Tive medo, mas sei que seja o que for, aqui não entra, só acho.
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O outro dia já nasceu e eu fui uma das primeiras a acordar. Embora ninguém fosse lá fora, por motivos obvios, ver o sol iluminar o resto do que sobrou de nós, fomos então para o sotão do mercado que por sinal fica em cima e tinha uma janelinha que dava pra ver mais ou menos o que acontecia. Aquela mulher deve ter nos visto por ela.
No sotão foram eu, Renata, uma jovem morena que parece ter minha idade e Ruan, um velho senhor. Fomos pegar um produto químico que ainda não estava exposto no mercado. Este produto é extremamente inflável, contudo pegamos ele com uma luva especial.
Descemos e meu tio já estava acordado e sinceramente não sei descrever a feição que fez quando me viu, mas só sei que não era boa.
Ele me pegou pelo braço e me arrastou para uma prateleira atrás de nós.
-Ficou maluca menina?-pergunta com nervos a flor da pele.
-O que houve? Nada aconteceu Tom!
-Não confie em ninguém aqui e nem se misture com eles.
-Mas...
-Se der certo, hoje mesmo saímos daqui.
-E para onde iremos? Ficar é mais seguro.
-Jessie! As coisas não são mais como antes, as pessoas ficaram loucas e de repente não conhecemos mais nem a nós mesmos. Não se aproxime muito deles não é seguro.
-Acho que está exagerando..
Não pude terminar minha conversa com meu tio, pois ouvimos gritos e brigas vindo perto da porta principal do mercado. Fomos até lá e era aquele cara bebado fazendo confusão por coisa nenhuma, como meu pai sempre dizia bebado é foda.
O bebarrão se estranhou com Jay e este quase o parte ao meio. A situação só se acalmou quando outras pessoas foram intervir.
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Sam estava só indo pro sotão então o segui.
-Sam?
-Am?
-Bem... quando estavamos lá na prisão antes de sairmos ouvimos uns gritos, o que era?
-Hum.. era uma mulher. Ela veio antes de vocês com o namorado dela. Eles queriam começar logo os testes para criar uma espécie de anti-vírus.
-O que aconteceu com eles?
-Não tiveram a sorte de vocês.
-Não acredito em sorte.
-Hum..
-Seu pai e os colegas dele criaram mesmo o vírus? Por que vieram pra cá?..
-Calma Jessie! Uma pergunta de cada vez.
-Ok-disse meio sem jeito.
-O vírus eclodiu aqui, mas foi feito na Inglaterra.
-Por que vieram pra cá.
-Meu pai e os amigos dele queriam vendê-lo, sabe para que não se espalhace e deu errado. Eles pensavam ter descoberto a cura e já foram logo vendendo a doença.
-Como se espalhou?
-Eu não sei, mas meu pai achava que de alguma forma o vírus se dissipou entre eles. Talvez através de algum experimento.
-E como tu sabe?
-Ele não me contava muita coisa, porém não podia impedir que eu descobrisse.
-Ata..
-O que veio fazer por aqui? Me seguir..
-É.. mais ou menos e você?
-Vim ver além da janelinha e..
-O que estão fazendo?-pergunta Ben entrando no quartinho com a cara que meu tio vez na ultima vez que sai daquele sotão.
-Nada-respondi meio desconcertada.
-Já viu por essa janela Ben?-pergunta Sam.
-Não, mas vou ver. Não deveriam estar aqui sem alguém responsável.
-Não somos crianças Ben-retruquei Ben.
-É melhor sairem. Tem algumas coisas perigosas por aqui.
Sam, sem pestanejar, sai me deixando só com Ben.
-Vamos embora hoje Jessie.
-Porque não disse quando Sam estava aqui?
-Ele não vai vir conosco.
-Por que?
-Ele não quer.
-Vamos!
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Iamos sair às quatro da tarde, porém não falamos pra ninguém. Apenas, Tom, Jay, Ben e Sam sabiam da nossa intenção.
Já era três e meia e nos preparamos depressa para sair. Colocamos nossa bolsa nas costas e atravessamos os corredores onde algumas pessoas comiam ou jogavam e nos fitaram com curiosidade. Foi então que o velho Ruan perguntou:
-Aonde vão?
-Vamos embora-respondeu Tom.
-Mas porque? Aqui é mais seguro..
Ruan foi interrompido por um rapaz que disse:
-Vocês tem muita coragem, mas sabem, é melhor ser covarde vivo do que valente morto.
-Não importa o que digam eu, minha sobrinha e amigos vamos sair.
-Então peguem-disse o rapaz entregando uma chave de carro para meu tio.
-Por que?..
-Não vamos sair daqui tão cedo. Boa sorte para vocês.
-Obrigado-agradeceu Tom.
Iamos seguindo e então Sam chamou nossa atenção.
-Obrigado pessoal.
-Nós que agradecemos, sem você não teríamos conseguido fugir-disse Jay.
Sorrimos e fomos para a saída seguindo para onde não sabíamos, com certezas que não tinhamos, e um destino incerto.
Se vamos ficar bem? Talvez, mas é uma possibilidade e agora só estavamos vivendo disso: possibilidades.
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Depois do Fim
Science FictionNesse mundo apocalíptico, Jessie e o tio vão fazer de tudo para sobreviver e lutar por suas vidas. E no decorrer dessa nova estrada, caminhos diferentes se bifurcam, segredos se revelam, mortos-vivos matam e morrem. O que acontece depois do fim?