A modelo sem expressão

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Rosé havia acabado de chegar na Coreia do Sul, tinha recebido um ótimo trabalho. Teria um prazo grande para fazer apenas duas pinturas para uma publicidade. Isso era quase um sonho. Ao menos foi o que sua melhor amiga, Lalisa Manoban disse. Segundo ela, o dinheiro que Rosé ganharia valia mais que seu corpo inteiro vendido em um mercado ilegal.

As duas estavam comendo em uma cafeteria colocando a conversa em dia, fazia tempo que Rosé não ia para a Coreia. Lisa sentia saudades, por mais que se falassem diariamente por telefone e chamada de vídeo. Além de que é bem mais legal quando sua melhor amiga rica está por perto.

— Essas cafeterias de ricos são incríveis!— Lisa disse comendo sua panqueca com bastante calda, parecia uma mistura de sabores deliciosos em sua boca. Obviamente Rosé quem estava pagando por isso.

— Não fale como se nunca tivesse comido isso.— Rosé disse a encarando, estava comendo seus docinhos e seu pedaço de bolo. Segundo ela, precisava de uma grande quantidade de açúcar para ficar acordada depois da viagem cansativa. Lisa disse que isso daria diabetes e a mandou dormir, porém Rosé não a deu ouvidos.

— Por favor, não compare nosso desastre culinário com isso aqui, ele fica magoado, sabia?— Lisa disse colocando suas mãos para esconder a comida como se estivesse tampando seus olhos, que ela mesma acabou de determinar onde estavam.

— Não, eu não sabia.— Rosé riu ao ver a idiotice da amiga. Estava se sentindo em casa de novo, por mais que a Coréia do Sul não fosse seu país natal, mas se sentia pertencente de lá. Principalmente por sua amiga, também estrangeira, morar lá.

— Sério, mas é uma sorte desgraçada você fazer pinturas pra modelo mais famosa de toda a Coreia. Tipo, isso é um feito incrível.— Lisa disse, sua boca estava um pouco suja no canto por conta da calda da sua comida, porém aparentemente ela realmente estava falando sério.

— Qual é, eu sou famosa também. Não é como se eu fosse lá pra pedir pra fazer isso, eles me chamaram.— Rosé disse com um suspiro entediado, a garota era bonita, talentosa e popular de verdade, entretanto Rosé não sentia uma alma vindo dela, algo próprio que a fizesse brilhar, contudo ninguém contestava que fosse a melhor no país no que faz.

— Você não me parece muito animada.— Lisa disse e deu uma risadinha ao olhar para Rosé, que estava com uma expressão aparentemente entediada enquanto comia.

— Sei lá, eu não acho aquela garota tudo isso, mas tenho que admitir que ela trabalha bem e é muito bonita.— Rosé disse e bocejou, estava realmente com sono por conta da viajem e suas olheiras diziam isso, só não estavam piores que as de Lisa, que parecia quase um panda desse jeito.

— Ãh? Como assim?— Lisa perguntou confusa, não entendia direito algumas coisas que Rosé falava, mas acabava achando engraçado no final.

— Ah, não sei... Ela não tem brilho próprio, não tem alma, mas mesmo assim ofusca todos...— Rosé disse tentando pensar em algo, não conseguia se expressar com palavras comuns, sempre tinha que usar metáforas ou ironia.— É como se fosse a lua! Ela reflete o sol e não tem brilho próprio, mas mesmo assim ela ofusca todas as estrelas ao redor! Entende?

— Não, lá vem você com o seu papo de artista. Eu não entendo essas coisas abstratas, tá legal? Sou meio burroide, muito burrônica.— Lisa disse e colocou mais um pedaço da sua panqueca na boca, dando um suspiro feliz. Comer só comida barata e comida de lojas de conveniência era cansativo, ao menos isso não a engordava.

— "Burrônica" não existe, Lisa.— Rosé disse tomando seu chá cuidadosamente, era realmente diferente do que serviam na França, não do jeito ruim.

— Tá, tanto faz, tanto faz.—
Lisa disse acabando de comer sua panqueca devagar. Olhou a hora no seu celular e quase se engasgou. Pegou um pedaço inteiro da panqueca e enfiou na boca de uma vez só, o que obviamente chamou atenção das pessoas ao redor.— Esh vuh tre qui...

A wall in art | ChaesooTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon