Capítulo 25 - Taehyung

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Era oficial: precisava conversar com Song. E se ele se recusasse, então o forçaria a tal.

]~[

— Precisamos conversar.

Foi assim que ele começou o diálogo no intervalo daquela segunda-feira, sentando na grama recém cortada do campus enquanto seus olhos se prendiam no casal deitado embaixo da árvore, como em todas as vezes que os observava.

Yoongi arqueou a sobrancelha, confuso com aquela aproximação repentina, enquanto Jungkook, que simplesmente estava cansado demais para discutir qualquer coisa que fosse, apenas se ajeitou nos braços do namorado, como um aviso para que Taehyung começasse a falar. Ninguém reparou a maneira como Hoseok os olhava do seu banco de pedra costumeiro, embora seus olhos estivessem mais presos em Taehyung do que em qualquer coisa – o casal não notou porquê estavam em choque demais para olhar ao redor, e Taehyung tinha desativado sua visão panorâmica, cansado de investigar a vida dos outros. Tudo que ele faria naquele momento era tentar acabar com o pai de Jimin, e claro, superar o que tinha acontecido com o Jung tempos antes.

Não era justo para o humano ter sua vida destruída por causa de um andróide, sendo que ele sabia nada quando começou tudo. Além de que Taehyung não sabia o que aconteceria quando chegasse junho, e temia a resposta.

— Sobre o que você quer falar? — Yoongi perguntou após alguns segundos de silêncio, antes de começar a arrancar folhas da grama. Jeongguk sorriu com carinho ao notar o que ele fazia antes de se aninhar ainda mais em seu peito. Taehyung notou que eles eram carinhosos demais para um casal homossexual sul-coreano, porquê ele sabia do conservadorismo do país, sabia do medo de muitas pessoas de se assumir – e uma grande parte dessas eram mortas em ataques homofóbicos.

Mas era quase como se eles não se importassem com o que pensavam deles.

— Vai ficar calado, hyung? — Jungkook questionou ao notar que Taehyung os olhava demais, e embora o garoto soubesse que ele e Yoongi eram um casal bonito, não queria o mais velho se sentindo desconfortável. Os dois mais velhos olharam para o caçula segundos depois, estranhando o uso do honorífico informal do mesmo. Não era como se o Kim se importasse com formas de tratamento, mas... não era acostumado. Ninguém nunca o tinha chamado daquela maneira. E Yoongi... ele só estava surpreso com a informalidade, uma vez que Jeongguk era conhecido pelo uso excessivo de "-ssi", junto de uma personalidade antissocial que o fez ter apenas dois amigos durante toda a vida. Jeongguk sorriu para o andróide, antes de segurar a mão de Yoongi com afeto. — Posso te chamar de hyung, Taehyung-ah?

— Sim, claro — assentiu, vendo um largo sorriso aparecer no rosto do garoto para depois notar que Yoongi também sorria, provavelmente gostando da imagem do namorado feliz. Era fofo, pensou. — Mas você também pode me chamar só de "Taehyung". Eu... não me importo com honoríficos.

— Tudo bem, mas eu gosto de "hyung. É uma palavra bonita — explicou, fazendo o andróide assentir em compreensão. — Mas você ainda não explicou o que faz aqui. Não que eu queira que você saia, nunca, mas você sempre fica com o Jung Hoseok, e–

Taehyung fechou a expressão, sentindo seus ombros pesarem enquanto as lembranças de alguns dias retornavam com mais força do que era esperado. Jungkook estava certo; por muito tempo, Hoseok foi sua única companhia, seu único amigo desde que tinha se mudado para Seul de Pyongyang, e ele conseguiu mudar sua rotina inteira, junto de seus sentimentos. Além de também ser um amigo querido, Hoseok tornou-se seu primeiro amor, sua primeira paixão, e trouxe consigo Namjoon – uma pessoa que gostava muito – que o ajudou a descobrir muitas coisas que não veria por estar preso em uma bolha. E agora... ele tinha perdido isso, porquê era algo inalterável. Taehyung seria para sempre um andróide, uma máquina, e se o Jung não conseguisse superar essa barreira... seria impossível resolver o que tinham.

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