Capítulo 17-Novo plano

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Se vamos ficar bem? Talvez, mas é uma possibilidade e agora só estavamos vivendo disso: possibilidades.

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A única certeza que tenho é que um dia vou morrer, mas não por esses monstros.

Caminhamos cautelosamente até o carro que um cara qualquer nos deu. Acho que tínhamos coragem até demais. Como diziam por aí é melhor um covarde vivo que um corajoso morto.

Mas já tinhamos tomado a nossa decisão. E era tarde demais pois felizmente já estávamos dentro do carro e dando partida. Não tínhamos sequer a idéia de quanta gasolina havia e na verdade nem notamos. Naquele momento íamos mais depressa e dobramos cada esquina e sempre dando de cara com algum Stiço afim de correr atrás de nós.

Para quebrar o silêncio eu comecei:

-Nessa cidade tem uma rua... Que eu não posso mais passar.. Nessa cidade tem uma rosa.. De pálida agonia a me esperar.

-Vanguart-disse Ben me fitando um sorriso.

Realmente nessa cidade havia várias ruas que não poderíamos passar, aliás praticamente todas. E me lembro do meu pai cantando essa música. Minha mãe lendo jornal, minha irmã provavelmente no Facebook. O que aconteceu? Parece que as lembranças estão sumindo ou simplesmente não vale mais a pena. Já pensei demais.

-Para onde vamos?-pergunta Jay.

-Não tenho certeza.-responde Tom.

-Como assim?

-Eu tenho uma idéia, mas..

-Mas?

-É arriscado e vocês certamente vão discordar.

-Diga Tom.

-Marina.

-O que? Que Marina é essa?

-Marina Park New Orleans.

-Um hotel? Sério?

-Não é o hotel. É o que tem lá.

-O que tem lá tio?-pergunto curiosa.

-Barcos.

-O que? Barcos...

-Acho que seria uma boa idéia.

-Talvez, mas precisaríamos de no mínimo um iate.

-É isso aí, sempre pensando grande.

-Mas temos que pensar como vamos nos manter se aderimos ir pelo mar.

-Primeiro a embarcação.

-Sabe onde fica?

-Hum.. Não.

-Ótimo. Agora precisamos de um mapa.

Não havia quase nada no carro além de nós apesar de precisar de um mapa meu tio estava tranquilo, pois o plano parecia, de início, ótimo para a situação atual. Mas é claro que o medo não deixa de existir.

Aconteça o que acontecer sei que devemos estar todos...

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Acordei com uma dor terrível, mas não havia dormido.

Alguma coisa bateu em nosso carro. Meu tio estava tentando me acordar, pois o carro havia capotado.

-O que aconteceu?-perguntei cambaleando as palavras.

-Um caminhão nos pegou.

Sai do carro desorientada apenas ouvindo meu tio.

-Provavelmente tinha pessoas que viraram esses monstros no caminhão. 

-E como sabe? Afinal..

-Por que tive que mata-los.

-Quantos?-perguntei assustada.

-Três.

-Jay, Ben...

-Jessie!

-Que?

Vi Ben sentado num canto perto do caminhão e vivo.

-Não..

-Infelizmente..

-E Jay?

-Querida..

-Onde Jay está?

-Ele foi um dos três.

-Tom!

Só depois percebi o corpo perto do nosso carro destroçado. Era Jay. Ben não merecia.

-Temos que ir embora querida.

-E vamos deixa-lo aí?-pergunta Ben com olhar longo e desolado.

-Não temos escolha. Vamos pegar esse caminhão que não está tão destruído assim, acho que ainda anda.

-Não vou deixa-lo.

-Não pode fazer nada.

-Eu não deixarei ele aqui. Você o matou e..-disse Ben elevando seu tom de voz.

-Eu o matei? Quando salvei sua vida ele já estava morto e adivinha quem ele iria atacar primeiro.. Esqueceu né.

-Ele... Ele poderia ter uma chance.

-Não! Não. Ele já era quando aquilo tocou nele. Vê se decora garoto. Quando esses monstros atacam você só se tem duas alternativas: se matar e rezar para Deus te perdoar ou aceitar a condição zumbi.

-Deus me tirou a minha única esperança de família.

-Não colega. Ele apenas o livrou desse marasmo infernal.

-E eu?

-Não está sozinho Ben. Não..

-Um Stiço vem vindo-disse agoniante.

-Chega de papo Ben! Vamos pro caminhão agora.

Entramos no caminhão e graças a Deus na primeira tentativa ele deu partida e saímos rapidamente.

Estávamos estressados, desesperados, perdidos, sem direção e nem sei mais. Minha mente nunca esteve tão confusa. Ben estava completamente sem saída emocional. Não sentia outra coisa senão ódio e medo e dava pra ver em seus olhos desconexos.

Não sei como chegaríamos na Marina. Não sei como ainda estava viva. Quero que isso acabe.

Depois do FimWhere stories live. Discover now