18 Eu sou ele ✅

455 50 105
                                    

HANNAH

Eu abro os meus olhos lentamente

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Eu abro os meus olhos lentamente. A escuridão vai tomando forma e o porta retrato a minha frente identifica o local onde estou. No meu quarto.

 Suspiro e faço o possível para me levantar da cama.

Uma dor de cabeça insuportável me atinge em cheio. Não sinto essa dor desde a última vez que bebi.

 Bebi... aos poucos as imagens me atingem em forma de lembranças.

Fecho os meus olhos ao lembrar da mensagem do Hacker. Uma dor cruza meu coração ao me lembrar do Caleb naquele quarto de hotel. E finalmente, a raiva expande em meu peito ao me lembrar da expressão falsa de Marjorie. Achei que ela fosse minha amiga. Alguém que eu pudesse confiar.

Amiga...

 Com esse pensamento, solto uma risada amarga, que resulta em uma dor latejante.

Com as poucas forças que me restam, saio da cama e me direciono ao banheiro. Abro o chuveiro e entro debaixo da água fria. Não me importo de ainda estar vestida. Não me importo com mais nada a esse alcance.

Nem tenho mais lágrimas para derramar, mas ainda assim as gotas quentes traçam uma rota em meu rosto. Uma dor quase insuportável esmaga meu coração e me deixa sem ar. Meus olhos inchados que ardem, quase agradecem pelas novas lágrimas. Um alento.

Logo tudo está claro. O peso da realidade parece me puxar para o profundo da escuridão avassaladora que tornou a minha vida amarga. Eu não queria sentir isso que eu estou sentindo nesse momento. A dor, o ódio, a raiva e a desilusão estão misturados em uma síntese que cria um novo sentimento cujo eu não sei o nome.

Um sentimento de passar por cima da situação me toma por completo. Rápido e urgente.

 Eu não posso acabar assim! Lembro-me da pessoa que eu era antes do Caleb. É naquela Hannah que eu devo focar. Ou melhor, na Hannah que eu ainda posso ser. Não quero me tornar a pessoa que eu era antes do meu casamento fracassado, queria ser alguém melhor, maior, mais forte.

Saio do banheiro. Preciso encontrar um novo foco. Não posso me afundar na amargura e na tristeza dessa forma. Não, eu não posso acabar assim! Não vou permitir.

Saio do quarto e entro na sala. Sem perceber, acabo derrubando alguns papéis sobre o caso do Justiceiro.

Naquele papel estava os nomes das vítimas. As pessoas que perderam suas vidas para um psicopata que se julgava melhor que os outros. Um psicopata que jurei às essas famílias que prenderia. Uma promessa que agora faço a mim mesma.

Nem que seja a última coisa que eu faça na vida. As lágrimas daquelas mães, dos maridos, filhos não serão em vão.

Suspiro, tentando revigorar as energias. 

Agora eu tenho um foco. Junto os papéis em minha mão e os deposito sobre a mesa. Meu celular começa a vibrar sobre o sofá alertando sobre as notificações.

Fico receosa se devo pegar e olhar as notificações. Não importa o quanto doa, eles não irão me ver destruída. Não irão me ver desmoronar. Mesmo que isso custe destruir tudo o que há dentro de mim silenciosamente.

Engulo em seco e pego o aparelho em minhas mãos. Uma ligação. Número desconhecido. A última vez que atendi um número desconhecido, foi para descobrir a maior desilusão da minha vida.

-- Alô? -- atendi.

-- Alô, detetive?! Sou Marisa, a irmã de Ryba. Nossa família irá fazer uma pequena homenagem a ela. A senhora poderia comparecer? ... É que... a senhora foi muito... --  ela suspira -- A senhora pode entender a nossa dor. Por favor... -- suplicou.

 E assim irei iniciar minha revolução. Minha reconstrução.

-- Claro, Marisa. Conte comigo!

[...]

Em poucos minutos eu estou devidamente arrumada. Peguei uma blusa e uma calça preta. Olho para o reflexo do espelho e amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

Pego os óculos de sol e uma bolsa. Pego o meu celular e vejo as chamadas perdidas do Caleb. Apenas ao ler seu nome sinto uma dor imensa em meu peito. Me sinto magoada, mais que isso!

Apago o contato da Marjorie imediatamente e vejo uma mensagem de um número desconhecido.

"Me desculpa, Hannah..."

Digito para ele:

" Você deve estar feliz, estava certo!!"

Desligo a tela do celular e o jogo dentro da bolsa. Saio de casa e entro no carro. Dirijo até o endereço indicado pela Marisa. Ryba foi a sexta vítima do Justiceiro. Uma garota de apenas vinte e três anos. Fazia faculdade de Medicina, quarto semestre. Foi encontrada morta em uma banheira de motel. Assassinada a sangue frio pelo "Justiceiro".

Suspiro. Lembro da expressão de seu noivo, Erick. Ele não podia acreditar que a jovem sem vida na banheira era sua noiva, a sua doce Ryba. Infelizmente, o choque da traição da noiva foi muito pior. Ele se sentiu arrasado. Eles iriam se unir em matrimônio em menos de um mês e se perguntava o porquê que sua tão amável noiva o trairia.

Erick entrou em uma depressão severa. Torço para que ele consiga sair dessa situação. Sei a dor de ser traída, mas não posso imaginar ver a pessoa que tanto amo naquele estado.

Odeio o Caleb por ter me traído. Mas não consigo desejar sua morte. Apesar de tudo, ele foi uma parte importante para mim por um bom tempo. E continua sendo. Todo esse tempo ao seu lado não irá sumir da noite para o dia, compreendo isso.

Meu celular vibra com uma mensagem logo quando estaciono o carro em frente ao local do endereço passado. Pego o celular e leio a mensagem:

"Claro que não, Hannah... se eu fiz isso, foi porque passei pela mesma situação. Você é tão doce, é uma pessoa tão especial... não merecia ser traída assim..."

Suspiro pesadamente e começo a digitar:

"Tudo bem. Mas tenho uma exigência!"

"Qual?"

"Nós vamos nos encontrar! Não gosto desse tipo de comunicação. Não gosto de falar com pessoas que não mostram a cara. Eu quero vê-la ou vê-lo!"

"Tudo bem, Hannah, se é o que você quer..."

Saio do carro e jogo minha bolsa no ombro direito.

"Ah, e eu sou 'ele'!"

[...]

Doce Obsessão (Livro 1) REESCREVENDO Where stories live. Discover now