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Boa leitura! 

— Não acha que é cedo demais pra encher a cara? 

Escuto a voz suave se aproximando, e não faço questão de me virar para observar a quem pertence. Assim como nos últimos dias, eu sei bem de quem se trata, já que a presença de Scott na minha vida passou a ser quase rotineira, assim como sua maneira mansa e certeira de falar. 

Depois de todo o incidente e de Namjoon praticamente me arremessar para fora de seu apartamento pela janela em uma tentativa desesperada em me manter longe de Jaebum, eu estive dormindo na boate, assim como me foi pedido. Certamente não era o que eu queria fazer, e nem o que me deixava mais confortável, porém, naquele momento era minha única opção. 

Jeon Jaebum me fez acusações além de ameaças, e mesmo que ainda não existisse um mandato de prisão contra mim, me esconder era o melhor para todos. Assim, aceitei a oferta generosa de Richard em me acomodar em um dos quartos da casa noturna — inoperante agora — e me manter longe das ruas. 

Já haviam se passado alguns dias, esses que eu passei remoendo cada cena daquela tarde em que Jungkook se foi, como um memorando doloroso de todo o meu fracasso. Eu estava entorpecido, tentando ignorar a ruína que minha vida se tornou, além da humilhação que viria quando toda a história viesse a tona.

Como minha família reagiria ao me ver sendo acusado? Eu desconfiava que dá pior forma possível, assim como Jungkook.

Ele nunca confiou em mim.

— Resolveu me ignorar agora, detetive?  — o garoto insistiu, sentando-se ao meu lado em uma das banquetas do bar. O lugar não estava aberto ao público, mas ainda mantinha todas as suas bebidas, e eu estava me aproveitando disso. 

Quem diria que um dia eu estaria assim. 

— Você vai me fazer parar de beber isso aqui? — apontei para a garrafa de vodka a minha frente, e ele confirmou com um aceno. — Então sim, eu vou te ignorar. 

— Beber não vai trazer ele de volta, detetive.

Eu suspiro pesadamente, porque sei que ele tem razão e deixo o copo com o líquido ainda pela metade sobre o balcão. 

— Isso não é sobre ele.  — respondo, deixando meu corpo ainda dolorido e machucado acomodar-se melhor na banqueta. — E por favor não me chame de detetive.

Me dói, me machuca lembrar da voz doce e rouca que desde o começo trouxe outro significado pra essa palavra.

Pertencia a ele agora, assim como todo o resto.

Ele anuiu, e soltando um sorrisinho ao pegar o copo que eu antes bebia, completando com o líquido transparente, levando até a boca e o bebendo de uma só vez. 

— Não era cedo demais pra encher a cara? — devolvi seu comentário, vendo-o repetir o gesto anterior e deleitar-se com mais uma dose da bebida.

— Pra você sim,  mas eu sou um delinquente fodido, lembra? — solta mais um de seus sorrisos sarcásticos. — Além disso, Richard precisa da sua ajuda, então eu vou garantir que você não entre em um coma alcoólico até lá. 

É claro, eu ainda precisava seguir com o plano, tinha feito a promessa de ajudá-los e manteria minha palavra, tanto pelo bem de Jungkook, quanto por mim.

— Você parece se importar muito com ele. — comento, olhando-o de soslaio. — Sabe, com Richard.

— Ele me criou, é como um pai pra mim. — se levantou, migrando para trás do balcão. — Se o plano é importante pra ele, é para mim também. 

DISTRITO 111 •Jikook•Onde as histórias ganham vida. Descobre agora