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Félix estava sentado dentro do carro, deitado no banco de trás, encarando o teto coberto do automóvel. Pensando e ao mesmo tempo não.

Não sentiu alguém entrar pela frente, e só depois de longos minutos foi que ouviu Changbin lhe chamar.

Ergueu a cabeça e encarou o Kim sorrir pequeno para si, ele estava sentado no banco do passageiro. Virado de uma forma que conseguisse encarar a si.

- Tudo bem? - Perguntou verdadeiramente curioso. Félix estava tão estranho nesses últimos dias. Principalmente depois da visita inesperada de um certo alguém.

- Ta tão na cara assim que eu tô uma merda? - Perguntou em um tom de diversão.

- É... - Changbin riu sem graça. - Quer conversar?

Félix ficou longos segundos pensando sobre falar ou não para o outro sobre tudo que rondava sua cabeça. Sobre todas as dores do passado que voltaram tão de repente.

Maneando a cabeça bateu no estofado, ao seu lado chamando o Kim para sentar-se ao seu lado.

Changbin, pulou o banco da frete sentando na posição de índio de frete para Félix.

- Eu acho que nunca te disse mas os meus pais se separaram quando eu tinha 15 anos. - Falou sem realmente saber como começar a falar.

- Não. Na verdade eu não sei muito sobre você.

- Nem eu de você.

- Ta. Vamos mudar isso. - Changbin se remexeu até se sentar confortavelmente. - Meu pai era policial, e minha mãe cantora. - Sorriu ao se lembrar do sorriso da mulher. - Ela tinha uma voz maravilhosa. Sempre cantava pra mim. Até o dia em que ela morreu. Ela tinha a saúde fraca, então ela se foi. - Não pensava muito sobre a morte da mãe, na verdade preferia pensar em todas as risadas, ou histórias, e canções que ela catava para si. Só focava nas coisas boas.

- Ela parecia ser muito legal. A minha mãe é uma merda. - Riu. Changbin lhe encarou descrente. -Continua.

- Ta... Eu ia entrar na faculdade esse ano, ia fazer faculdade de música como eu e minha mãe sempre quisemos. Mas sabe, tudo isso meio que impediu. - Félix lhe encarou apertar os dedos das mãos, que estavam sobre o seu colo. Se aproximou devagar, apoiando a cabeça sobre o ombro alheio.

Changbin ficou alguns segundos processando a aproximação repentina, mas ao mesmo tempo, não queria que ele se afastasse.

- S-Seungmin ia se casar esse ano também. Ele e o Minho se conhecem a muitos anos, e então finalmente esse casamento ia sair. - Changbin encarou o lado de fora, vendo Minho abraçar Seungmin pelos ombros, enquanto falava alguma coisa com BangChan.

- E o seu pai?

Félix percebeu que falar sobre ele era um assunto delicado, quando as mãos do mesmo pararam de se mexer, e seus olhos pareceram perde o foco.

- Ele foi assassinado em uma patrulha. Eu estava na escola quando o Minho me ligou, falando que ia me buscar. Eu não entendi o porque dele ter ido, e nem o porque das pessoas estarem me olhando daquele jeito.

- Que jeito?

- Com pena. - Suspirou. - Seungmin estava trancado no quarto quando eu entrei, Minho teve que dar um calmante para ele, não era a primeira ver que ele perdia alguém. Mas ainda doía. - Félix achou que viu os olhos do mais velho brilharem com lágrimas. - O enterro foi no dia seguinte. E então dês daquele dia, Seungmin cuidou de mim.

O silêncio se instalou de novo no carro, Félix fazia uma espécie de carinho sem graça nas costas do mais baixo, e Changbin aproveitava da aproximação alheia.

Welcome to Hell - Minsung  Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora