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𝘼𝙪𝙩𝙤𝙧𝙖 𝙣𝙖𝙧𝙧𝙖𝙣𝙙𝙤:
𝘘𝘶𝘪𝘯𝘵𝘢 𝘧𝘦𝘪𝘳𝘢, 25 𝘥𝘦 𝘮𝘢𝘪𝘰

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𝘼𝙪𝙩𝙤𝙧𝙖 𝙣𝙖𝙧𝙧𝙖𝙣𝙙𝙤:

𝘘𝘶𝘪𝘯𝘵𝘢 𝘧𝘦𝘪𝘳𝘢, 25 𝘥𝘦 𝘮𝘢𝘪𝘰.

A noite de 25 de maio estava silenciosa, algo fora do comum. Na casa de Anastácia Lewis, nada se ouvia, a não ser choro e desespero das pessoas que a amavam. Hannah precisou ser aparada por Caleb, entretanto Ettore fez questão de ser ele quem estaria ao lado de Hannah. Cloe ainda chorava desesperadamente sobre o caixão da sua adorável avó. Peter limpava as suas lágrimas e apoiava a sua namorada e seu avô, que estava desolado. Kylie também estava presente. Ele não podia acreditar que aquela doce senhora que conheceu não estava mais viva. Marjorie acompanhava tudo de longe, ela ainda respeitava a Anastácia, temia se aproximar e acabar arrumando um algazarra em seu funeral. Fábio estava lá, junto à outros dez policiais. Todos lamentavam a triste despedida de Anastácia.

O silêncio era ensurdecedor. Repentinamente, o som de saltos altos contra a mármore do chão rouba a atenção de todos presentes. Hannah arregala os olhos, mal pode acreditar que lá estava a sua irmã, Cecília, qual não via há anos.

Cecília engole em seco e tira seus óculos escuros, limpando a lágrima solitária que escorria por seu rosto. A verdade é que desde que ficou sabendo, ela não para de chorar. O arrependimento em seus olhos azuis era visível! Suas olheiras cada vez mais evidente mostrava que não havia parado de trabalhar um dia sequer depois do abandono do seu marido. Ela se aproxima do caixão no meio da sala e passa as suas mãos pelo rosto da sua mãe, morta. Um soluço escapa da garganta dela, e só então Cloe percebe a presença da sua mãe.

Uma raiva toma conta de Cloe, ela se levanta com ímpeto da cadeira onde estava.

- O que você faz aqui?- grita.

- Cloe, eu…

- Você não deveria estar aqui, você não é bem vinda!

Cloe estava tremendo, seus olhos vermelhos e sua voz trêmula demonstravam o quanto estava sofrendo.

- Filha…

- Não me chama de filha! Você não sabe o que é ser mãe, essa aqui…- ela aponta para o corpo da sua avó.- …ela sim é uma mãe de verdade!


- Cloe!

Cecília estava aos prantos.

- Ela me criou e me deu todo o seu amor, ela me aceitou e mesmo eu sendo tão complicada e teimosa, não me abandonou! Não me deixou sozinha por ser egoísta e pensar só em si mesma! Por isso não venha me chamar de filha, você não é a minha mãe. Eu nem sei quem é você!

Cecília se desmancha em lágrimas e Cloe sai correndo da sala. Peter vai atrás dela e Hannah se aproxima de Cecília.

- Hannah…

- Não vou pedir para que você saia, tem tanto direito quanto qualquer uma de nós, mesmo que você tenha fingindo que não existimos por todos esses anos e nem por quando te procuramos porque precisávamos de ajuda, nos ignorou…Mas ela odiaria que eu fizesse isso. Saiba, Cecília, não é por você e sim por ela, apenas!

Cecília limpa as lágrimas com as costas das mãos.

- Me perdoe, Hannah…

Hannah segura as lágrimas.

- Eu não sei se poderia, Cecília…a Cloe não está errada. Eu não te conheço mais!

- Eu sei...Eu fui uma pessoa mãe, uma péssima irmã e principalmente…uma péssima filha!

- Eu acho que você deveria ir atrás do perdão da Cloe. Ela irá precisar mais de você agora!

Após dizer isso, Hananh vira as costas e se afasta de Cecília. O enterro de Anastácia foi breve. O sofrimento era tamanho. Hannah dispensou todos e entrou em sua casa, sozinha. Era assim que ela estava, sozinha no mundo. Ela acabara de perder uma pessoa que sempre a amou mais que tudo, a pessoa que lhe deu a luz e a que lhe dava forças. Hannah se joga em sua cama e chora, mais uma vez. Ela sentia a sensação de ser totalmente destruída.

[…]

𝘚𝘦𝘹𝘵𝘢 𝘧𝘦𝘪𝘳𝘢, 26 𝘥𝘦 𝘮𝘢𝘪𝘰.

Fábio se espanta com o que está diante dos seus olhos. Rapidamente ele pega o telefone e liga para Caleb. Após alguns minutos, ele ouve a voz de Caleb do outro lado da linha.

- Alô?

- Alô, Caleb. Precisamos no encontrar, rápido!

- Está tudo bem?

- Não sei, provavelmente não!

- Está me assustando, cara!

- A coisa é séria, Caleb. Sabe a lanchonete que nós íamos para almoçar?!

- Sim, eu sei.

- Vá para lá, te encontro em uma hora!

- Beleza!

Fábio desliga o telefone e copia as informações em um pendrive. Ele sai rapidamente de casa e entra em seu carro. Mas ele não dirige diretamente para a lanchonetebonde marcou com Caleb. Ele para em frente à casa de Marjorie. A campainha toca incessantemente até Marjorie aparecer e abrir a porta.

- O que houve, Fábio?! Está louco?!

- Eu descobri a verdade entre você e Caleb!

Marjorie arregala os olhos.

- Do que está falando?

- Não se faça de inocente, Marjorie! Hoje eu acabo com essa farsa e vocês terão que pagar pelo o que fizeram!

- Você está louco!

- Eu estou louco?!

Fábio estende o celular com a tela mostrando uma conversa que Marjorie conhecia muito bem. O ar some dos seus pulmões.

- Como você conseguiu isso?

- Isso não vem ao caso. Isso prova o quanto você é…arg! Nem tenho palavras para expressar meu asco!

- O que vai fazer?

- Justiça!

Fábio vira as costas para Marjorie e entra em seu carro e dá partida. Marjorie tenta se recuperar do choque e pega seu celular, discando um número. Na terceira chamada, ele atende.

- Alô?

- Ele descobriu!

[…]

𝙃𝙖𝙣𝙣𝙖𝙝

Entro no cemitério com rosas brancas, as preferidas de mamãe. Me aproximo do seu túmulo ainda sem acreditar. Minha mãezinha. Vejo a Cecília, ela está ajoelhada diante do túmulo da  mamãe.

-…sei que que errei…acredite, mamãe, vou carregar essa culpa por toda a minha vida. A senhora estava certa! O tempo todo…Mas eu estou tão arrempedida…entretanto, é tarde demais!

Cecília chora e meu coração se quebra de centésima vez. Me aproximo e depósito as rosas diante da sua lápide.

- Se existe uma coisa que Anastácia Lewis lhe diria seria: “enquanto há vida, há esperança!”

Cecília olha para mim.

- Eu nem pude pedir perdão a ela…

- Ela sempre te perdoaria, Cecília. Mamãe te amava…assim como eu te amo e como a Cloe…

Ela limpa mais algumas lágrimas.

- A Cloe me odeia!

- A Cloe odeia a distância que você mesma colocou entre vocês…

- Eu sou uma pessoa ruim…

- Eu não diria isso! O seu marido foi uma pessoa ruim, você apenas refletiu a dor que ele te causou, mas infelizmente, você afastou as pessoas que te amavam de verdade…as pessoas que ainda te amam…

- O que eu poderia fazer?

Olho para ela. Seu olhar é de puro desespero.

- Pense, Cecília. Você é uma mulher inteligente!

- Hannah, por favor, me perdoe…

Coloca as minhas mãos no bolso da calça jeans que eu estava usando.

- Cecília, eu e o Caleb estamos nos divorciando.

- Oh!

Ela estava surpresa.

- Eu não sabia…

Sorrio ironica.

- É claro que não sabe! O Caleb me traiu, Cecília…quando eu descobri, fiquei desesperada e me sentia perdida, solitária, ferida e magoada…

Ela suspira.

- Eu sei, foi exatamente assim que me senti quando o Pedro me traiu e me deixou por uma mulher mais jovem…

- Exato! Naquele momento, você era a pessoa que mais poderia me ajudar, além de ser a minha irmã, a pessoa que me sentia ligada!

Ela me olha e engole em seco.

- Mas você não estava disponível. Tive que me virar com a minha dor, sozinha! Você me conhece o suficientemente bem para saber que o meu maior medo sempre foi o escuro. Desde o cinco anos. Entretanto, naquele dia, a escuridão foi a minha companhia e então eu aprendi que eu estava sozinha! Por mais que tivesse pessoas que me amassem, eu estava lá.

- Oh Hannah…- ela lamenta.

- Mas eu a perdoo, Cecília…eu entendo que todos temos o direito de errar e aprender com os mesmos! No entanto, nesse momento eu só quero ficar sozinha.

Sorrio triste.

- Ouça, Cecília, cuidado ao se acostumar a solidão. Ela pode ser viciante!

Dou um ultimo olhar para ela e vejo as suas lágrimas novamente brotarem do seus olhos. Me viro e saio do cemitério.

[…]

𝘚á𝘣𝘢𝘥𝘰, 27 𝘥𝘦 𝘔𝘢𝘪𝘰.

Em menos de dois dias, lá estava eu, me despedindo de mais alguém do meu meio de convivência.  Fábio estava morto. Motivo da sua morte? Acidente de carro. Ele despencou de uma ribanceira e seu carro pegou fogo. Segundo os especialistas, Fábio ainda estava vivo quando o carro desabou, mas infelizmente ele foi queimado vivo na explosão do carro. Por meio das investigações, descobrimos que tudo não passou de um acidente. Estava chovendo muito.

Todos estavam muito chocados para sequer falar algo. Todos os policiais estavam lá, dando o adeus a um dos nossos irmãos de farda. Marjorie precisa ser aparada por alguns amigos. Aparentemente, eles eram bem ‘próximos’.

Ao longe eu posso ver o Caleb. Ele está vestido de preto e acompanha o enterro ao longe. Vejo as linhas do seu rosto. Ele estava sofrendo. Aliás, Fábio havia se tornado um grande amigo de Caleb. Me aproximo sem que ele perceba.

- Como você está?

Ele se vira para me olhar.

- Queria que isso fosse apenas um pesadelo!

Ele volta a olhar o caixão de Fábio descer a sepultura. Passo as minhas mãos por seus ombros.

- Ele estava vivo, Hannah, ele até mesmo falou comigo horas antes de…de…

A voz de Caleb vacila.

- Ele tinha algo para me dizer. Íamos até mesmo nos encontrar na lanchonete para ele me contar algo que descobriu, parecia ser importante e urgente!

O encaro.

- Sério?

- Sim…Isso é culpa minha!

- Ei, foi um acidente! Não tinha como você saber…

- Seja o que quer que fosse…acho que nunca vou saber…e nunca poderei ver meu amigo novamente…

Caleb começa a chorar e eu o puxo para um abraço. Ele parecia inconsolável e desesperado, após a amizade dele e de Ettore chegarem ao fim, Caleb não tinha nenhum outro amigo além de Fábio, que agora estava morto.

[…]


[…]

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Doce Obsessão (Livro 1) REESCREVENDO Where stories live. Discover now