pt.12 do amor, [precisar]

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Harry sabia que ela havia encontrado com sua alma gêmea, que era o novo parceiro do trabalho. Taylor nunca falou muito sobre ele, nunca deu abertura para ser perguntada.

Podia ser coisa de momento, mas sentia que estava perdendo o vínculo com sua melhor amiga. Os silêncios entre os dois nunca foram desse jeito.

E agora estava nervoso com o estado lamentável de Louis.

Afinal, quanta dor uma pessoa é capaz de suportar?

De costas para si, Louis era quase letárgico, um homem sob uma casca.

Quando se conheceram, apesar da energia turbulenta e rancorosa, Harry conseguia enxergar no homem de olhos azuis aquela vivacidade de alguém que escolheu viver para salvar a vida dos outros.

O hospital funciona como um relógio antigo milimetricamente projetado, com engrenagens, leis da física e ponteiros - e, no momento, Louis parecia uma peça fora de lugar.

Desgastado.

O rosto de Harry estava prestes a entrar em combustão espontânea, de tão vermelho. A sensação da pele de Louis contra a sua, o fantasma do toque fugaz formigava sob a epiderme enquanto caminhava em automático com a mão ainda recolhida contra o peito.

Os dedos finos de sua mão arrastaram sobre o tecido de sua camiseta, o coração forte chocando contra as paredes da caixa torácica em um ritmo bem particular já conhecido.

Não acontecia com tanta frequência, essa alteração, só quando Louis estava próximo. Não fisicamente, mas sem todos aqueles bloqueios emocionais na frente. As vezes, quando estavam juntos nas madrugadas insólitas, acontecia essa adequação, como se o Destino estivesse costurando esse ritmo adágio¹ pelas bordas.

Era de repente assim, seu coração abandonando a música ansiosa de seus pensamentos desenfreados para balançar suave e devagar.

No mesmo ritmo de sua alma gêmea.

Se era uma benção ou maldição, Harry era incapaz de dizer em palavras. Mas era diferente, uma sensação única sempre que acontecia: quando sua frequência cardíaca de encaixava no mesmo ritmo que a de Louis.

Havia aquela dúvida velada se Louis também sentia essas alterações no corpo, as pequenas adequações e metamorfoses - dois corpos inteiros que por algum elo invisível se conectavam ao ponto de alguns ligados compartilharem sensações físicas e até mesmo calor.

Lembrava-se de ter lido vagamente sobre um experimento, no qual um dos parceiros foi submetido à uma sala fria enquanto o outro permanecia em condições normais de temperatura e pressão. O resultado surpreendeu até mesmo os pesquisadores mais céticos: após a queda de temperatura que naturalmente caminharia para um quadro de choque por hipotermia, o cônjuge exposto começou a apresentar uma melhora fisiológica.

A situação da marca, como um todo, ainda gerava tanta especulação.

Olhando para os fios castanhos e compridos de Louis, ficou pensativo. Eles nunca falaram sobre isso, o fato de serem corpos predestinados parecia um tabu entre os dois.

Mas nunca houve tempo, não é mesmo?

Apenas covardia, presunção, afastamento.

Harry franziu o nariz em desconforto, cutucando um dos grampos de seu cabelo.

As costas do enfermeiro estavam curvadas, e os pés cobertos por sapatos macios arrastavam-se sobre o piso liso. Um maqueiro passou entre eles, dessa vez com a maca vazia, e esbarrou no ombro de Louis. Se não fosse pela proximidade, Harry não teria ouvido o gemido baixo de dor que ele grunhiu.

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⏰ Last updated: Apr 11, 2022 ⏰

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