma vez, antes que as sombras ocultasse aquele local e escondesse um pequeno vulto de uma pessoa atrás das nuvens, agora a luz da lua, que por um alguns minutos havia iluminado a noite, se tornará oculta pelas nuvens e suas sombras e um vento soprou leve e moveu as nuvens deixando as avermelhadas.

Com isso as portas se fecham lentamente e com um pequeno estrondo se selou a entrada do palácio.

***

A neve caia fortemente lá fora, os ventos enchiam o ar de melancolia, o frio abatia as montanhas e floresta ao longo de toda Áustria. Era primavera, mas apesar da estação, não havia muitas flores que sobrevivesse ao frio, ele castigava aquela terra, como se o inverno não houvesse fim. O vento pareceria sussurra uma melodia triste que ecoava nas paredes de Cloud Twilight. Parecia que logo após o meu despertar o tempo havia mudado e me acompanhado até ali, havia seguido a ela e deixando cada parte daquele lugar frio e solitário, perfeito e irônico para ela. Ela ainda tinha Vladmir ao seu lado, o homem que havia lhe mostrado um novo rumo em sua vida. Ele cuidou dela com muito carinho e consideração, lhe tratava com uma filha, às vezes eu o pegava olhando-me com ternura, como se visse algo de seu passado, algo distante, algo que lhe era importante. Mas toda vez que eu tocava no assunto e o perguntava se ele tinha uma família, ele sorria de maneira e triste e tornava me a me dizer:

Que tolice, Arya... Existe apenas a mim, não e possível à escuridão ter uma família...

Sempre lhe dizia que tinha a mim ao seu lado, mas ele mantinha sua visão ao longe e  desvanecia em névoa negra, e só retornava depois de longos dias fora. Ele era um mistério, até mesmo para mim, que vivi com ele desde meus sete anos. Vladmir sempre seria aquela incógnita viva... Uma essência viva de uma sombra.

Apesar de estar tão próximo a mim, e mesmo assim tão longe...

Enquanto eu aqui permaneço na escuridão

Presos ao DestinoWhere stories live. Discover now