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Aiko passava o lenço removedor de maquiagem enquanto Chiaki tratava sua mão, não havia quebrado, apenas deslocado três dedos e ela já tinha os colocado no lugar, o que havia causado uma dor infernal. Agora ela enfaixava após passar o remédio que precisava, já tinha feito o mesmo com seu tornozelo torcido.

A mais nova passava o lenço com delicadeza, você ainda tinha algumas lágrimas rolando enquanto ela fazia. Não teve muita coragem de olhar no rosto delas, apenas encarava a janela aberta do seu quarto. Kenma e Kuroo apareceram para ver como você estava, mas você os dispensou, assim como Remi, só queria ser cuidada e ir dormir, não tinha cabeça alguma para socializar.

Se achava um pouco egoísta, de vez em quando, também se achava a pior pessoa da terra. Não se sentia mal por uma única pessoa que já havia matado, mas se sentia mal quando coisas do tipo aconteciam com você. Homens te tocando livremente, te chamando de nomes horríveis, te olhando como se fosse comida, se sentia mal com isso.

Era egoísmo?

Sentir-se mal por si mesma e não pelas vidas que havia tirado?

Era como um ciclo vicioso. Ficava mal pelo assédio, em seguida, se sentia horrorosa por não sentir empatia pelas vidas tiradas e ficava mal por isso, nunca acabava. O máximo que você conseguia fazer era espantar os pensamentos, mas eles sempre voltavam rastejando e quando via, já haviam dominado sua cabeça mais uma vez.

— Precisa de mais alguma coisa? – Aiko perguntou, te olhando claramente preocupada.

— Acho que analgésico, se tiver.

— Tudo bem. – ela sorriu. – Vou deixar na sua penteadeira pra tomar a hora que sair do banho.

Você assentiu, se levantando com um pouco de dificuldade. As duas saíram do quarto e você foi até o banheiro, começando a se despir. Se olhou no espelho de costas, com a cabeça por cima do ombro. Sua lombar, cintura e outras partes estavam avermelhadas, quase roxas, com certeza ficariam amanhã, eram os lugares quais ele havia apertado sem dó alguma, por sorte, não estava dolorido, ainda.

Entrou na banheira quente, sentindo seu corpo relaxar, mas não totalmente por conta das dores em alguns lugares. A água quente era como carinho, você já ficava sonolenta, abraçando as pernas e com a cabeça nos joelhos. O silêncio do lugar era pacífico, você desejava que aquele momento não acabasse.

Quando teve coragem de sair, já havia se passado quase uma hora. Enquanto se trocava, o barulho alto de alguma música e risadas foi se ouvido no andar debaixo. Por mais que quisesse dormir, a curiosidade era um pouco maior. Vestiu um blusão de manga comprida e um shorts de pijama qualquer, desceu pelas escadas, não queria fazer barulho, a dor no pé era um pouco incômoda, mas nada demais.

Revirou os olhos ao ver a cena de sempre, todos os garotos haviam ido para a festa, mesmo que você não tivesse os visto por lá, apenas Hinata havia ficado com Kenma. Agora estavam ali, com mulheres, alguns com as blusas abertas, outros já sem. O cheiro de cigarro predominava o local, já quase formando uma nuvem de fumaça dentro da sala.

Tsukishima tinha sua blusa preta com alguns botões abertos, o suficiente para ver seu peitoral. Tinha uma ruiva em seu colo, a loira de antes não estava por ali. A garota levou uma faca até o nariz dele, ele cheirou e sorriu para ela, tombando a cabeça para trás e depois a levantando, parando os olhos em você.

Engoliu seco, voltando da onde veio e andando o mais rápido que conseguia até a escada, mesmo que estivesse mancando. Suspirou aliviada quando estava de frente para seu quarto, girou a maçaneta, mas antes mesmo de conseguir entrar, foi puxada e prensada contra a parede. Encarou o loiro com olhos entediados e uma expressão nada boa, mas ele não parecia ligar, tinha uma mão contra a parede, impedindo de você sair.

— O que você quer? – desviou o olhar, ele te encarava como se fosse uma presa. – Já tive emoção demais por hoje, Tsukishima, volta pra sua...

Ele te beijou.

Prensou os lábios tão forte que você se surpreendeu, parecia que ele realmente estava necessitado daquilo. Você lutou no começo, se debateu e tentou o empurrar, mas a outra mão livre segurou seu rosto, não com força, até com um pouco de delicadeza, você até se perguntou se era o mesmo cara que havia conhecido.

Você não tem ideia das coisas que eu quero fazer com você. – ele sussurrou contra a pele do seu pescoço, dando um beijo molhado no lugar. – Você fez bem hoje. É uma boa garota. – soltou um risinho divertido, ele cheirava a bebida. – Eu gosto quando obedecem as minhas ordens, principalmente garotas bonitas como você.

— Eu não sei o que você quer de mim. – sua voz saiu fraca. 

Você estava se rendendo um pouco rápido demais e isso te preocupou por alguns segundos.

— Quero muitas coisas de você, [Nome]. Eu tenho vários planos pra você. – respondeu, distribuindo mais alguns beijos por seu pescoço, a mão que segurava seu rosto escorregou pela lateral do seu corpo, entrando por baixo da sua blusa. Você arregalou os olhos, não tinha cabeça para lidar com aquilo, não naquela noite.

— Para. – pediu, afastando o braço dele. – Não quero. – disse firme, respirando fundo e retomando a postura.

— Não quer? – ele arqueou as sobrancelhas. – Não parecia.

— Se eu disse, é porque não quero. – seus olhos encheram de lágrimas, você não tinha ideia do porquê. – Me deixa em paz, entendeu? Você já me manda fazer coisas onde eu preciso usar meu corpo, não quero você me tocando também. – o empurrou para longe, se virando para a direção do seu quarto, mas mais uma vez, ele segurou seu braço. – O que você tem, cara?!

— O que quis dizer com isso? Usar seu corpo? Ele...

— Não, não deu tempo. – você se soltou, segurou as lágrimas e levantou a blusa, mostrando suas costas roxas e machucadas. – Eu não quero que você me toque, ainda mais nesse estado. – disse pela última vez, entrando no seu quarto e indo para seu quarto.

Antes de entrar, poderia jurar que ouviu Tsukishima se desculpando, mas pensou que deveria ser coisa da sua cabeça. Em que mundo ele se desculparia?

Viu o analgésico deixado por Aiko napenteadeira, o engoliu dando um gole da água e se deitou na cama, só queriadormir e esquecer por algumas horas o dia péssimo que teve, esperando que amanhãfosse minimamente melhor.

𝐀𝐃𝐑𝐄𝐍𝐀𝐋𝐈𝐍𝐄, kei tsukishimaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora